quinta-feira, 25 de outubro de 2012

16. Godric’s Hollow


_ Satisfeito?

Hermione olhava para a porta pela qual Harry acabara de sair para ir atrás de Gina. Depois do duelo entre Rony e ele, que passou longe de ser realmente um treinamento, e da descoberta do que Harry e Gina tentavam descobrir, a ruiva tinha ficado furiosa, principalmente com o namorado. E conhecendo o suficiente a amiga, sabia que o orgulho e a teimosia Weasley iam demorar a deixar com que o casal se entendesse.
_ Ahn? Рa cara de Rony mostrava sua imcompreenṣo.
_ Por sua culpa eles brigaram. Porque você ficou com esse ciúme idiota.
_ Você queria o quê? Que eu ficasse quieto enquanto ele e ela…
_ Você não tem nada a ver com isso.
_ Como não? É a minha irmã – as orelhas escarlate confirmavam o quanto ele estava nervoso.
_ E ele é o Harry!
_ Ele é homem!
_ Jura? Não tinha percebido… – o tom irônico e a cara de espanto fingido, deixaram claros que a morena estava por um fio.
_Deixa de sarcasmo. Não combina com você.
_ Mas burrice combina com você.
_ VOCÊ QUERIA O QUÊ? – ele se levantou e ficou de frente para Hermione.
_ Que deixasse de ser hipócrita pelo menos.
_ Hipócrita? – ele ficou ainda mais vermelho. – Você queria que eu visse os dois se agarrando e ficasse quieto?
_ Você não tem que se meter! Eles já são bem grandinhos para saberem o que estão fazendo, não acha?
_ Mas a minha irṃ ṇo ̩ qualquer uma pra ficar de agarramento por ai! Рno momento em que as palavras acabaram de sair de sua boca, Rony percebeu o tamanho da besteira que falara.
Hermione falou baixo, olhando-o diretamente. Os olhos castanhos marejaram, decepcionados.
_ Mas eu sou qualquer uma, não é?
_ Mione… – ele deu um passo a frente e ela recuou.
_ Eu cheguei a pensar que você tinha mudado. Mas continua o mesmo trasgo de sempre, Ronald.
_ Me desculpa, ṇo foi isso que eu queria dizer. Рele segurou-a pelos bra̤os.
_ Será? – disse se soltando bruscamente e virando de costas.
_ Hermione, para com isso. Você sabe que eu te amo.
_ E por acaso você duvida que o Harry ame a sua irmã? Você não confia no seu próprio amigo?
_ É diferente.
_ Por quê, Ronald? Por que é diferente? Por que você e eu podemos ficar por aí aos amassos e eles não podem? – ela tornou a olhar para ele.
_ Porque… – os olhos azuis demonstravam o conflito de sentimentos do ruivo. Abaixou a vista, derrotado, e disse. – Você tem razão.
_ No que?
_ Em tudo. Em dizer que eu continuo um trasgo, em não querer que eu te toque, em ficar decepcionada comigo, e também com relação ao Harry e a Gina.
_ Até que enfim você percebeu!
_ Mas é que é bastante difícil ter que admitir que a sua irmã cresceu, não é mais dependente de você, e… você sabe… – ele olhou para a garota, mas sabia que ela não ia ajudá-lo. – … sente os mesmos desejos que você.
_ Você devia ficar satisfeito. – o rosto mostrava que ele não tinha entendido. – Porque o Harry a ama tanto quanto ela o ama. Ele não vai fazer nada pra magoá-la.
_ Isso se eu ṇo acabar obrigando-o a fazer algo que a magoe, ṇo ̩? Рela entendeu que ele tinha se referido ao que acabara de acontecer.
_ Você sabe o que tem que fazer, não sabe?
_ Ah, Mione! Precisa? Ele já disse que tá tudo bem…
_ Ronald Billius Weasley. Se você quer continuar comigo, é bom ir conversar com eles e tentar desfazer essa confusão que você começou.
_ Como se fosse fácil dizer pra sua irmã que não vai mais atrapalhar quando ela estiver no maior amasso…
_ Não esqueça do Harry… – ele notou que ela estava adorando a perspectiva dele ficar constrangido.
_ Nem vem, que eu não vou dar passe livre para ele ficar de intimidades com ela!
_ Francamente. Não acha que é um pouco tarde pra você se preocupar com certas coisas?
_ O que voc̻ quer dizer? Рele olhou assustado.
_ Eu só estou dizendo que ninguém te pediu, e nem deve pedir, permissão pra nada. – ela se encaminhou para a porta. – Depois que você falar com os dois, a gente conversa. – saiu do porão, deixando para trás um Rony extremamente chateado.
— – —– -
Depois de um bom tempo ainda sentado no chão frio do porão, Rony resolveu que já estava na hora dele fazer o que Hermione pedira. Pedira não. Mandara. Passou pela sala cabisbaixo, apenas confirmando com a cabeça quando a mãe avisara para ele se apressar, que já estava quase na hora do jantar. Subiu as escadas e parou em frente ao quarto das garotas. Respirou fundo umas duas vezes antes de perceber que realmente não tinha escapatória. Abriu de leve a porta e viu a irmã sentada em sua cama.
_ Gi, eu posso falar com você? – ela somente levantou uma sobrancelha. – Eu queria pedir desculpas…
_ Se é por aquele lance do segredo, ok. – ela ainda estava com muita raiva. – Mas será que dá pra parar de se meter na minha vida? Eu cresci, viu. Sei muito bem me cuidar sozinha. Entendeu ou quer que eu desenhe?
_ Entendi, mas não precisa ofender, tá legal.
