quinta-feira, 25 de outubro de 2012

9. Lis e a Volta ao Lar



Nos arredores da pequena cidade de Royston, ao norte de Londres, em uma casa pequena e de aspecto engraçado, podia-se ver uma mulher sentada na varanda, mexendo em cartas de tarô e falando consigo mesma. A aparência da mulher combinava com a sua residência, ou seja, nada combinava com nada e quem não a conhecesse poderia pensar que estava pronta pra uma festa à fantasia. Mas não. Sibila Trelawney era assim mesmo: uma mistura de roupas, xales, colares, pulseiras, óculos enormes e um cabelo que lembrava uma juba. E com uma visão interior tão perfeita quanto a do mister Magoo.¹ Apesar disso, ela ocupava o respeitável cargo de Professora de Adivinhação na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e vez por outra fazia uma predição verdadeira.
_ Roda da Fortuna… Ótimo… Minha vida vai enfim melhorar… Mas é óbvio que Minerva não vai deixar aquele cavalo tomar o meu lugar… Bem que eu já tinha previsto essa boa mudança na borra do chá… – foi interrompida de seu delirante monólogo por uma pessoa que a chamava no portão.
_ Sibila Trelawney? – uma jovem morena, com cabelos cheios e óculos escuros que lhe davam um aspecto sedutor, perguntava sorrindo.
_ Sim. O que deseja?
_ A senhorita é Sibila Trelawney? A vidente? – a jovem expressava a sua incredulidade ante a confirmação. – Que ótimo. Eu queria pedir a sua ajuda.
_ Claro, minha querida. Eu já sabia quando a vi. Entre. – falou a professora, convidando a estranha para entrar em sua casa. – Aqui dentro ficaremos mais à vontade para conversarmos.
_ Realmente será melhor. Digamos que é um assunto particular.
_ Eu sei, eu sei. Visão Interior, sabe? – piscou para a outra. – Diz respeito a um homem, não é mesmo, querida. – o sorriso da jovem se alargou. – Eu posso ver… Você precisa saber se estará tomando a decisão correta. – Sibila acomodou-se numa poltrona de frente para sua visita.
_ Mais ou menos. Na verdade eu gostaria… – em um movimento rápido, a mulher apontou a sua varinha que estava escondida dentro do cano de sua bota, para a vidente. – que você me revelasse toda a profecia envolvendo o Lord das Trevas e aquele garoto Potter.
A surpresa era evidente nas feições da professora de adivinhação.
_ Minha querida! Você é…
_ Ora, ora… Você não sabia que estava diante de uma comensal?
_ Você… Profecia… Não…
_ Controle-se. Que tipo de vidente é você, que não sabia o que estava para acontecer quando me viu?
_ Eu… Não… – Sibila Trelawney só conseguia balbuciar coisas desconexas, enquanto tremia em sua poltrona.
_ Visão Interior? Mulherzinha insignificante… Fale logo!
_ Eu não sei de que profecia você está falando! – a professora gritou apavorada.
_ Como não? A que você fez na presença de Dumbledore, em Hogsmead há uns 18 anos atrás. Ou além de farsante também tem problema de memória?
_ Minha querida, não fiz nenhuma profecia… eu vejo o futuro com a minha visão interior… nas cartas… no chá… na bola…
_ DEIXE DE SER CÍNICA! Não via falar por bem. Então vai falar por mal: Crucio!
Uma dor imensa atingia Sibila em todas as partes de seu corpo, que ela não conseguia raciocinar um modo de sair daquela situação. Foi atingida várias vezes seguidas pela maldição cruciatus proferida pela comensal até que esta abaixou a varinha e observou-a.
_ Bem que me avisaram que você era uma charlatã de quinta. Não sabe das profecias que fez e muito menos do que a aguardava quando se levantou pela manhã. – a jovem falava enquanto andava ao redor da professora caída no chão, ofegante de dor.
_ Minha…querida…por… favor…eu…não…sei…
A comensal abaixou-se para olhar a triste figura caída aos seus pés.
_ Patética… Não vou perder mais meu tempo com você. – levantou-se e apontou novamente a varinha para Trelawney. – A propósito. Meu nome não é querida. Meu nome é Lis. – e sem nem ao menos piscar disse. – AVADA KEDAVRA!
(1) – Gente, pra quem não sabe, Mister Magoo é um personagem de desenho, míope demais, praticamente cego!
