quinta-feira, 25 de outubro de 2012

5. A Carta



Os dias na Toca agora passavam num piscar de olhos. Depois de lerem a resposta de Harry, Rony e Hermione ficaram um pouco confusos, principalmente com aquela história de quadribol. E de quem foi a visita que ele recebera. Pelo menos Gina parecia ter gostado do recado, mas como tinha confessado à amiga, não queria ter nenhum tipo de esperança. Porém ninguém tinha realmente muito tempo para pensar em outro assunto que não fosse o casamento que se aproximava. A cerimônia iria ser realizada na casa de Fleur, contudo grande parte dos preparativos estava sendo feita na Toca já que a noiva ainda estava hospedada lá. E como Gui e Fleur tinham retomado suas funções no Gringotes, e o sr. Weasley tinha que trabalhar no Ministério, a preparação e o envio dos convites ficaram sob a responsabilidade da sra. Weasley, que distribuiu a tarefa aos três jovens, já que a parte da recepção ficou à cargo da família de Fleur.
No meio da semana, depois que os convites já haviam sido enviados, só faltava agora providenciar as roupas e por isso Molly decidiu ir à Madame Malkin para que escolhessem.
_ Vamos crianças, se apressem pois hoje nós iremos ao Beco Diagonal providenciar as nossas roupas. – disse enquanto passava pela sala em que Gina, Rony e Mione estavam.
_ Para quê, mãe? Eu tenho aquela roupa de gala nova que os gêmeos me deram, e ela ainda cabe, eu acho.
_ Nada disso, Roniquinho. Vamos levar as vestes para a Madame Malkin fazer os ajustes necessários, pois você cresceu bastante desde que ganhou esta roupa. Então se apressem que a Fleur nos esperará lá.
_ Ah, mãe. Vai ser um saco! Põem ir que eu fico aqui com a Mione e depois a senhora mesmo ajeita.
_ Nem pensar, Ronald Weasley. Você acha o quê? Que eu vou deixar vocês dois aqui sozinhos? Nem em sonho!
Realmente o ruivo tinha percebido que desde que souberam do namoro, ele e Hermione não tinham conseguido ficar sozinhos por muito tempo, e ele achava que a mãe estava por trás disso.
_ Por Merlim, mamãe! Você acha que a gente vai fazer o quê? Começar a próxima geração de Weasley assim que a senhora desaparecer pela lareira? – Rony falava exaltado e a morena tentava sumir de tanta vergonha.
_ Não, é claro que não. Bom, pelo menos espero que não. – olhou para os dois e depois falou. – Tá bom. Nós não vamos nos demorar mesmo, então está certo.
E assim seguida de uma Gina que tentava a todo custo não cair na risada, a sra. Weasley foi para o Beco Diagonal. Quando os dois jovens estavam sozinhos, Rony percebeu o rosto corado que a namorada a todo custo tentava esconder olhando pela janela.
_ O que houve, Mione?
_ Nada. Só estou morrendo de vergonha. Merlim, o que a sua mãe deve estar pensando?
_ Hermione, não é obvio?
_ Pra mim não.
_ Ela deve estar pensando que como nós já somos amigos e nos conhecemos há muito tempo, o nosso namoro vai, como posso dizer…, vai “esquentar” mais rápido.
_ Oh! Claro…entendo. – a garota conseguiu ficar ainda mais envergonhada do que já estava. – A gente poderia ir um pouco lá fora, não acha?
_Hermione Granger, você está fugindo de mim? – ele falava enquanto se aproximava.
_ Não. Quer dizer, …não de você, talvez de “nós”… você sabe…
_ Sei. Você está com medo da coisa “esquentar”! – o ruivo não conseguia mais segurar o riso.
_ Ron, quer parar de me deixar envergonhada.
_Claro, amor. Tudo bem, vamos lá pra fora.
Na realidade os dois tinham consciência que a preocupação da senhora Weasley tinha bastante fundamento, pois eles não estavam mesmo conseguindo reprimir todos os desejos e sentimentos que haviam guardado por tantos anos. Namoraram um pouco no jardim e depois de algum tempo em que ficaram só observando as nuvens no céu deitados na grama, começaram a conversar assuntos menos constrangedores, mas mesmo assim preocupantes.
_ Ron, o que nós podemos fazer para ajudar o Harry?
_ Ué, Mione. O que sempre fazemos, eu acho.
_Não. Você não entendeu. Eu quero dizer agora, enquanto nós não conseguimos conversar com ele. Para adiantar.
_ Sei lá … esse assunto de horcruxes é complicado. Objetos que sejam importantes para Você-Sabe-Quem…
_ Ronald, quer parar com isso!