_ Mas é que vocês têm a tendência de achar que eu sou uma boneca de porcelana. Mas se não lembram eu estava junto de vocês no ministério, no ataque à Hogwarts… – os olhos castanhos deixaram escapar uma lágrima, provavelmente de raiva. – Fora o fato de achar que eu não sou digna de confiança.
_ Mas…
_ É sim! O outro estava doido pra contar o segredinho dele para vocês. Mesmo eu tendo pedido que fosse uma coisa só nossa. Ele fez o que eu pedi? Não. Ele aproveitou a primeira oportunidade pra contar.
_ Você não está chateada por causa do segredo, não é? E sim porque ele contou. – ele sentou de frente para a irmã, notando que tinha acertado em cheio.
_ Bingo! – falou derrotada.
_ Mas ele só contou porque não era importante. Você sabe como ele é. Se fosse realmente importante ele não iria contar. Lembra como ele demorou a contar sobre a profecia? – ele a abraçou.
_ Mas ele contou logo pra vocês. Pra mim ele só contou agora.
_ Mas ele só contou pra gente porque Dumbledore sugeriu. Se deixasse por ele nós ainda não saberíamos…
_ Ele é muito cabeça dura, né?
_ Igual a voc̻. Рela riu quando ele deu uma piscadinha. РṆo pega muito pesado com ele ṇo. Ele realmente gosta muito de voc̻.
_ Vou pensar no seu caso. – ela falou mais calma.
Quando saiu do quarto das garotas, Rony se dirigiu ao cômodo ao lado, para pedir desculpas ao amigo e poder se entender com Hermione.
——
Ela tinha sido muito injusta. Dizer que ele não gostava dela era o cúmulo. Ela não tinha idéia do que ele passara durante todo ano anterior, enquanto ela desfilava pra cima e pra baixo com Dino. Dessa vez ele não ia carregar aquela culpa. Ela teria que pedir desculpas. Mas só de pensar em ficar longe dela, seu coração parecia quebrar…
Ainda estava deitado, perdido em pensamentos, do mesmo modo que estivera desde que tinha subido após sua briga com Gina, quando a porta se abriu e Rony entrou.
_ Aí, cara. Desculpa mesmo, por ter provocado toda essa confusão. – o ruivo notou a tristeza em que encontrava o amigo. – Eu não queria que vocês brigassem.
_ Já falei que está tudo bem, Rony. – Harry deu um sorriso fraco. – É a famosa teimosia Weasley que está complicando as coisas.
_ Sei. Harry, sobre… aquele lance, que eu falei, sobre vocês dois estarem… você sabe!
_ Hum hum. – o moreno assentiu. Não era possível que o Rony iria falar sobre aquele assunto de novo. – Sei.
_ Olha, er… bem. – Rony sentou, corado, na própria cama, ficando de frente para o amigo. – Eu sei que as vezes é… bem… difícil se controlar, em… er… determinadas situações, e… bom, a Hermione me mostrou que eu estava sendo… meio hipócrita.
_ A Hermione mostrou? – tinha que admitir que não esperava por isso.
_ Tá. Você conhece ela. Praticamente me obrigou a ver que eu estav, bem… meio errado.
_ Sei. – Harry conteu o riso. Podia muito bem imaginar o sermão que a amiga tinha feito.
_ O que eu quero dizer é que sei que a minha irmã é bonita, que sabe se cuidar, e só vai fazer o que quer. E você é o meu melhor amigo e sei que não ia fazer nenhuma burrada. – o ruivo agora tinha a face totalmente da cor de seus cabelos. – Mas eu sei também que tem horas que a gente perde o controle da situação, e bem… é isso!
_ Isso significa que eu vou poder namorar Gina em paz? – o outro concordou. – E a gente vai poder ficar sozinhos, sem vocês ficarem enchendo o saco?
_ Não abusa, Potter! – o moreno gargalhou.
_ Pode deixar, Rony. Eu entendi o recado. Mas você tem que admitir que as vezes fica difícil controlar as próprias mãos. – Rony corou ainda mais e jogou um travesseiro no amigo.
_ É para isso que existe banho frio, Potter. – Já ia saindo do quarto, mas parou e voltando-se para o amigo, falou. – Só não me deixa ver vocês dois se agarrando por aí, tá legal?
_ Combinado. – Harry sentiu que também tinha o rosto um pouco quente. – Só falta agora a sua irmã querer falar comigo de novo.
_ Fica tranquilo, Harry. Essa birra dela não vai demorar.
——-
A hora do jantar se mostrou bastante interessante. Rony e Hermione tentavam manter uma conversa. Mas tanto Harry quanto Gina não se olhavam e só respondiam com monossílabos. Neville e Luna, num começo de namoro, também não prestavam muita atenção, o que deixava a situação um tanto ridícula.
_ Se o tempo continuar bom, amanḥ a gente podia nadar. O que acham? РRony insistiu mais uma vez.
_ É. – respondeu Harry sem deixar de encarar o prato.
_ Ótima idéia, Ron. – Hermione tentava ajudar o namorado. – Quem sabe podiamos fazer um piquenique?
_ Tá. – Gina falou baixo sem encarar ninguém.
_ A Hermione está grávida de gêmeos, e vai colocar o nome de Alfredo e Astrogildo! – Rony falou alto enquanto Hermione o olhava assustada, a senhora Weasley gritava e Harry respondia.
_ RONALD! O QUE VOCÊ ESTÁ ME DIZENDO? – Molly estava pálida.
_ Legal. – Harry mordeu mais um pedaço do pastelão.
_ Calma, mãe. É só pra ver se esses dois aí, prestam atenção. – continuou sem dar ouvidos as reclamações. – Gina, você gostaria de ser a madrinha?
_ Não, obrigada. Depois eu como um pedaço. -a ruiva respondeu, causando um festival de gargalhadas na mesa.