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Apesar de só ter ficado fora por três dias, voltar à rotina de elfo doméstico na casa dos Dursley foi difícil para “o Eleito”. Se Voldemort soubesse que estava limpando banheiros enquanto ele se fortalecia, talvez desistisse de cumprir a profecia e o deixasse em paz. Quem sabe essa não seria a solução: deixar de ser “O-Menino-Que-Sobreviveu” para ser “O-Menino-Que-Voldemort-Deixou-Viver-Por-Limpar-Banheiros”. Havia quatro dias que retornara e não tivera tempo para se preparar. Passava o dia inteiro cozinhando e limpando e tinha verdadeira curiosidade em saber como tia Petúnia se virava quando ele estava em Hogwarts.
Após terminar suas tarefas e tomar um banho refrescante (Londres estava muito quente àqueles dias), Harry desceu para o jantar, mas ao descer as escadas ouviu sua tia lhe chamar.
_Harry, vá agora até a casa da senhora Figg e entregue essa muda de roseira que ela me pediu esta manhã. – o garoto reprimiu um sorriso de satisfação e fez a maior cara de tédio que conseguiu.
_ Sim, tia Petúnia. – e correu porta a fora.
Chegando à casa da vizinha, bateu na porta, no que foi prontamente atendido pela alegre senhora. Assim que entrou na sala lotada de fotos de gatos, pode ver Lupin e Tonks à sua espera.
_ Boa noite, professor Lupin. Tonks.
_ Boa noite, Harry, e é apenas Lupin, eu não sou mais seu professor. – aproximou-se e dando um abraço no jovem.
_ Beleza, Harry? – Tonks, que hoje estava com a sua aparência normal também lhe abraçou. – Viemos ver como estava.
_ Crianças fiquem à vontade, que eu vou trazer um lanche gostoso para nós. Aposto que a sua tia ainda não lhe serviu o jantar. – a senhora Figg piscou para Harry e rumou para a cozinha.
_ Como vocês esperam que eu esteja? – fez uma cara de desgosto. – Sai do paraíso e fui jogado novamente no inferno!
_ Voc̻ sabe que ̩ para sua prote̤̣o. РLupin falava num tom firme.
_ Eu sei.
_ Mas tem uma coisa que eu acho que você não sabe. – o garoto o encarou. – Quantos dias você ficou com os Dursley no último verão?
O jovem pensou um pouco e depois falou: _ Quinze. Dumbledore me buscou depois de duas semanas.
_ E quantos dias você já ficou lá, neste verão? – agora Harry fazia as contas rapidamente na sua cabeça. Não era possível. Será?
_ Vinte quatro dias, menos os três que eu passei na Toca, vinte e um dias. Isso significa exatamente o quê? – ele não queria ser muito esperançoso.
_ Significa que você já ficou tempo suficiente com àquela sua família trouxa, e também que Molly e Arthur não agüentam mais ouvir os lamentos de certa jovem. – disse Tonks com um sorriso.
_ Mas eu achei que precisava ficar até o dia do meu aniversário!
_ Nós também, mas McGonagall percebeu que se ano passado o próprio Dumbledore o tirou de lá com quinze dias, então esse ano não precisaria ser diferente. – olhou divertida para ele e prosseguiu. –E também evitará que comensais ataquem a casa assim que puderem, é claro. Mas se você preferir ficar até o final do mês, a gente compreende.
_ Quando eu posso ir?
_ Suas coisas estão arrumadas?
_ Não, mas eu posso arrumar num instante.
O garoto só não voltou imediatamente para arrumar suas coisas, porque a senhora Figg entrou carregando uma bandeja com vários petiscos e suco para os quatro lancharem, mas como Tonks e Lupin ficaram de ajudá-lo essa iria ser uma tarefa bem mais fácil. Após agradecerem o lanche e se despedirem, retornaram ao número 4 da Rua dos Alfeneiros, e não deram a mínima importância aos protestos exaltados de tio Valter e tia Petúnia.
_ Quem você pensa que é garoto, para trazer essas duas aberrações aqui dentro da minha casa? – o rosto roxo de raiva do homem, demonstrava que este estava pronto para explodir ao ver Tonks novamente.
_ Será a última vez, tio. Pode ficar tranqüilo.
_ Não terá última vez. Eu quero esses dois fora daqui. AGORA!
_ Senhor Dursley. – o ex-professor procurava usar de toda calam possível ao falar com o homem. – Meu nome é Remus Lupin e fui amigo dos pais de Harry e também seu professor. Eu e a…
_ Eu não quero saber!