_ Isso o quê srta. Hermione? – perguntou sério virando-se de lado e apoiando a cabeça na mão, para poder olhá-la.
_ Já está na hora de perder esse medo idiota de dizer o nome dele. – disse também voltando-se para ele.
_ É você tem razão. Nós vamos tentar destruí-lo, ou pelo menos tentar ajudar, e não tem cabimento ter medo de pronunciar o nome dele, principalmente depois de tudo que nós fizemos.
A morena arregalou os olhos. Ronald Weasley dando razão à ela e evitando uma discussão. Ele realmente estava surpreendendo-a muito nesses dias. Sentiu que o amava ainda mais por isso, olhou no fundo dos olhos azuis e falou.
_ Eu amo você.
_ Eu também amo você. – disse o ruivo enquanto suas orelhas coravam.
Já estavam se beijando apaixonadamente quando ouviram o barulho de bater de asas bem próximo às suas orelhas.
_ SANGUE DE DRAGÃO! O que é isso? – gritou o rapaz ao sentir as asas da coruja baterem em sua cabeça.
_ Calma, Rony, ela está com uma carta. Calma que eu vou tirar da pata dela, aí ela vai se acalmar. – falou segurando o riso, enquanto livrava a pobre coruja de uma morte certa, já que o olhar do garoto ao seu lado era capaz de fazê-lo sem demora. – Pronto, peguei. – a coruja imediatamente alçou vôo e sumiu de suas vistas.
_ Para quem é, Mione?
A jovem corou e disse baixo:
_ Para mim. – olhou para o namorado e diminuiu ainda mais o tom. – É do Víctor. – por um momento ela achou que ele fosse explodir de tão vermelha ficou sua face, porém ele só falou:
_ Eu vou entrar enquanto você lê a carta do Vití… dele. – Rony levantou-se e foi logo para o seu quarto na Toca.
Hermione ainda tentou chamá-lo mas não foi ouvida. Pelo menos ele não tinha dado nenhum ataque, não é? Leu a carta de Krum e voltou para casa a fim de respondê-la o mais rapidamente possível e tentar minimizar os possíveis estragos que ela podia ter feito. Quando já estava endereçando a resposta, ouviu Gina abrindo a porta.
_ Ei, está escrevendo pra quem? Harry?
_ Não. – falou desanimada. – Víctor.
_ Krum? Você está escrevendo pro Krum?
_Não estou escrevendo, estou respondendo. Ele me mandou uma carta, que chegou agora à pouco.
_ E o Rony? – perguntou a ruiva, levantando a sobrancelha.
_ O que tem o Rony?
_ O que ele fez? Porque ele não está aqui, você está com essa cara, e não estou escutando nenhum barulho indicando que algum cômodo terá que ser reconstruído, ou seja não faz sentido.
_ Bom, foi meio inesperado mesmo. Quando a coruja interrompeu a gente ele ficou possesso…
_ A coruja interrompeu vocês?
_ É a gente estava lá fora, namorando. Então ela chegou e eu vi que a carta era do Krum.
_ E ele não matou a coitada nessa hora?
_ Er…, o olhar dele era de um fugitivo de Azkaban… – ela falou com um sorriso no canto dos lábios. – mas ele só disse que ia entrar enquanto eu lia a carta.
_ Só isso?
_ É. Aí eu vim logo responder essa carta, para depois ir falar com ele.
_ O que ele queria?
_ Víctor? – a cunhada assentiu. – Ele soube de Dumbledore e perguntou como estávamos. Nós todos: eu, Harry e Rony. Ele é só meu amigo, e sabe que eu gosto do Ron.
_ Sério!?!
_ É sim. Eu já falei isso, só que ninguém acredita!
_ Mas parecia que ele estava a fim de você, Hermione!
_ Estava. Mas eu expliquei tudo pra ele. E ele entendeu.
_ E resolveu ser só seu amigo?
_ É, porque ele sabe que se eu sou amiga dele é pelo que ele é, e não por causa do quadribol, da fama…
_ Faz sentido, até porque se você estivesse atrás de fama, estaria namorando o Harry. E você é amiga do Harry há tanto tempo e não fica alardeando isso como se fosse um troféu. Então ele viu que você pode ser amiga dele de verdade!
_ Isso mesmo! Por que é tão difícil para as pessoas perceberem?
_ Por que você nunca falou tudo isso pra ninguém! Se tivesse falado, o meu irmão não teria um ataque cada vez que se mencionasse o Víctor Krum.
_ Talvez, mas ele virava um trasgo e a gente acabava discutindo e… você sabe.
_ É eu sei. Bem, a mamãe está chamando para o almoço. Você vai chamar o Rony ou quer que eu chame?
_ Não sei. Talvez seja melhor eu chamar, né? – falou Hermione de uma forma indecisa, enquanto saia com Gina do quarto.