_ E isso lá é coisa que se brinque, menino. – a senhora Weasley falou evidentemente aliviada.
_ Mas até que podia ser verdade, né? – o ruivo olhou divertido enquanto Tonks engasgava com o suco de abóbora de tanto rir – Menos é claro, a parte dos nomes. Eu prefiro algo mais simples como Jonh ou Anne…
_ Rony! – agora era Hermione quem estava vermelha. – Você quer parar!
_ Ué, mas se eu tenho irmãos que são gêmeos, eu posso ter filhos gêmeos, não posso? – agora até a senhora Longbotton sorria diante da cena.
_ Ronald Weasley. O senhor pode já ter até lutado contra comensais, escapado de trasgos, o que for. Mas se algum dia… – Molly foi interrompida, pelo filho.
_ Tá bom. Eu paro de falar sobre seus futuros netos, senhora Molly Weasley. Ai, Hermione. Doeu. – a garota tinha dado um forte beliscão no garoto, para ver se ele parava com aquela brincadeira – Eu só queria tirá-los desse torpor!
_ Do que vocês estão rindo? – Neville perguntou, alheio à conversa.
Hermione e Rony se olharam. Não ia ser fácil fazer aqueles dois teimosos se acertarem novamente. Quem sabe se no dia seguinte com a cabeça mais fria eles agissem mais sensatamente.
——-
O dia tinha amanhecido irritantemente bonito, para desespero de Harry. Ele e Gina ainda estavam brigados e como ele conhecia bem o gênio Weasley, sabia que a garota não ia dar o braço a torcer tão cedo. Ele até estava disposto a dar o primeiro passo, mas ia dar um tempo primeiro, para não deixar que ela ficasse com o ego muito grande depois… Contudo ele estava bastante tentado a rever essa decisão. Principalmente naquele momento em que ela tinha resolvido “curtir” a praia dentro daquele maiô preto. Não que a peça fosse decotada demais ou vulgar de qualquer forma, era um maiô discreto, mas que no corpo da ruiva fazia com que seu monstro tentasse sair de dentro dele para agarrá-la sozinho.
Harry não sabia o que fazer. Mal tinha acabado de se entender com Rony, não podia agora, depois de tudo esclarecido fazer, na frente de todos, tudo aquilo de que fora acusado, nem tão injustamente assim, mesmo depois que o ruivo tenha dito que não iria mais controlá-los. Mas a garota, que resolvera tomar sol um pouco afastada dos demais sentados sobre uma grande toalha na areia, estava tentadoramente bonita, e pelo visto sabia as reações que provocava nele. Até o discreto Neville não conseguia disfarçar uma certa admiração pela “visão” da ruiva, mesmo estando próximo a Luna, que aparentemente não ligava muito e dizia, dando de ombros, a uma incrédula Hermione:
_ Olhar não tira pedaço, não é mesmo? Ainda mais que não é ele quem ela quer provocar.
Luna estava, mais uma vez, certa. Não podia culpar Neville por estar olhando pra Gina, mas se ele continuasse olhando daquele jeito pra ele por mais um minuto, provavelmente ira parar no St. Mungus. Ela estava querendo provocá-lo, queria que ele fosse lá implorar para que voltassem, e estava quase conseguindo. Mas ele já tinha passado por coisas piores, não tinha? Controlando os olhos esmeralda para que não procurassem pela ruiva, encaminhou-se para o mar. Esse era um bom momento para seguir o conselho de Rony e tomar um banho frio, e para isso as águas frias da baía de Ilfracombe viriam bem a calhar.
Depois de um tempo suficiente para que seus dedos ficassem enrugados e enregelados, Harry voltou para casa, percebendo, pelo canto dos olhos, que Gina agora sentada ao lado de Hermione, estava visivelmente irritada. Quando saiu do banho já trocado, encontrou Lupin esperando por ele.
_ Olá, Remus. Como você está?
_ O de sempre. – a aparência cansada estaa evidente no maroto. – Eu vim aqui para combinarmos a nossa ida até Godric’s Hollow.
_ Ok. РHarry, sentou na cama e abaixou a cabe̤a.
_ Pode ser amanhã? – o garoto concordou. – Então está certo: logo pela manhã iremos.
_ E o feitiço Fidelius?
_ Não será problema, Harry. Eu conversei com McGonagall e pelo que ela me falou, o feitiço se desfez quando Pedro contou o segredo e seus pais foram… atacados. A casa agora só está sb feitiços de proteção.
_ Entendo… – a tristeza começava a crescer dentro dele. – Então não vai ter nenhum problema para o Rony e a Mione irem comigo, não é?
_ Ṇo, Harry. Nenhum. РLupin levantou-se e segurou o rapaz pelo ombro. РVoc̻ tem certeza que quer fazer isso?
_ Tenho. Рsua voz soou s̩ria e grave. РEu preciso. РHarry levantou e foi at̩ a janela.
_ Bom, então agora eu vou descansar mais um pouco. Nymphadora já deve estar subindo com a poção revigorante. – o homem deu um leve sorriso e saiu.
~~~~~~~
Harry estava nervoso. Não imaginava que se sentiria assim tão perdido, tão assustado, ante a iminente visita ao túmulo de seus pais. Não descera para o almoço e nem mesmo saira do quarto. Rony e Hermione, que já tinham voltado às boas, só tinham deixado ele sossegado, depois que contara sobre a ida deles até sua antiga casa, e mesmo assim somente depois que prometera descer para o jantar. Naquele momento ele sabia exatamente do que precisava para conseguir lidar com aquela situação do jeito que devia: Gina. Ele precisava dela ao lado dele, segurando sua mão e lhe transmitindo confiança, força, amizae e amor. Mas eles estavam brigados… Como um raio, tudo ficou claro para ele. Ia passar por cima de seu orgulho e falar com ela. Tentaria esclarecer tudo, mesmo que ela não quisesse fazer as pazes. Não era covarde, era um verdadeiro Grifinório. Precisava que ela estivesse ao seu lado e iria pedir isso. Merlin! Tomara que ela cedesse.