_ Se eu fosse você, procurava não irritar dois bruxos adultos, que podem fazer qualquer tipo de magia, principalmente se um deles for lobisomem. Você sabe, a lua cheia está chegando e eles ficam um pouco alterados. – Tonks mudava a cor dos cabelos de rosa para preto, para verde e depois roxo, à medida que ia falando, e essa “atitude” junto com as palavras fez o homem se calar e deixá-los subir para ajudar Harry com a mudança.
_ Por Merlim, seu tio é realmente intragável! – a auror voltou novamente à sua aparência original. – Vamos logo com isso.
_ Nymphadora, você precisava falar aquilo… sobre eu ser lobisomem? – ele a olhou sério.
_ Não esquenta, Remus. Eles não terão coragem de comentar com ninguém.
_ Que Merlim me proteja! – após um suspiro de impaciência, voltou-se para Harry e pediu. – Me empreste Edwiges para avisarmos os Weasley.
_ Claro! Venha, garota. Nós vamos embora. – fez um gesto para a coruja que parecia ter entendido as palavras e voou rapidamente até ele, dando bicadinhas em sua orelha.
Remus amarrou um pequeno bilhete na pata do animal e depois que o garoto recomendou que ela ficasse por lá, este alçou vôo e sumiu no céu escuro.
_ Onde está o seu malão? Você vai levar tudo que está no quarto? – o garoto assentiu e puxou-o de dentro do armário abrindo-o.
_ Pois bem, então. Empacotar! – com um gesto de varinha, todas as roupas e sapatos do rapaz voaram para dentro do malão. – Não vão caber todos os livros. Tonks, conjure algumas caixas para colocarmos o restante das coisas, por favor.
_ Com certeza. Harry você poderia pegar seus objetos que estão no banheiro? – no mesmo instante o garoto correu para juntar suas coisas.
Quando retornou, menos de cinco minutos depois, despejou tudo que carregava dentro de sue caldeirão, e viu que o quarto, agora, já estava quase totalmente desocupado. Pegou a gaiola vazia de Edwiges e sua Firebolt, e com grande satisfação percebeu que não iria, nunca mais, voltar ali. Depois ouviu Lupin falar.
_ Tudo pronto, Harry. Tonks, você leva a bagagem?
_ Pode deixar, Remus. Nos vemos na Toca. – após uma piscadela a auror fez um feitiço que despachou a mudança e aparatou segurando a gaiola e a vassoura.
_ Vamos descer e avisar seus tios da sua partida.
_ Provavelmente eles vão dar uma festa para comemorar o dia mais feliz de suas vidas. – disse Harry descendo as escadas. Quando chegou em frente aos tios, falou encarando-os. – Estou indo embora.
_ Já não era sem tempo. – disse o tio voltando a olhar para a tv.
_ Adeus. Eu não vou voltar mais. – o garoto pôde ver os olhos de sua tia arregalarem levemente, mas logo voltaram ao normal. – Qualquer coisa eu mando uma coruja. – agora sim os olhos dela se abriram mais que o normal.
_ Tenham uma boa noite. – despediu-se Lupin que segurou firmemente no braço de Harry para em seguida aparatarem.
Depois que a sensação incômoda da aparatação se esvaiu, Harry tomou consciência de quão rápido seu coração batia. Ele não sabia se era pelo alívio de ter saído finalmente da casa dos tios, ou se de emoção de retornar àquele lugar, que tal qual Hogwarts, ele podia chamar de lar. Fora o fato que ele não via a hora de poder abraçar uma certa ruivinha. Portanto saber que Gina e Rony estavam passando uns dias na casa de Hermione, funcionou como se um balde de água gelada houvesse sido atirado sobre ele.
_ Ah, meu querido. Eu sinto tanto, mas é que nós não sabíamos que você voltaria tão cedo. – a senhora Weasley falava enquanto servia à todos uma cheirosa sopa de legumes. – Então a Hermione convidou-os, e em vista de tudo que anda acontecendo, eu não queria que eles fossem, mas você os conhece. “Pode ser a última oportunidade, mãe”. Foi o que disseram e no final, Rony já é maior de idade e eu não posso impedí-lo. E a Gina… Bom a Gina, você sabe como é. Quando decide uma coisa, ninguém consegue fazê-la mudar de idéia.
A senhora falava tão rápido que as pessoas ao seu redor se limitavam a concordar com as cabeças enquanto saboreavam a deliciosa sopa, e assim que terminou sua segunda tigela, o jovem aproveitou que esta tinha parado momentaneamente o monólogo (talvez para respirar) e disse:
_ Tudo bem, senhora Weasley, eu entendo.
