quinta-feira, 25 de outubro de 2012

8. Panquecas e Conversas



Apesar do cansaço, Harry, não conseguia dormir. A lembrança dos acontecimentos do dia, ia e voltava em sua mente. A madrugada já ia alta quando, após decidir que iria conversar com Gina e contar tudo que estava se passando na primeira oportunidade que tivesse no dia seguinte, ele conseguiu finalmente adormecer.
——–
Hermione estava se trocando quando ouviu o barulho de Gina acordando.
_ Bom dia!
_ Bom dia. – disse a ruiva coçando os olhos. – Aonde você vai?
_ Er… eu vou lá, acordar o seu irmão… – disse a morena sorrindo com o rosto corado.
_ Como se isso fosse algum sacrifício, não é? – falou enquanto se trocava também.
As duas saíram do quarto segurando o riso para não acordarem o resto da casa. Hermione subiu silenciosamente os degraus e entrou no quarto do namorado, mas logo percebeu a cama vazia. Achando que ele já devia ter descido, ia saindo quando ouviu a voz do ruivo a chamando da porta do banheiro.
_ Espera. Eu só estava me trocando. – abraçou a garota e perguntou. – Você veio me acordar? – ela confirmou sorrindo. – Nós tivemos a mesma idéia, então. – falou antes de beijá-la e carregá-la para sua cama.
Depois de algum tempo namorando, a garota interrompeu os carinhos do namorado dizendo:
_ Rony, a gente já demorou muito. A Gina já deve estar desconfiada…
_ A minha irmã viu você subindo?
_ Eu estava terminando de me arrumar quando ela acordou.
_ Então tá. Já vamos… – beijou-a novamente. – …daqui a pouco.
——-
Harry acordou com o barulho de passos no corredor. Resolveu descer, pois tinha certeza de que não ia conseguir mesmo dormir mais. Quando chegou na cozinha, não pôde evitar sorrir. Gina estava tão linda naquele simples vestido floral de verão, quanto no vestido de festa que tinha usado no dia anterior, no casamento. Ele a observava, parado na entrada da cozinha enquanto ela preparava a mesa do café. Não resistiu e chegando silenciosamente por trás dela tampou-lhe os olhos.
_ Nossa! Quem será? – disse a garota rindo. – Deixa-me pensar… Dobby?… Não, muito alto….Hagrid?…. Não, muito baixo… Talvez…. já sei! A lula gigante! – como se eu não o reconhecesse pelo cheiro, pensou ela.
_ Muito engraçadinha, você, hein. Agora você vai ver… – começou a brincar com a garota, fazendo-lhe cócegas, enquanto ela tentava a todo custo se desvencilhar.
_ Tá bom! Tá bom! Pára. Eu me rendo, pára. – o rapaz apenas puxou-a para si e a abraçou. – Me ajude a preparar o café que daqui a pouco, o Rony e a Mione vão descer. – disse se soltando do gostoso abraço.
_ Como você sabe?
_ Quando me levantei, ela estava saindo pra acordar ele.
_ Quer dizer que todo dia ela vai lá acordar ele? – perguntou levantando uma sobrancelha.
_ Todo dia?
_ É, quando eu cheguei, na sexta, eu peguei os dois lá…você sabe… – eles riram. – se for assim eles vão demorar…
_ Você também já flagrou os dois? – ela gargalhava. – Bem vindo ao clube. – ele se juntou a ela nas gargalhadas. – Agora deixa de arrumar desculpas e me ajude a preparar as torradas, porque eu estou com fome.
Como já estava acostumado a preparar o café para a tia, Harry não teve dificuldades de fazer torradas e também panquecas. Assim que terminaram de preparar o café da manhã, ouviram o casal de namorados entrando na cozinha.
_ Bom dia. РGina ṇo perdeu a oportunidade de implicar com eles. РDemoraram, hein?
_ E você acordou cedo, não é mesmo, Gininha?
_ Pra preparar o café pra vocês, Roniquinho.
_ Sei… Pra gente, ou pra um certo alguém…
_ Ah! Deixa de ser irritante, Ronald. Acho melhor você me deixar em paz. – falou já irritada.