Levantou-se e imaginando onde ela poderia estar, encontrou-a na sala, jogando snap explosivo com s gêmeos, que haviam chegado da loja. Observou os três durante um tempo, tentando reunir toda a coragem que precisaria. Respirou fundo e se aroximou da garota.
_ Gina, posso falar com voc̻? Рela olhou-o s̩ria.
_ Tem que ser agora? Estou no meio do jogo.
_ Tem. É importante. – virou-se para os irmãos que estavam com expressões intrigadas.
_ Ok.
A garota levantou, passou por ele e subiu até seu quarto. Harry a seguiu e chegando lá viu que ela estava parada próximo à janela, de braços cruzados. Ele se aproximou e sentou na poltrona que havia no quarto.
_ Pode falar. РGina estava s̩ria.
_ Eu queria te pedir uma coisa.
_ O qu̻? Desculpas? Рa garota dizia ironicamente.
_ Olha, se voc̻ quer que eu pe̤a desculpas por ṇo conseguir fazer voc̻ ver o quanto te amo, tudo bem. Desculpa. Рele havia se levantado e falado alto. РMas ṇo foi isso que eu vim fazer, ok.
_ E voc̻ veio fazer o que enṭo? Рperguntou num fio de voz enquanto procurava acalmar o cora̤̣o que batia descompassado.
_ Eu vou amanhã à Godric’s Hollow e queria que você fosse comigo.
_ O Rony e a Mione não vão com você?
_ Eu não estou pedindo pra gente ficar junto, tá legal? – ele falava exasperado. – Tudo bem se não quiser falar comigo. Não que eu não queira fazer as pazes, eu quero. Você pode até não acreditar, mas eu te amo. Se você quer continuar com essa história tudo bem, mas eu… preciso da sua ajuda… – ele terminou num sussurro, voltando a se sentar e apoiando a cabeça nas mãos.
Ela havia ficado surpresa. O bravo Harry Potter estava ali pedindo que ela ficase ao lado dele numa situação difícil. É, talvez la estivesse sendo mesmo uma cabeça dura… talvez estivesse pegando pesado demais com ele.
_ Tudo bem. Eu vou com voc̻ amanḥ. Рela tinha vontade de passar as ṃos naqueles cabelos negros, fazendo com que ficassem ainda mais rebeldes.
_ Obrigado. – ele olhou-a nos olhos.
Por um longo momento nenhum dos dois falou nada. Somente se olhavam intensamente. Como eles eram teimosos! Harry resolveu que iria ao menos tentar acabar com aquilo. Levantou-se novamente e aproximou-se de Gina, tocando seu ombro. Acariciou de leve sua face enquanto os rostos ficavam cada vez mais próximos.
_ Harry, ṇo. Рela corou.
_ Tudo bem… – ele falou com a voz carregada. – Vou dar uma volta por aí. – virou-se e saiu, não notando a lágrima que rolava no rosto da ruiva.
——–
Talvez ela devesse mesmo seguir o conselho de Rony. Provavelmente estava errada e depois do que Harry acabara de fazer, tinha certeza de que havia cometido uma grande besteira Se ele não confiasse nela realmente, não teria posto seu orgulho de lado e pedido ajuda, a sua ajuda. E ele ainda havia dito que a amava. E não foi um daqueles “eu te amo” que a gente fala em meio a beijos e carícias, ou quando se quer conseguir alguma coisa de alguém. Foi um “eu te amo” daqueles que se diz quando não se quer dizer, que se confessa no auge de um briga. E por isso teve a total certeza que era amada e que tinha sido injusta. Porém sabia que não podia simplesmente fingir que nada aconteceu e voltar a agir como se os últimos dois dias não tivessem existido. Iria pedir desculpas e depois que voltassem de Godric’s Hollow podiam conversar melhor e então… Então esperaria que ele não tivesse ficado tão magoado com ela ao ponto de não perdoá-la.
— —– —
Harry quase não havia dormido. Toda ansiedade de rever seu passado tinha feito com que rolasse de um lado para o outro na cama a noite toda. As vezes ele gostaria de ser covarde ao ponto de desistir. Mas resolveu se levantar e acabar logo com aquilo. Sabia que essa agitação toda iria terminar no instante que chegasse lá.
Tomou um banho, se trocou e desceu. Ainda era cedo, mas quando chegou na sala percebeu que outra pessoa também tinha madrugado. Gina estava sentada numa poltrona, abraçada aos joelhos e com o semblante preocupado.
_ Bom dia. – ela desdobrou as pernas, sobressaltada.
_ Oh… bom dia. – ele sentou no sofá e viu ela corar levemente. – Eu… vou me trocar.
O rapaz fez um gesto com a cabeça e ela levantou-se. Rumou para seu quarto, mas ao chegar próximo à escada, virou-se e falou:
_ Harry?
_ Hum. – ele olhou-a com incerteza.
_Eu queria pedir desculpas… por tudo. – virou-se e subiu, não esperando por uma resposta de Harry.