_ Não se preocupe, eu mandarei uma coruja logo cedo, amanhã, pedindo para retornarem…
_ Não. Realmente não precisa. É bom que eles se desliguem um pouco de toda essa guerra. – se levantou e sem raciocinar sobre o que estava fazendo, deu um beijo na bochecha de Molly que ficou vermelha imediatamente, dizendo em seguida. – Agora eu vou dormir. Boa noite.
A matriarca dos Weasley assentiu e com os olhos cheios d’água perante tal demonstração de afeto do rapaz, desejou-lhe também boa noite, enquanto Lupin, que até então permanecera calado se levantara também, perguntando:
_ Harry, eu posso conversar um instante com você em particular?
_ Claro, professor. – os dois subiram até o quarto onde o rapaz percebeu que todas as suas coisas já se encontravam, e também Edwiges, que assim que o viu, piou e saiu para caçar a sua refeição da noite. – Fique à vontade.
_ Minerva me falou sobre R.A.B. – o jovem apenas concordou, já sabia que a Ordem da Fênix ficaria a par de suas descobertas com Dumbledore. – Você poderia me mostrar a tal horcrux?
Harry retirou do bolso o medalhão que agora lhe servia como um aviso constante do que o aguardava. – Não sei no que isso pode ajudar, já que não é igual ao verdadeiro. O importante mesmo é o bilhete que está dentro.
_ Como você sabe que este é diferente do verdadeiro? – Lupin pegou o objeto examinando-o atentamente.
_ Eu vi o verdadeiro medalhão na penseira, junto com o professor Dumbledore. O verdadeiro é um pesado medalhão de ouro com a marca de Slytherin.
Os olhos de Lupin se estreitaram como se isso o ajudasse a pensar com mais clareza e quando abriu o medalhão e leu o bilhete, ele colocou em palavras os seus pensamentos. – Isso não me é estranho…. Eu já vi essa letra em algum lugar…. E o medalhão que você descreveu, me parece também familiar. Eu posso ficar com eles? – a garoto assentiu. – Na próxima reunião da Ordem, eu espero já ter conseguido juntar essas peças dentro da minha cabeça.
_ Onde será a reunião? Eu vou poder participar?
_ Onde será eu não sei, deverá ser até sábado, mas que você irá participar, acho que não resta a menor dúvida. Você sabe mais coisas do que nós sobre o que deveremos enfrentar. – apoiou as mãos nos ombros do filho de seus amigos e disse. – Seus pais estariam orgulhosos de você.
O “Menino-que-Sobreviveu” sentiu como se uma pedra tivesse caído em seu estômago depois de ouvir aquelas palavras. Remus Lupin era o único elo que tinha com o passado… com os seus pais, e por isso escutar aquela declaração foi importante e ao mesmo tempo dolorida. Percebeu que o antigo maroto poderia auxiliá-lo a resolver mais um problema.
_ Professor, eu queria pedir a sua ajuda.
_ O que você precisa, Harry?
_ Eu quero voltar a Godric’s Hollow. E quero ver onde meus pais… bem, onde eles estão.
_ Eu compreendo, é natural. – as recordações que aquela conversa trouxera à tona faziam com que os olhos das duas pessoas naquele quarto estivessem úmidos. – Vou providenciar uma escolta e depois lhe informo quando poderemos ir. Será mais seguro se esperarmos você estar autorizado a aparatar.
_ Como poderei ver a casa se o fiel do segredo é o Rabicho?
Depois de pensar um pouco Remus respondeu. – Acho que não haverá problemas, Eu já tinha acesso e você era morador de lá, mesmo que não lembre. E também agora a casa é sua você pode nomear outro fiel do segredo.
_ Então não haverá problemas para Rony e Hermione irem junto?
_ Pode ficar tranqüilo que daremos um jeito.
_ Obrigado. – o homem lhe deu um abraço paterno.
_ Por nada, Harry. Eu fico feliz em ajudar. – e soltando-o despediu-se. – Agora vá dormir, rapaz. Já está tarde e daqui a pouco, Molly vem me expulsar por estar te atrapalhando.
Após se ver sozinho, Harry ficou admirando seu quarto ainda desarrumado, com as caixas que continham suas coisas, amontoadas num canto, seu malão, a gaiola de Edwiges, sua vassoura e não pôde deixar de achar que tudo estava perfeito. Na verdade quase tudo. Por mais que tentasse, não conseguia não sentir falta de Gina. E agora que ela sabia de tudo, não via a hora de poder estar com ela novamente em seus braços, beijá-la… Com os pensamentos voltados para a mais nova dos Weasley, ele adormeceu e teve um sono tranqüilo do jeito que se tem quando se volta ao lar.