_ Calma, irmãzinha. Eu só estava brincando! – o ruivo agora ria. – Nossa, essa panqueca está ótima. O que você colocou de diferente aqui, Gina?
_ Pergunta pro Harry, foi ele quem fez.
_ Digamos que é um segredinho trouxa. – o moreno riu, piscando para a ruiva que viu que ele não tinha posto nada de diferente.
_ Era tudo que eu podia querer! Um cunhado com dotes culinários… – Gina ficou escarlate ao ouvir o comentário do irmão, mas relaxou ao ver o trio gargalhando.
_ Que barulho é… – a senhora Weasley parou na porta da cozinha vendo a cena. – Vocês já estão de pé?
_ Bom dia, mamãe. – disseram os jovens Weasley ao mesmo tempo.
_ Já prepararam o café? – eles assentiram.
_ Bom dia, sra Weasley. – disseram Harry e Hermione.
_ Que feitiço fizeram em vocês?
_ Nenhum, ué? Aproveita e senta logo e comece a comer. – Gina falou numa evidente imitação da própria mãe.
_ Mas… Não está faltando nada? – a senhora olhava ao mesmo tempo encantada e incrédula para a mesa e os jovens a sua frente.
_ Não está faltando nada. É só aproveitar…
_ Não esqueça de experimentar uma dessas panquecas, mamãe. – Rony falou. – Foi o Harry quem fez, estão divinas. – a senhora riu e resolveu seguir o conselho dos filhos e aproveitar a refeição preparada pelos jovens.
——-
Logo que terminaram o café os quatro ficaram conversando nos jardins, até serem interrompidos pela chegada dos gêmeos para o almoço. De tarde os quatro rapazes jogaram uma partida de quadribol em que vencia quem fizesse mais gols em Rony, enquanto as garotas ajudavam a sra. Weasley. À medida que o dia acabava, Harry era invadido por um desânimo que ia aumentando quando ele percebia que ia partir no dia seguinte e ainda não tinha conseguido uma brecha para falar com Gina a sós. No início da noite, logo após o jantar, Hermione aparatou para sua casa e os gêmeos para o Beco Diagonal, então os dois amigos foram jogar xadrez bruxo. Após perder três vezes seguidas, o moreno desistiu, e vendo que todos já tinham se recolhido, resolveu dormir também.
——–
Após se virar e revirar na cama, durante o que pareceram horas, Harry decidiu descer e beber um pouco de água. Mas assim que passou pela sala, percebeu a presença de Gina, próxima a janela, observando a noite.
_ Você não deveria estar dormindo, senhorita Weasley? – falou baixo, quase um murmúrio, mas mesmo assim ela se assustou.
_ Harry! Que susto. – a garota se virou.
_ O que você está fazendo aqui, sozinha? – ele perguntou enquanto se sentava no sofá.
_ Pelo visto o mesmo que você. Não estava conseguindo dormir.
_ É. Eu também não… – fez um gesto convidando-a para sentar junto a ele. – Gina, nós precisamos conversar.
_ Eu sei. – ela ficou séria e se acomodou no sofá ao lado dele.
_ Você tem que saber umas coisas. E quero ser eu a contar. – ela o encarou.
_ Você está me deixando preocupada.
_ Não se preocupe. Eu só quero que você saiba de tudo que está acontecendo, de tudo aquilo que me levou a tomar certas atitudes. – ela deu um sorriso tímido.
O rapaz contou tudo que tinha acontecido, desde a profecia, as horcruxes, a missão dada a ele por Dumbledore. A garota ouvia com atenção, tendo a certeza de que agora ele estava realmente confiando nela. Seu coração doía só de pensar nos riscos que ele teria que correr e entendendo cada vez mais as atitudes que ele tinha tomado. Quando ele finalmente terminou seu desabafo, ela disse simplesmente:
_ Você sabe que eu estarei sempre do seu lado, não é?
_ Eu sei, mas você sabe que eu… bem… que eu decidi terminar porque por estar ao meu lado você correria muitos riscos e… também… provavelmente não poderia me dedicar a você… quer dizer, a nós, como gostaria, não sabe?
_ É esse o seu medo? Que eu não saiba me proteger e fique pedindo a sua atenção o tempo todo? – a garota olhou-o incrédula.