—- —- —
Após Gina pedir desculpas, e deixar Harry com o coração um pouco menos apertado, as coisas começaram a acontecer como se tivessem apertado a tecla avançar. Primeiro Rony e Hermione desceram e praticamente obrigaram-no a comer, mesmo seu estômago dizendo que não queria. Depois houve uma pequena confusão, quando Gina comunicou que iria junto com Harry. A senhora Weasley eta terminantemente contra, mas a ruiva comseguiu, como sempre, convencer a mãe. Gui, que iria acompanhá-los, recebeu uma coruja de McGonagall pedindo que fosse urgentemente até Hogwarts conversar com ela, então somente Lupin e Tonks iriam junto com os jovens. A senhora Weasley tentou ainda que adiassem a visita para outro dia, mas Harry, que já estava nervoso o suficiente, não cedeu. Não aguentaria aquela ansiedade toda de novo. Por fim, no final da manhã, o grupo pegou uma chave de portal que os deixou nos arredores de Godric’s Hollow.
Depois que chegaram, andaram por um tempo numa trilha que desembocou em uma pequena rua asfaltada, que aos poucos foi sendo preenchida por casas de estilo clássico. Era uma calma cidade do interior inglês, com o centro comercial rodeado por algumas ruas residênciais, uma praça, um pequeno hospital, uma escola, uma igreja, e perto desta, um cemitério.
Ao se aproximarem do cemitério, Harry que estivera o tempo todo andando calado e de cabeça baixa perto de Lupin, deu uma pequena parada. Gina que estava ao lado do irmão, logo atrás dele, viu quando o moreno engoliu em seco e percebeu como estava nervoso. Mesmo assim se surpreendeu quando ao passar, ele pegou sua mão, apertando-a como se assim obtivesse coragem para prosseguir, e continuaram andando pelo caminh que Remus fazia, com as mãos dadas.
Lupin logo chegou ao local onde se encontravam duas lápides de mármore, em que se podia ler os nomes de James e Lílian, suas datas de nascimento e de morte. Remus soltou um longo suspiro e falou baixo.
_ É aqui. – virou-se e apertou o ombro de Harry, antes de ser abraçado carinhosamente por Tonks. O casal, juntamente com Rony e Hermione, deixaram Harry e Gina parados em frente aos túmulos e foram se sentar num longo banco de cimento, que havia próximo ao local onde estavam.
O nervoso de apenas alguns minutos atrás havia evaporado. Ainda sentia algumas gotas do suor frio provocado pela ansiedade escorrerem por seu pescoço e sua face, mas estava calmo. Apertou mais uma vez a mão de Gina, a mão que lhe transmitira toda aquela calma, e a soltou. Isso era uma coisa que teria que enfrentar sozinho. Viu-a perguntando, apenas com o olhar, se queria companhia. Gentilmente segurou sua face, deu um beijo em sua testa e caminhou para junto de seus pais.
Como um filme, reviu sua vida. A infância passada sob maustratos dos Dursley, acreditando que sua família sofrera um grave acidente de carro no qual apenas ele sobrevivera. A falta de amor que sentiu durante longos dez anos. A inesperada visita de Hagrid e a descoberta do mundo bruxo. A descoberta da amizade e do significado das palavras lar e família, junto com os Weasley e Hermione. Lembrou-se de quando viu pela primeira vez a imagem de seus pais no espelho de ojesed, e de quantas vezes desejou acordar daquele pesadelo e vê-los ao seu lado realmente. Reviu o encontro com seus espectros no cemitério após o retorno de Voldemort, e no modo como o ajudaram. Ouviu novamente suas últimas palavras, tal como se um dementador estivesse por perto…
Tinha se esquecido completamente do mundo ao seu redor, quando sentiu o perfume de Gina, um pouco antes dela tocar em seu ombro.
_ Venha, Harry.
Antes de se levantar, olhou mais uma vez para as lápides e conjurou um buquê de lírios, que depositou sobre o nome de sua mãe. Seguiu Gina, que o conduzia segurando em seu braço. Depois junto com os outros que ainda aguardavam sentados, tomaram um caminho diferente do qual vieram, percorreram algumas ruas até que Lupin parou em frente de um muro alto que tomava metade do quarteirão de uma rua afastada o centro.
_ Chegamos. Aten̤̣o, enquanto eu desfa̤o os feiti̤os para que possamos entrar. Рimediatamente os demais ficaram atentos ao inexistente movimento da rua ao mesmo tempo que Lupin desfazia uma s̩rie de feiti̤os. РPronto. Podemos entrar.
Agora, no muro alto, aparecia um portão de ferro pelo qual passaram e puderam avistar um casarão, aparentemente intocado. Harry se aproximou da porta e observou-a atentamente.
_ Pensei que ela estivesse destruida. – Harry falou mais para si mesmo, mas Lupin ouviu e respondeu.
_ Nós… nós a reparamos, e aos outros móveis também, depois… depois que Hagrid o levou… – o ex-professor parou de falar ao sentir um bolo sendo formado em sua garganta.
_ Compreendo. – a voz de harry saiu baixa, praticamente um sussurro.
Tocou a maçaneta da casa que fora, e ainda era, sua e entrou numa sala bem iluminada, com confortáveis sofás próximos à lareira e com um grande móvel onde haviam alguns objetos e inúmeros retratos, cobertos com uma grossa camada de poeira, que Hermione ao ver, retirou com um aceno de varinha.
_ Obrigado, Mione. – disse o moreno, vendo a garota assentir.
Harry percorreu todo o aposento, somente parando para observar algumas fotos de seus pais e dele quando bebê. Percebeu quando Lupin pegou um porta-retrato e algumas lágrimas rolaram. Ele não era o único que estava sendo diretamente afetado pelas lembranças. Aproximou-se e observou a foto que o outro segurava. Um retrato de seus pais com Lupin e Sirius, onde acenavam e riam felizes.
_ Foi tirada no casamento deles. – a voz do homem estava embargada.
_ Fique com ela… como lembrança. – falou Harry e Lupin agradeceu.