Quando se virou para subir e ir chamar Rony, viu que este já estava descendo. Parou esperando pelo ruivo que ao avistar a irmã apenas olhou para a morena e falou:
_ Elas já chegaram, não é?
_ É eu ia te avisar que o almoço já está pronto.
_ Então vamos que eu estou faminto.
_ Rony, espera. Temos que conversar. – pediu pegando em sua mão e segurando-o.
_Não, Mione. Depois a gente conversa, ta. – deu um beijo na testa da namorada e puxou-a para a cozinha.
Seria uma refeição normal, não fosse o silêncio profundo de três das quatro pessoas à mesa. Enquanto a senhora Weasley falava sem parar sobre os preparativos do casamento, Rony e Hermione comiam de cabeça baixa um de frente para o outro, e Gina tentava a todo instante iniciar uma conversa entre eles e sempre sendo respondida por monossílabos. O casal parecia estar evitando qualquer coisa que pudesse servir de estopim para uma discussão, e ao mesmo tempo adiando a conversa que teriam.
~~~~~~
No final da tarde eles perceberam que não adiantava mais evitar o inevitável, e mesmo sob o protesto de Molly, que não queria que os dois ficassem sozinhos, eles rumaram para o quarto do rapaz para tentarem resolver a situação. Rony encostou-se na janela e Hermione sentou-se na beirada da cama.
_ Sobre o que você quer conversar, Mione.
_ Sobre a carta do… Krum.
_ Já leu?
_ Já.
_ Sei. – virou-se para olhar a paisagem pela janela e pausadamente falou. – já respondeu?
_ Já, mas Ronald não é isso que eu quero conversar com você. Quer dizer… é sobre isso, mas não é isso. Entendeu? – falou a morena toda atrapalhada, numa atitude que não pertencia a ela.
_ Por incrível que possa parecer, sim. Mas eu não sei se quero entender. Eu posso não ter explodido como normalmente faço, e na verdade eu não sei nem porquê. Mas eu também não entendo o que esse… esse búlgaro quer com você ainda.
_ Você quer ler a carta?
_ Já quis, mas acho que agora não quero mais. – o ruivo ficou levemente corado e pareceu pensar bem antes de continuar. – Eu só preciso saber uma coisa, e queria uma resposta sincera.
_ Pergunte.
Ele deixou de olhar o pôr-do-sol e encarou a namorada, sério.
_ Você e ele já… já namoraram?
_ Não, namorar mesmo não, mas… a gente se beijou. – ele ponderou alguns momentos e disse.
_ Tudo bem. Você quer a Pichí emprestada para mandar a resposta?
_ Ahn? Você está bem, Rony? – questionou, incrédula.
_ Por quê?
_ Eu imaginei que você fosse querer saber o que ele estava escrevendo, o que eu respondi, por que a gente não namorou… Mas não. Você só perguntou se eu e ele tínhamos namorado e aceitou a minha resposta sem perguntar mais nada. Isso não é uma atitude típica sua. – Hermione falou enquanto levantava e ficava de frente para ele.
_ Eu não vou mentir. Eu gostaria muito de saber o que vocês tanto escrevem um pro outro, mas não vou ficar perguntando. Se um dia quiser me contar, eu sou todo ouvidos. De resto, eu confio em você. Eu fiz uma pergunta, pedi uma resposta sincera, você deu e pronto.
_ E se a resposta fosse outra? E se eu tivesse namorado com ele?
_ Não ia fazer diferença.
_ Não?!? Agora você está realmente me assustando…
_ Não, Hermione. Eu conheço você. Sei quando mente, coisa que raramente faz. Você me disse, hoje mais cedo, que me amava e sei que era verdade. Saber se vocês tinham namorado era a única dúvida que eu tinha, a única coisa que impedia o meu ídolo do quadribol de voltar ao posto dele.
_ Eu fiquei com medo. – a garota disse num sussurro.
_ Medo de mim?
_ Medo de você ter uma recaída, o Rony amadurecido sumir e o trasgo ciumento reaparecer. – falou com um sorriso tímido nos lábios.
_ Eu posso ter amadurecido, mas ainda sinto ciúmes de você. – o ruivo acariciava gentilmente seus cabelos. – Só procurei me controlar, por isso vim para cá e soquei as minhas almofadas.
_ As almofadas? – ela olhava as almofadas intactas sobre a cama.
_ Nada como um bom feitiço de reparo, não acha?
_ Você é incrível, sabia? – disse abraçando-o.
_ E eu não mereço nenhuma recompensa por ser tão incrível? – ele se aproximou ainda mais.