_ Eu sei que você não é assim. – ele a abraçou e ela deixou-se ficar junto a ele. – Eu queria te explicar melhor o que está acontecendo, pra você não ser pega de surpresa.
_ Pode deixar, senhor Potter. Eu já estou avisada. Agora pare de me tratar como uma garotinha indefesa, porque eu já dei muitas provas de que posso te ajudar.
_ Você é quem manda, senhorita Weasley.
Os dois jovens ficaram ali, abraçados, tentando aproveitar ao máximo a companhia um do outro. Tinham mais coisas para conversar, mas decidiram deixar os outros assuntos para depois, pois o assunto levantado já tinha abalado-os bastante. Estavam tão bem, ali, juntos, que adormeceram.
——
Harry sentiu uma dor no braço e ao tentar mexê-lo, não conseguiu, pois algo o impedia. Abriu os olhos, mas sua visão foi atrapalhada por um manto vermelho que ele logo reconheceu como sendo os cabelos de Gina. Afagou o rosto dela que entreabriu os olhos para poder vê-lo.
_ Eu posso me acostumar com isso. – murmurou fitando-a.
_ Isso o quê? – perguntou num sussurro enquanto se acomodava melhor.
_ Acordar com você em meus braços. – ela corou imediatamente ao ouvi-lo. – Mas acho melhor a gente ir logo lá pra cima antes que alguém nos pegue aqui.
Levantaram, meio a contra-gosto, e rumaram cada um para seu próprio quarto. Pareceu a Harry que haviam se passado poucos minutos desde que tinha deitado em sua cama, até o momento que ouviu a senhora Weasley o acordando. Ainda sonolento se trocou e foi para a cozinha tomar seu café, pois o senhor Weasley ia levá-lo de volta para os Dursley, antes de seguir para o Ministério. Pela primeira vez não estava apreciando a comida da Toca. A cada dentada ele lembrava que estava indo embora e, se não tivesse prometido a Dumbledore, certamente ele não sairia mais daquela casa. Rumou para o quarto para pegar sua bagagem e depois foi até o quarto de Rony se despedir. Bateu à porta e entrou. O amigo logo acordou, percebendo a sua presença.
_ Já vai? – perguntou o ruivo entre bocejos, se levantando.
_ Já… infelizmente.
_ Pelo menos é a última vez. –abraçou o amigo e disse. – Pode deixar que eu cuido da Gina, cara. Até mais.
_ Tchau. Qualquer novidade, me avise.
Os dois amigos iam descendo quando encontraram Gina que ia subindo apressada e com os olhos úmidos.
_ Eu…dormi demais…desculpe…
_ Calma. Tá tudo bem. – o moreno abraçou-a e ouviu Rony descendo, dizendo que estaria esperando por eles na sala.
_ Eu… eu acordei assustada, ouvi barulhos, aí percebi que você já deveria estar indo embora.
_ Você achou que eu teria coragem de partir sem falar com você?
_ Não… droga! Eu me prometi que não iria fazer isso. – a garota tentava impedir as lágrimas de caírem. – Eu… eu…
_ Eu também não queria ir embora. – falou sussurrando enquanto beijava-lhe os cabelos.
No momento em que os olhos castanhos e os verdes se encontraram, não foi preciso dizer mais nenhuma palavra, pois todo amor que o casal sentia podia ser percebido. Os lábios se encontraram numa leve carícia, e o abraço ficou ainda mais apertado, mas logo se separaram ao ouvir o chamado no pé da escada.
_ Hum, hum. – pigarreou Arthur. – Desculpem interromper, mas eu não posso me atrasar, Harry.
_ Claro, sr. Weasley. Me desculpe. – falou o rapaz embaraçado, e depois sussurrou para a ruiva ao seu lado. – A gente ainda tem muito pra conversar, ok?
_ Certo. – ela concordou, com seu rosto resplandecendo felicidade.
_ Não precisa se desculpar, rapaz. – o senhor Weasley piscou para os dois. – E nem se envergonhar. – as palavras pareceram ter efeito contrário e os dois enrubesceram no mesmo instante. – Agora vamos.
Chegaram ao jardim e depois de se despedir de todos, Harry e Arthur aparataram para a rua dos Alfeneiros.

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