Harry subiu as escadas com o maroto ao seu lado. Pararam em frente a um escritório com um estante repleta de livros.
_ Esse era o lugar de estudos de sua mãe. – Remus deu um leve sorriso. – Ela gostava de ler como Hermione, mas seu pai preferia ficar assistindo enquanto ela os lia.
Continuaram pelo corredor e o homem agora abria a porta de um quarto simples, que continha apenas uma cama e uma cômoda.
_ Esse quarto e o próximo, são os quartos de hóspedes. Para quando a gente3 vinha fazer uma visita.
O rapaz apenas concordou com um gesto de cabeça, enquanto seguia Remus até o outro cômodo. Viu quando a expressão, até há pouco saudosa, endureceu, ficou séria e demasiado triste.
_ E… esse era o seu.
Antes de entrar no quarto que lhe pertencera, percebeu que Hermione, Rony e Gina também tinham subido, e observavam tudo com muita atenção. Ele então deu um passo à frente e foienvolto por uma emoção tão forte que ele pensou que talvez não fosse resistir. Seus olhos marejaram quando se deparou com o belo berço, enfeitado com um móbile de quadribol, onde provavelmente dormira muitas vezes, depois seu olhar pousou na poltrona onde certamente sua mãe o embalara. Sentou-se, fechou os olhos e por um breve momento, escutou-a cantando. Quando abriu os olhos novamente, deixando assim que uma lágrima desobediente rolasse, viu uma foto de seus pais brincando com ele. Uma típica foto de família feliz, daquelas que se costuma ver em comerciais trouxas de produtos para bebês. Eles foram felizes… Havia um caderno grosso ao lado do retrato, encapado de azul com os dizeres: “Para Harry”. Pegou-o mas foi incapaz de abrir. Ficou ali sentado na poltrona, sem forças para se levantar e encarar os olhares compadecidos dos amigos. Não aguentaria ver seu sofrimento refletido nos olhos deles. Gina fez um movimento em sua direção, mas antes que ela o tocasse, se levantou e saiudo quarto. Só havia um cômodo que ainda não tinha entrado, e já prevendo qual era, foi para lá que se encaminhou. Abriu a porta do quarto que um dia fora de seus pais, entrou e fechou-a atrás de si. Precisava ficar sozinho.
O quarto era simples e aconchegante. Ainda carregando o livro endereçado a ele, chegou perto da cômoda, onde haviam alguns objetos de seus pais, avistou um vidro de perfume que, tremendo levemente, pegou e ao abrir sentiu um leve perfume de lírios. Era o perfume de sua mãe. Engoliu bravamente o choro que estava controlando há tempos e sentou-se na cama. Alisou o lençol. Era ali que dormiam. Era ali que deviam estar e não mortos. Abriu o caderno em seu colo e ao começar a ler, percebeu sua vista embaçar mesmo com óculos.
“Godric’s Hollow, 01 de março de 1980.
Harry,
Nós te amamos muito. Desde o dia em que soubemos de sua existência (ainda minúsculo, dentro da minha barriga) você se tornou a pessoa mais importante para nós. Nesse caderno, vamos procurar registrar mais do que simples fatos, vamos tentar colocar nossas emoções. Você ainda não nasceu, mas quando for maior, provavelmente entenderá o porquê de tudo isso. Esperamos poder estar contigo até que sejamos todos bem velhinhos, mas não podemos ter certeza…
Com todo amor da sua mãe, Lilly.
Harry,
Oi. Aqui é o seu pai. Sua mãe me pediu para escrever alguma coisa para você. Mas eu não sei o quê. Talvez que é para você nascer bonito como ela, mas com o meu charme… (sua mãe tá me batendo, dizendo pra eu apagar isso, mas eu não vou). Bom, é isso. Nasça logo, pra eu te ensinar a voar numa vassoura tão bem quanto eu (sua mãe tá me batendo novamente).
Com carinho do seu pai, James.”
A medida que virava aleatoriamente as páginas, e frases como “…esperamos que essa profecia esteja errada…”, “…deu seu primeiro passo…”, “…primeira palavra foi siru…” ou “…vamos estar sempre ao seu lado…” apareciam à sua frente, Harry não conseguiu mais se controlar, e se permitiu sentir toda a dor que habitava seu peito. Dos olhos verdes brotaram todas as lágrimas de saudade, dor, incompreensão e medo que tinha. O choro compulsivo podia ser ouvido do outro lado da porta, onde uma jovem de cabelos ruivos, lutava também para não desabar.
—– —-
Quando Gina sentiu Harry pegando em sua mão, trêmulo, na entrada do cemitério, não imaginou que ele iria conseguir se segurar por muito tempo. Era emoção demais para qualquer um, até mesmo para o “Menino-Que-Sobreviveu”. Masele aguentara. No cemitério ele demonstrou até bastante calma, porém quando chegaram na casa, ela percebeu que a situação começava a mudar. Ouviu sua voz se tornar algo mais que um sussurro e notou que seus olhos observavam atentos, todas as lembranças ao seu redor. Sentiu uma vontade louca de chorar, mas tinha que ser forte por ele e para ele. Seguiu-o até o andar de cima, pedindo baixinho para que Rony acalmasse Hermione, que já estava banhada de lágrimas. Viu quando os olhos esmeralda que tanto amava se encheram de lágrimas ao entrar no próprio quarto, e quando uma delas escorreu por sua face, teve vontade de ir lá e abraçá-lo. Já tinha esquecido toda briga, todo desentendimento. Nada era mais importante do que estar com ele naquele instante. Mas ele impediu-a de chegar perto dele: saiu de onde estavam e se trancou no outro cômodo, que Lupin depois lhe disse que era o quarto dos pais dele.