_________
A reunião da Ordem da Fênix havia sido mais demorada e cansativa do que Harry tinha imaginado. O clima entre os membros estava bastante tenso. Comensais foram vistos nos arredores de Hogsmead e Ottery St. Catchpole e a notícia da morte da professora Trelawney, culminaram para que a transferência de alguns membros da ordem, entre eles Harry e os Weasley, fosse definida. O fato de ter que repetir toda a história sobre as horcruxes e também todas as descobertas que ele e o professor Dumbledore fizeram não contribuíram para que ele sentisse algum tipo de tristeza pela morte da professora de adivinhação, ou ansiedade pela mudança. Mas pelo menos recontar aquela história parecia ter tido alguma recompensa. A senhora Weasley agora tentava lembrar onde tinha visto um medalhão parecido com aquele que no momento passava de mão em mão, pelos membros que se amontoavam na pequena sala da Toca.
_ Eu tenho certeza de ter visto um medalhão parecido com este… Só me dêem um tempo para pensar.
_ E eu tenho certeza de já ter visto esta letra do bilhete. – falou Lupin exasperado. – Só não consigo lembrar onde.
_ R.A.B. Definitivamente devem ser as iniciais de alguém. Mas quem? – perguntou Tonks, mais para si do que para obter resposta.
_ Hermione procurou quando estávamos em Hogwarts, mas não conseguimos descobrir nada. – Harry se pronunciou mais uma vez. Pelo menos agora não era mais tratado como criança.
_ Esperem um pouco. – Shackelbolt falou levantando-se. – Só pode ser um comensal, ou um ex-comensal. Isso limita as nossas buscas. Por que, quem saberia dessas coisas se não fosse alguém próximo a Você-Sabe-Quem?
_ É isso! – Lupin gritou e imediatamente todos o olharam. – Só pode ser. R.A.B. Régulus Arcturus Black.
_ O irmão do Sirius? – Harry perguntou.
_ Claro! Foi lá que eu vi. – antes que Remus respondesse, a voz de Molly foi ouvida. – Foi no Largo Grimauld, durante a arrumação há dois anos.
_ Você tem certeza, Molly? – perguntou o senhor Weasley.
_ Tenho, Arthur.
_ Acho que isso esclarece definitivamente esta questão. – disse Olho-Tonto de uma forma firme, que fez com que todos os burburinhos cessassem. – O medalhão verdadeiro foi deixado na casa por Régulus, antes que fosse morto por trair “Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado”. Agora vamos organizar um grupo para ir até lá e recuperá-lo. Você lembra onde estava, Molly?
_ Acho que em um dos cômodos do segundo andar, Alastor.
_ Se ainda estiver lá, não é? – a voz de Harry transparecia raiva.
_ Por que, Harry? Рperguntou Sturgis Podmore que estivera calado at̩ enṭo.
_ Porque Mundungus andou roubando as coisas da casa de Sirius, durante boa parte do ano passado, até ser preso.
_ Amanhã vou a Azkaban e falo com ele. – Moody se pronunciou. – Dependendo do que ele disser, um grupo irá o mais breve possível até a antiga sede da Ordem, procurar. Quem quer participar?
Uma dúzia de braços foram levantados, se voluntariando para a missão, inclusive Harry, para desagrado da senhora Weasley, que agora mais que nunca o tratava como a um filho.
_ Nem pensar, Harry. Você não vai. Ainda é menor. – mas antes mesmo que o garoto abrisse a boca para argumentar qualquer coisa, a nova diretora de Hogwarts se pronunciou.
_ Infelizmente, Molly, acho que a presença dele será vital. Primeiro porque a casa do Largo Grimauld pertence a ele, segundo porque poderemos precisar do auxílio de Kreacher, que também pertence a ele e por último, porque ele já viu o medalhão que estamos procurando.
_ Pode ficar tranqüila, mãe. Eu vou ficar de olho nele. – Gui falava com a mãe que estava ao seu lado, mas dava uma piscadela para Harry.
Depois de um longo tempo discutindo outros assuntos de segurança, ficou acertado que a mudança para a nova sede seria realizada até o final da semana. Era só o tempo de terminarem de organizar o local e colocarem os feitiços de proteção, inclusive definirem quem faria o feitiço Fidelius. A nova sede ainda era um grande segredo, o que não surpreendeu o rapaz, pois era uma questão de segurança.
Eram quase duas horas da madrugada quando Harry finalmente se aconchegou em sua cama, e com a ajuda do chá que a senhora Weasley obrigara-o a tomar, para acalmar depois de tanta agitação, ele conseguiu dormir tranquilamente.

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