_ Ron… – o beijo começou meigo, apenas um roçar de lábios, contudo aos poucos, foi se tornando mais urgente, e quando perceberam já estavam deitados na cama entregues à paixão, que tentavam a todo custo controlar.
~~~~~~
Enquanto os dois namorados se entendiam, a senhora Weasley, muito contrariada, preparava o jantar com a ajuda de Gina que aturava suas reclamações. Logo o senhor Weasley, Gui e Fleur já estavam de volta de seus trabalhos e todos estavam conversando em volta da mesa da cozinha.
_ Fleur, tia Muriel já enviou a grinalda. Você gostaria de vê-la agora?
_ É melhorr non, merci. Deixa parra depois, se non Gui poderrá espiar, oui. –falou dadndo uma piscadela para o noivo.
_ E os vestidos, mãe, já providenciaram?
_ Sim, querido, mas como Fleur mesmo lembrou, não adianta ficar curioso que você só verá como ela estará linda no dia de seu casamento.
Gui riu e respondeu:
_ Eu tentei. Não posso ser culpado por tentar, não é?
_ Molly, podemos jantar?
_ Não Arthur, estamos esperando o sr. Ronald e a srta. Hermione, que estão lá em cima SOZINHOS conversando, e que a Ginevra se recusa a chamá-los. – todos sorriram
_ Eu já te falei, mãe. Eles tinham que conversar sobre aquela carta. – Gina falou impaciente.
_ Que carta? – perguntou o senhor Weasley.
_ Hermione recebeu hoje uma carta do Víctor Krum. E Rony morre de ciúmes dessa amizade eles. E eu já falei pra mamãe que não precisa se preocupar tanto com eles dois, porque a Mione sabe o que tem que fazer.
_ Como assim, Gina, a Mione sabe o que tem que fazer?
_ Ah, mãe! A senhora entendeu. A sua preocupação de deixar os dois sozinhos, paixão, guerra, um novo Gui… – apontou para o irmão mais velho no outro lado da mesa.
_ Commam? Um neuve Gui? Je non entendi? – perguntou Fleur enquanto Gui não conseguia conter o riso e falava em meio às gargalhadas.
_ Então é isso, mãe? Você está preocupada que o Roniquinho imite a senhora e o papai?
_ Não brinque, Gui. A preocupação da sua mãe é séria. Aqueles dois vivem em constante luta, junto com Harry, contra Você-Sabe-Quem, e isso pode levá-los a tomar decisões precipitadas.
_ É isso mesmo, meu filho. Isso não é motivo para brincadeiras.
_ Desculpa senhorra Weasley, porram je ainda non entendi.
Gina olhou a futura cunhada e respondeu com um sorriso maroto brincando em seus lábios.
_ Mamãe e papai têm medo de que Rony e Hermione, por causa da guerra, decidam precipitar determinadas coisas e por isso comecem uma nova geração de Weasleys, assim como eles fizeram na última guerra.
_ É isso, amor. Podemos dizer que eu cheguei mais cedo do que o esperado.
_ Ah! Oui, já entendi. – Fleur ficou encabulada e baixou a vista para observar melhor a toalha da mesa.
_ E você senhorita Ginevra, ainda não me respondeu. O que você quis dizer?
_ Bom, é que… a Mione aprendeu muitos feitiços que não foram ensinados nas aulas, sabem como ela é, né… Então ela sabe o que fazer… bem…na hora certa, é isso. – Gina havia ficado com o rosto tão vermelho quanto seus cabelos.
_ E como você tem certeza disso? – disse a senhora Weasley com um olhar que impedia os filhos de mentirem.
_ É que eu…bem…perguntei pra ela…se ela conhecia… – agora a mais nova dos Weasley falava praticamente num sussurro, olhando para os próprios pés.
_ GINEVRA MOLLY WEASLEY, POR QUE VOCÊ QUERIA SABER ESSE TIPO DE FEITIÇO? – agora era Arthur quem estava gritando, vermelho como um tomate, enquanto Molly empalidecera e sentara, boquiaberta de frente para a filha.
_ Calma! Eu só queria saber. Não usei. Eu só acho que tem certos feitiços que todos têm que aprender antes de precisar usar. É isso.
_ Mãe, a Gina tem razão. Esses feitiços não podem ser aprendidos quando já não são mais necessários, ou em cima da hora, não é? Isso só mostra o quanto a minha irmã é inteligente e responsável. – Gui falava com os pais de uma forma séria e Gina agradecia mentalmente por isso.
Ela sabia que ele era um irmão que a tratava como uma garota normal e não como uma criança, mas não esperava o apoio dele nesse tipo de assunto. Apesar das fisionomias sérias, a discussão não continuou, pois ouviram o casal descendo as escadas, e a senhora Weasley tratou logo de servir o jantar.

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