Não havia ficado chateada com a atitude do rapaz. Sabia que esse era um momento dele. Eram muitas emoções para lidar e ela sabia que Harry nunca fora muito bom em lidar com seus sentimentos e emoções. resolvera esperar junto com os outros na sala, durante o tempo que Harry quisesse ficar sozinho, mas ao se aproximarem da escada, pararam ao ouvi-lo chorando.
Gina olhou para seu irmão, que também tinha os olhos úmidos, e depois para Hermione, esta sim com lágrimas silenciosas rolando pelo rosto, e disse numa voz baixa:
_ Eu vou lá ficar com ele. – o irmão assentiu e falou.
_ Mais tarde a gente leva um lanche para vocês.
Ela sorriu agradecida pela compreensão de Rony e refez o caminho até chegar à porta fechada, atrás da qual era ouvido o choro do moreno. Abriu-a e seu coração falhou uma batida ao ver o qüão desolado ele parecia, deitado de lado sobre a cama, agarrado ao livro que encontrara em seu quarto, chorando igual a uma criança. Fechou a porta com cuidado, aproximou-se sentando próxima à cabeceira e acomodou a cabeça dele em seu colo.
~~~~~~~~~
Hermione procurou secar as lágrimas que tinham escorrido por sua face. Era muito difícil ouvir o choro desesperado de uma pessoa querida e não poder ajudar. Ainda mais essa pessoa sendo Harry, que além de ser como um irmão, era sempre tão controlado. Nunca imaginara vê-lo naquela situação. Olhou para Rony, que parecia estar se sentindo da mesma forma, e ouviu-o dizer:
_ A Gina vai conseguir acalmá-lo. – abraçou Hermione e começou a descer. – Vamos esperar lá embaixo, junto com a Tonks e o Lupin.
A morena concordou e juntos foram para a sala onde encontraram Lupin, sentado segurando a própria cabeça e com os braços apoiados nas pernas. Tonks estava sentada ao seu lado e consoláva-o com os olhos marejados.
_ Calma, Remus. Vai ficar tudo bem, você vai ver.
_ É muito duro ter que voltar aqui, e ainda mais ficar ouvindo o garoto chorando desse jeito. Eu não deveria tê-lo trazido.
_ Ao contrário, professor. – Rony falou se aproximando. – Acho que ele precisava disso. Precisava desabafar esses sentimentos todos que o incomodavam. E com pessoas que realmente se importam com ele por perto, para o caso dele precisar. – sentou-se numa poltrona e puxou a namorada para seu colo. – E também, o senhor conhece o Harry, ele iria vir de um jeito ou de outro, então, foi melhor que ele tenha vindo de uma vez.
_ Você tem razão. A Gina ficou lá com ele? – Tonks perguntou e o ruivo assentiu. – Com certeza ela vai conseguir acalmá-lo.
Passado algum tempo, o choro cessou e o silêncio vindo do quarto os deixou mais tranquilos. Lupin já tinha providenciado comida para eles, que foi alegremente aceita por Rony que já estava faminto. Depois que comeram, resolveram levar o lanche para Harry e Gina, conforme tinham prometido.
_ Acho que devemos levar um lanche para eles, o Harry não deve querer descer agora.
_ Boa idéia, Hermione. – Tonks respondeu e Lupin concordou. – Vou preparar uma bandeja com alguns sanduiches e um pouco de suco e levo lá.
Rony e Hermione que conheciam a fama de desastrada da auror, se entreolharam, provavelmente pensando o mesmo, mas o rapaz se pronunciou primeiro.
_ Deixa que eu levo, Tonks. Assim eu vejo se eles estão precisando de alguma coisa.
Quando chegou em frente a porta do quarto onde Harry e Gina estavam, Rony bateu levemente, esperou alguns minutos e não obtendo resposta, entrou. Observou a cena à sua frente e não pode conter um sorriso. Harry estava dormindo com a cabeça apoiada no colo de sua irmã, que acabara também adormecendo apoiada na cabeceira da cama. Procurando não acordá-los colocou a bandeja que trazia, na mesinha ao lado da cama, e se retirou, fechando a porta com cuidado.
Chegando na cozinha, Rony acalmou os demais dizendo que ambos estavam dormindo. Lupin foi rapidamente avisar ao senhor Weasley para que não se preocupassem com a demora deles em retornar, e Hermione chamou o namorado para sala, discretamente.
_ O que é que está acontecendo? – ela perguntou olhando a fisionomia calma dele.
_ Acontecendo? Não entendi, Mione. – ele arrastou-a com ele para o sofá.
_ O que você fez?
_ Deixei o lanche lá e desci, ué? – ele beijou-a levemente.
_ Sem fazer nenhuma cena ao pegar os dois dormindo?
_ Mione, eu não sou tão insensível quanto você pensa. Além do mais, do jeito que ele estava arrasado, acho que eles não têm clima para nada. Então posso ficar tranquilo.
_ Francamente, Rony. – mas mesmo com uma expressão indignada, Hermione acabou rindo da “lógica” do namorado.
———-
Quando Harry abriu os olhos, ficou meio perdido, ainda mais ao reparar no pequeno pedaço do paraiso deitada junto de si, numa posição nem um pouco confortável, mas aparentemente dormindo. Aos poucos ele foi se livrando do torpor do sono, e relembrando os acontecimentos daquele dia. Provavelmente tinha posto toda angústia que sentia para fora, porque agora se sentia vazio, e até mesmo leve. Nunca fora de ficar chorando pela morte dos pais. Na verdade nunca fora de chorar, sempre procurara guardar seus sentimentos, hábito originado ao ter crescido sem amigos, sem ter com quem desabafar. E naquele dia não havia sido diferente, pois mesmo agora que tinha amigos ainda era reservado quanto aos seus sentimentos. Tentara se manter forte. Durante a visita ao cemitério, não chegou a ser tão difícil, mas ao entrar na casa, a coisa começou a complicar. Ver as fotos de seus pais, rindo e acenando, felizes, tinha sido duro, olhar para aquele que um dia fora seu quarto, e que ainda conservava agumas de suas coisas, mais ainda. Contudo, Harry não imaginou, nem por uma fração de segundo, que quando entrasse no quarto de seus pais,que se encontrava arrumado tal como se esperasse a entrada de seus donos, sentisse o perfume de sua mãe, e lesse as mensagens deixadas para ele, simplesmente não conseguisse aguentar mais, e desabasse daquela maneira. Deu um pequeno sorriso ao lembrar do momento que percebera que Gina tinha entrado no quarto e o colocado no colo, acariciando seus cabelos para que se acalmasse. Estava se sentindo extremamente grato àquela que além de namorada era sua amiga e companheira.
Procurando se levantar com cuidado para não acordar a garota, começou a olhar pelo quarto. Foi até a janela e reparou que já tinha anoitecido, não sabia há quanto tempo estavam ali, tinham chegado no começo da tarde, mas pelo ronco do seu estômago deveria ser muito. Não queria descer sem Gina, não se sentia à vontade para encarar, nem mesmo seus maiores amigos, sem ela. Já estava a meio caminho de acordá-la quando viu na mesa de cabeceira uma jarra de suco de abóbora e alguns sanduiches. Procurando não pensar muito no fato que alguém tinha visto ele e Gina dormindo juntos, começou logo a comer.
Depois de ter comido um pouco, e ainda tentando não acordar Gina, Observou melhor o quarto, abriu uma porta, achando que talvez desse para um banheiro, mas se deparou com um espaçoso closet. Percorreu, às vezes só com o olhar, algumas vezes também com as mãos, as diversas prateleiras, repletas de roupas e objetos de seus pais. Não se conteve e separou algumas peças que lhe serviriam, se não no corpo, como uma forma de recordação: o uniforme de gala de seu pai, que estava bem conservado, e talves pudesse usar em sua formatura, algumas roupas e outras coisas que ele garimpara dentro de algumas caixas que encontrara, como o pomo de ouro que vira nas lembranças, e agora voava ao seu redor. Seriam um tipo de tesouro, menos o colar de ouro que sua mãe ganhara de seu pai quando ele nascera, pelo menos era isso que dava a entender o bilhete que estava guardado junto. Esse colar ele iria dar de presente para Gina em seu aniversário, na próxima semana.
Agora estava sentado, observando atentamente o conteúdo de uma grande caixa com fotos suas, de seus pais, Sirius, Lupin, de pessoas que Harry acreditava serem seus parentes, algumas fotos do casamento de seus pais e inclusive algumas, para total desgosto de Harry, de Pettigrew (essas se encontravam devidamente rasgadas num pequeno monte ao lado da caixa). Harry estava tão absorto nas lembranças que só reparou que Gina tinha acordado, quando esta ajoelhou-se ao seu lado e tocou em seu ombro.
_ Pensei que tinha descido, sem me acordar.
_ Eu realmente ia te acordar para irmos comer alguma coisa, mas alguém deixou um lanche para nós ao lado da cama.
_ Oh, er… que bom. – ela corou, também pensando em quem teria os visto dormindo. – E o que você está fazendo aqui?
_ Acho que meio que conhecendo os meus pais, a minha família…
_ Posso? – fez um gesto pedindo para sentar ao lado dele.
_ Deve. Olha essa foto. – entregou uma foto em que seus pais, Remus e Sirius estavam nos jardins de Hogwarts. – Acho que essa foi da formatura.
Os dois ficaram ali, sentados, olhando as fotografias durante um bom tempo, em alguns casos rindo das caras sérias de Lílian ao ver James bancando o engraçadinho para a foto, ou implicando com Sirius, ou quando corava ao ganhar um beijo em plena foto, em outros casos apenas observando as pessoas queridas que foram retratadas. Quando já estavam a tempo suficiente sentados dentro do closet, para que suas pernas começassem a formigar, resolveram pegar as fotos que faltavam e levá-las para vê-las na cama. Algum tempo depois, as fotos já haviam sido esquecidas e harry e Gina dormiam, abraçados, esquecidos temporariamente de todos os problemas.
———-
Ao acordar no dia seguinte, Harry estava se sentindo bem melhor. Não que estivesse se sentindo feliz ou contente, mas a angústia que tinha guardado no peito havia praticamente desaparecido e agora conseguia se sentir mais próximo dos pais. Saíram do quarto, levemente constrangidos, afinal Rony poderia fazer uma cena a qualquer momento, mas se surpreenderam ao ver o ruivo saindo de um dos quartos de hóspedes junto com Hermione.
_ Bom dia. Está melhor, cara? – o ruivo perguntou, abraçado à namorada.
_ Er… estou sim, obrigado. – Harry olhou para Gina que também parecia estar desconfiada da atitude do irmão.
Tomaram o café que Lupin providenciara, mas antes que partissem Harry puxou o amigo para um canto e falou:
_ Rony, eu queria te assegurar que não aconteceu nada…
_ Eu sei, fica frio. – Rony o interrompeu, fazendo uma expressão condescendente. – Eu sei que não tinha clima pra vocês… você sabe.
_ Ah, é… claro. – o monstro de Harry o chamou de idiota por não ter aproveitado melhor essa oportunidade. – Então vamos… Lupin já está com tudo pronto.
Levando consigo os tesouros que separara, Harry e os demais se encaminharam para os arredores da cidade, para aparatarem de volta à casa de praia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário