quinta-feira, 25 de outubro de 2012

15. Weasley x Potter



A primeira semana de agosto começou tranqüila. Logo na segunda-feira receberam as corujas de Hogwarts contendo a lista de material para o próximo ano letivo e, para felicidade extrema de Hermione, ela fora nomeada monitora-chefe.
Harry sentiu um grande aperto no peito. Um misto de culpa e tristeza. Quase se esquecera de Dumbledore, com tudo que tinha acontecido no último mês. Como conseguiria voltar à Hogwarts? A escola para ele sempre fora sinônimo de lar. E como estaria o seu lar Dumbledore? Foi tirado de seu devaneio por Gui que chamava a todos para o treinamento. Lupin tinha saído logo cedo para esperar a lua cheia, que apareceria na noite seguinte e por isso o mais velho dos irmãos Weasley iria assumir o treinamento à partir de agora.
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O fato de que desde que tinha agarrado acidentalmente Rony, fazendo com que este e Gui não tirassem os olhos dele para onde quer que fosse, estava deixando seu dia muito mais atribulado. Gina não parava de provocá-lo e ele agradecia a Merlin por Gui estar fazendo com que ele e Neville recuperassem o tempo perdido, pois senão iria acabar tendo que duelar com os cunhados. Se bem que se eles pudessem vislumbrar um ínfimo pensamento dele, provavelmente eles o azarariam na mesma hora, principalmente se fosse num momento como aquele, em que Gina, aproveitando que Rony e ele estavam jogando xadrez e Gui estava ajudando Fleur em alguma coisa, ficava se insinuando por trás do irmão, fazendo com que o moreno tivesse a derrota mais avassaladora dos últimos tempos.
À noite uma grande coruja-das-torres trouxe uma nova mensagem de Carlinhos para Gui, o que deixou Harry e Gina bastante curiosos. Como não podiam chamar a atenção de Rony, Gina disse que ia dar um jeito enquanto ele pegava a capa de invisibilidade. Viu quando ela cochichou algo para Hermione que assentiu e foi falar com o namorado. O moreno não sabia o que a amiga tinha falado, mas agradeceu mentalmente quando ao descer, já invisível sob a capa, viu o casal saindo para o quintal. Aproximou-se da ruiva que já estava esperando e cubrindo-a com a capa, foram até o escritório, onde Gui tinha chamado o pai para conversar.
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Até que aquilo era realmente interessante. Tá! Ele nunca ia admitir isso perto de Hermione, mas aquele livro que McGonagall dera a Harry era bem legal. Ia falar com Gui para ver se podiam treiná-lo o quanto antes. Estava tão concentrado na leitura que só percebeu a garota chegando por trás dele quando esta sussurrou perto de seu ouvido, provocando-lhe arrepios por todo corpo.
_ Ron…
_ Que, Mione? – fechou o livro e deixou-o na mesinha lateral.
_ A noite está tão linda… – ela estava visivelmente corada. – Vamos lá fora…
A morena não precisou falar duas vezes para convencê-lo a apreciar a noite. Assim que saíram da casa, ele abraçou-a fortemente próximo a árvore do quintal. Em um momento trocavam um beijo cheio de paixão. No outro havia mais paixão do que beijo, mas antes que eles perdessem totalmente o controle da situação, ouviram passos e se separaram ao ver Luna e Neville indo para a praia. O ruivo percebeu que Hermione ficara um pouco constrangida e se sentiu mal por isso.
_ Desculpa, Mi. Eu… meio que perdi a cabeça. – mesmo na penumbra dava para ver que ele havia ficado da cor de seus cabelos.
_ Ṇo precisa se desculpar. Eu tamb̩m perdi, ṇo foi? Рela riu baixinho. РAcho melhor a gente procurar um lugar mais discreto.
_ Que tal ali? Рele apontou para o galp̣o do lado da casa.
Hermione foi puxada por Rony até o galpão, entraram com cuidado, para não fazerem mais barulho do que o necessário. Ele sabia que estaria em uma tremenda enrascada se a mãe soubesse que eles estavam ali, principalmente se suspeitasse o que iriam fazer.
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Ela só podia estar ficando louca. Quando poderia imaginar que um dia teria que ajudar Gina a namorar Harry escondida de Rony. Tudo bem que não era nenhum sacrifício fazer com que o ruivo não prestasse atenção em mais nada a não ser nela, mas que era engraçado, era. Logo ela, a “Senhorita Certinha”. Se ela não soubesse que a revolução hormonal, própria da juventude, a ajudava a cometer certas loucuras, acharia que estava sob a maldição imperius. Conteve um riso, que a idéia de estar sob o comando de alguém havia provocado e chamou o namorado para irem lá para fora. Sabia que não precisaria implorar, conhecia bem o namorado para ter a certeza de que ele estava doido para que ficassem sozinhos um pouco.
Já estava quase perdendo a cabeça, por ter sido agarrada daquele jeito por Rony, quando o som de Neville e Luna indo passear na praia, fez com que eles se separassem um pouco. Onde eles estavam com a cabeça? Talvez fosse melhor irem pra outro lugar. Mas qual? Não podia ser na biblioteca, apesar da idéia lhe agradar e muito, pois corriam o risco de encontrar Harry e Gina lá, como da outra vez, e depois do incidente de domingo, para conservar a integridade física do amigo, era melhor que isso não acontecesse. Ouviu Rony dizendo, constrangido.
_ Desculpa, Mi. Eu… meio que perdi a cabeça.
_ Ṇo precisa se desculpar. Eu tamb̩m perdi, ṇo foi? Рela riu baixinho. РAcho melhor a gente procurar um lugar mais discreto.
_ Que tal ali? Рele apontou para o galp̣o do lado da casa.
Até que o galpão não era de todo ruim. Acendeu a varinha para observar melhor. Era como uma pequena garagem sem carro, mas com suporte para vassouras e com várias caixas que Hermione achava que deviam ser as coisas da Toca que estavam guardadas.
Mas todos os pensamentos foram deixados de lado quando sentiu o corpo de Rony encostando no seu e os lábios do ruivo fazendo uma perigosa trilha que iam dos seus lábios até o pescoço. A única certeza que ela tinha era que amava muito aquele ruivo e que também era amada.
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Estava muito difícil ouvir o que Gui e Arthur falavam. Não tanto pelo volume da conversa, perfeitamente audível do lugar onde estavam, colados à porta do escritório, mas porque a proximidade com o corpo de Gina e o perfume floral, estavam deixando ele desconcertado. Procurou se concentrar em ouvir o que diziam do outro lado da porta. Atenas. Eles estavam falando que alguém estava em Atenas. Grécia… Deuses gregos… Deusa grega… Gina usando uma daquelas roupas da Grécia antiga, os cabelos cor de fogo trançados, a pele bronzeada pelo sol do Mediterrâneo…. POR MERLIN! HARRY POTTER! Assim fica difícil de se controlar. Fazendo um incrível esforço para aquietar suas entranhas e diminuir o calor que sentia, deu um pequeno passo pra trás, desencostando seus corpos. A garota percebeu seu movimento e concordou com um pequeno sorriso maroto. Pelo rubor de suas faces também devia estar sendo difícil pra ela se concentrar.
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Merlin, por que eu fui inventar de desvendar aquele mistério? Tudo bem, que no início era só uma desculpa para ficar sozinha com Harry, mas ela realmente queria saber de quem tanto falavam. Contudo ela não conseguia se concentrar em nada quando ficavam assim, só os dois, escondidos sob a capa. A mão dele segurando-a pela cintura para que não se afastassem demais e pudessem vê-los. Ela tinha que estar usando aquela camiseta um pouco mais curta? Quando sentiu o toque das mãos dele na sua pele, sentiu seu rosto começar a esquentar. Tá, não era só o seu rosto que estava quente. Também, ele tinha que ficar grudado? Tinha que respirar próximo a sua orelha, fazendo-a ficar arrepiada? HIPOGRIFOS SALTITANTES! Quem ela queria enganar? Estava adorando! Se ela pudesse, ou tivesse um pouquinho mais de coragem, ou um pouco menos de juízo, já estariam na biblioteca se agarrando. Espera aí. Que é isso? Não é a varinha, porque esta ele guarda no bolso de trás, Nossa! Er… Ele está ficando… animado. Isso já está ficando fora de controle, é melhor a gente parar. Ufa, acho que ele percebeu, pois deu um passinho pra trás. É melhor eu prestar mais atenção ao que Gui e papai estão falando lá dentro. Droga, agora eles estão praticamente sussurrando. Não vai dar pra ouvir mais nada.
_ Harry? Não tá dando pra ouvir mais nada.
_ Hum. – ele engoliu em seco. E assentiu.
_ Vamos sair daqui.
_ Tá. Você… quer voltar lá pra sala?
_ É… – ela corou. – É melhor você guardar a capa.
_ Então tá. – concordou, decepcionando seu monstro particular.
Gina saiu de baixo da capa e rumou para a sala. Harry soltou um longo suspiro e foi até seu quarto guardar a capa. Talvez fosse melhor tomar um banho frio. Será que as pessoas iam ficar querendo saber por que ele tinha tomado dois banhos num período de tempo tão curto? Afinal tinha tomado um banho pouco antes do jantar. Pior: o Rony poderia ficar curioso a respeito daquela sua higiene excessiva. Derrotado saiu do seu quarto e já ia passando pelo quarto das garotas quando sentiu-se sendo puxado para dentro.
_ Ei!
_ Shshsh. Tranca a porta.
_ Gina? Рele fez men̤̣o de acender a luz e acabar com o breu, mas ela ṇo deixou.
_ É claro, ou estava esperando que fosse outra pessoa? Fecha a porta logo e deixa a luz apagada para não perceberem. – ele sentiu quando ela pegou a sua mão e mandando toda sanidade para o fundo do seu cérebro, fez o que ela pedia.
——–
Ela sabia que não devia, mas não se conteve. Desde domingo eles não conseguiam ficar sozinhos por nada mais que alguns minutos. E hoje, depois de mais uma tentativa de investigação, não deu para segurar. Precisava sentir aqueles lábios, precisava ficar entre aqueles braços, precisava… Era melhor ela não precisar de mais nada. Quando chegou de volta à sala, deu uma desculpa qualquer para a mãe, disse que ia se recolher e subiu para o seu quarto. Ouviu quando ele ia saindo do cômodo ao lado e puxou-o pra dentro. Ela não ia fazer nada demais, não é? Só namorar um pouquinho. Só matar um pouco o desejo que a estava impedindo de agir normalmente
Não saberia dizer quanto tempo ficaram ali, matando a saudade dos beijos e carinhos um do outro, até que perceberam que alguém tentava entrar no quarto. Se separaram e procurando se recompor o mais rápido possível, a ruiva perguntou, ainda gaguejante.
_ Quem… quem é?
_ Sou eu, Gina. Luna. Está tudo bem aí?
Gina soltou um suspiro aliviado. A loira não era problema. Viu que Harry já estava pronto pra sair, deu um sorrisinho, acendeu a luz e abriu a porta para a amiga.
_Ah! Oi Harry, já está indo? – o rapaz corou e assentiu. – Desculpe, eu não queria atrapalhar, mas todo mundo já está se recolhendo e eu acho que o Rony e a Hermione também já vão subir. Então vi que era uma boa hora para vir deitar, sabe…
_ Sem problemas, Luna. – a voz de Harry saiu com dificuldade. – Boa noite.
_ É, Lu. – deu um selinho no namorado que já estava indo para seu quarto. – Boa noite, amor. – fechou a porta e virou-se para a amiga. – A gente não estava fazendo nada demais.
_ Claro que não. – Luna já estava arrumando a própria cama. – A propósito, Gina. Você está com uma marca no pescoço. – falou ao caminho do banheiro, aonde ia se arrumar.
Merlin! Será que Hermione sabia algum feitiço para fazer aquilo sumir? A ruiva começou a se preparar também para dormir. Ainda podia sentir o perfume de Harry. Será que se fosse logo dormir, sonharia com ele? Notou quando a amiga, já pronta, entrou sob os lençóis e começou a conversar com ela sobre ter ido procurar qualquer coisa com Neville.
_… ele disse que tinha visto um equidnolampos lá perto da pedra…
Talvez tenha sido melhor terem sido interrompidos. Ela estava a ponto de cometer uma loucura e sabia que ele também. Podia ver o desejo nos olhos dele. Sinceramente ela não estava conseguindo se concentrar naqueles bichos estranhos da Luna. O que ela estava falando mesmo? Equi qualquer coisa… Neville levou-a para a pedra e fez o quê mesmo? Não conseguia prestar atenção. Calma aí! Neville fez o quê?
_ Luna, o que voc̻ disse? Рela possivelmente tinha entendido errado.
_ Depois dizem que eu é que vivo no mundo da lua. – a garota corou e rindo, continuou. – Eu falei que eu e Neville fomos ver se tinha equidnolampos lá na praia, perto da pedra.
_ Tá. Isso eu ouvi. Mas você falou que o Neville fez o quê?
_ Ele me imprensou contra a pedra. Mas eu sabia que era só uma desculpa dele para a gente ficar sozinho. Porque os equidnolampos ficam próximos aos lagos não em praias. Mas você sabe como é… – sentou-se na cama. – Ele tem aquele jeito seguro dele que eu não consigo resistir.
_ Neville…seguro?
_ Tem sim, Gi. Ele pode até não ser como o Harry ou o Rony, que vivem comprando briga. Mas quando estamos sozinhos ele sabe bem o que quer.
_ Ah! – Gina estava surpresa.
_ Então foi isso. Como a gente estava, assim, meio que se entendendo, desde Hogwarts, aí rolou, sabe…
_ Rolou? Rolou o quê? – a ruiva arqueou a sobrancelha, incrédula. Eles não poderiam ter… Poderiam?
_ Você sabe o que eu estou falando. – Luna voltou a deitar. – O mesmo que você e o Harry faziam aqui esta noite. Bom, talvez um pouco mais, talvez um pouco menos. Não dá para saber, não é…
Quando Hermione abriu a porta deu de cara com Gina e Luna gargalhando. Ao mesmo tempo em que fechava a porta e começava a se preparar para deitar, perguntou:
_ Sobre o que vocês estão conversando?
_ Hermione. Voc̻ sabia que o Neville era um rapaz seguro? Рa ruiva perguntou.
_ Quem?
_ Neville. – Gina continuou. – É que a nossa querida Luna está aqui me dizendo que não resistiu às investidas dele, porque ele sabe o que quer!
_ S̩rio? РHermione agora se sentava de frente para a loira, que assentiu. РE voc̻s esṭo namorando?
_ Sei lá, não perguntei. Eu preferi ficar procurando os equidnolampos…
Diante da cara de incompreensão da morena, Gina explicou:
_ Foi a desculpa que ele deu. Caçar esse bicho aí lá na praia.
Quando Tonks foi se deitar, ainda encontrou as três garotas rindo e conversando sobre rapazes. E ela não pôde deixar de sentir como era bom ser jovem e, mesmo no meio desses tempos difíceis de guerra, na qual eles estavam intimamente vinculados, conseguir ser apenas jovens.
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Quando Harry entrou no quarto, ainda desconcertado por ter sido pego no maior amasso com Gina, ficou aliviado de não ter que se explicar para Rony. Esperou Neville sair do banheiro e ignorando o olhar divertido que este lhe lançou, foi logo tomar um bom banho gelado. Era muito provável que se o Riddle não o matasse, aqueles hormônios iam fazê-lo sem demora. Terminou de se arrumar e após dar boa noite a Neville, que já estava deitado com um sorriso bobo nos lábios, se deitou, apenas alguns segundos antes da porta se abrir para dar passagem a Rony. Foi por pouco! Esse foi o último pensamento de Harry, antes de fechar os olhos e fingir que dormia, para não dar ao cunhado nenhuma oportunidade de questionar nada sobre a última hora.
Ele estava tendo um sonho realmente muito legal em que Lupin trazia, de presente para ele, um cachorro grande e preto, que lembrava seu padrinho transformado. Ele sorria para o cão e chamava-o de Snuffles, mas quando este vinha correndo para ele, com a cauda abanando, ao invés dos latidos normais, ele ouvia claramente este chamando seu nome: Harry! Mas aquela voz não era de Sirius. Era a voz do senhor Weasley. Harry, acorde! E como fumaça a imagem do cão se desfez e ele percebeu que fora só um sonho.
_ Vamos, Harry. Está na hora de levantar. O teste de aparatação é daqui a pouco. – as palavras de Athur acabaram com qualquer vestígio de sono que ele ainda tinha.
Levantou e percebendo que Rony e Neville, que também iam fazer o teste,rapidamente se arrumou. Desceu as escadas correndo e foi logo para a sala de jantar tomar café. Assim que se sentou, ouviu a voz de Hermione recitando para um aborrecido Rony.
_ Não esqueça: 3 Ds. Destino, determinação e deliberação. Concentre-se no destino, focalize-o com determinação e mova-se com deliberação para atingir seu destino…
_ Eu já sei, Hermione. E mesmo que eu quisesse ter esquecido, você não ia deixar, não é? Ficou me relembrando por dias seguidos!
_ Mas como da última vez você…
_ Eu sei que não consegui, ok? Mas dessa vez eu SEI que vou conseguir, tá legal!
Harry se limitou, assim como Neville, a conter um riso frente a mais uma discussão do casal. Sorriu apenas quando Gina entrou e se sentou ao seu lado, dando-lhe um leve beijo.
_ O que aconteceu com esses dois? Рa ruiva perguntou indicando o irṃo.
_ Mais uma discussão.
_ Ah! Então não tem nada de novidade…
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Ele ainda não entendia o porquê de tanta burocracia. Depois que tinham chegado no Ministério da Magia e se dirigido ao setor responsável pelo teste de aparatação, ainda tiveram que esperar numa sala para serem chamados. Lá encontraram alguns colegas de Hogwarts como Dino Thomas, Simas Finnigam e Lilá Brown. Esta ainda tentou mais uma investida em seu relacionamento com Rony, mas ao saber que ele e Hermione estavam namorando, saiu de perto resmungando algo como “aquela cretina conseguiu” e foi conversar com uma aluna da Lufa-Lufa que Harry não sabia o nome.
Depois do que pareceram séculos, os nomes de um por um foram sendo chamados. Eles tinham que aparatar para três lugares distintos dentro de um grande salão. Fora fácil e rápido, mas após o teste tiveram que esperar novamente até que a autorização fosse expedida, o que levou ainda bastante tempo. Quando retornaram para a casa da praia, todos aparatando, já estava na hora do almoço e o ronco do estômago de Rony era facilmente escutado.
Quando terminaram de almoçar, Gui avisou que teriam ainda um tempinho até que iniciassem o treinamento. Harry aproveitou para ficar um pouco com Gina e como está tinha combinado de ensinar Luna a jogar snap explosivo, ele e Neville também resolveram jogar. Depois de duas partidas a loira já tinha aprendido (Pode não parecer, viu, mas eu sou da Corvinal!) e preferiu namorar um pouco Neville na praia.
Harry estava guardando o baralho em seu quarto e pôde ouvir Gui falando para Fleur que iria até o escritório escrever uma carta para Carlinhos. Aproveitando o momento pegou a capa de seu pai. Poderia ver o que Gui escrevia para o outro. Quem sabe assim eles conseguiam descobrir alguma coisa? Já ia saindo do quarto quando Gina entrou dizendo aos sussurros:
_ Harry, o Gui vai…
_ Eu sei, também escutei. Venha, vamos segui-lo e tentar ver o que ele escreve para Carlinhos.
Cubriram-se com a capa e foram descendo as escadas. Olharam para a sala e não viram ninguém. Harry não via a hora de resolverem aquilo. Cada vez mais era uma tortura se encostar em Gina, por baixo da capa, sentindo seu cheiro, percebendo que a respiração dela também se alterava com a proximidade. Ele preferia gastar aquele tempo de outro jeito, como por exemplo ficar com Gina na praia, ou namorar na biblioteca, ou…
_ Tem certeza que quer segui-lo? – falou próximo à orelha dela, que engoliu em seco e apenas movimentou a cabeça concordando.
Andaram mais um pouco, até que ele não conseguiu se conter, apertou-a mais forte pela cintura e beijou sua nuca.
_ Calma, Harry. Рa voz dela saiu pesada como sua respira̤̣o.
Com jeitinho conseguiria induzi-la a irem para a biblioteca. Lá poderiam ficar mais a vontade. Já ia sugerir que desistissem de seguir Gui, afinal não conseguiriam mais entrar no escritório mesmo, quando sentiu a capa que os cobria ser puxada de cima deles de repente. Pronto! Foram descobertos!
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Quando havia decidido continuar a ler aquele livro de feitiços na sala, Rony não imaginou o que o aguardava. Já estava há algum tempo sentado quando decidiu se recostar no sofá, ficando assim encoberto para quem via de fora Quem olhasse da escada, por exemplo, não o veria. Estava num capítulo muito interessante sobre feitiços de confusão quando ouviu Gui descendo as escadas e avisando Fleur que iria até o escritório escrever para Carlinhos. Deveria tentar um desses qualquer hora, não parecia ser tão difícil. Um movimento ascendente com a varinha e… Subitamente seus ouvidos captaram o som de passos na escada e também alguns sussurros. Procurou ficar atento aos baruhos.
_ Tem certeza que quer segui-lo? – a voz de Harry estava muito baixa, mas ele a reconheceria em qualquer lugar.
Não era possível que ele iria ousar fazer isso. Logo com a irmã dele? Ele não ousaria, ousaria? Não poderia ser. Poderia? Ouviu um farfalhar de uma capa e teve a certeza. Ele ousou. Esperou que o farfalhar se afastasse da sala. Eles estavam tomando o caminho da biblioteca. Olhou para o corredor e não viu ninguém. Maldita capa de invisibilidade!
_ Calma, Harry. – sentiu quando seu rosto começou a esquentar após ouvir as palavras da irmã.
Ah, Potter. Você me paga. Num segundo estava seguindo o mesmo caminho dos sussurros, chegou sorrateiramente, até que sentiu sua mão, espalmada à frente, tocar levemente o tecido fino da capa, e com um rápido movimento puxou-a de cima do casal.
_ POSSO SABER O QUE É ISSO?
_ Calma, Rony. Eu posso explicar. РHarry come̤ou, mas foi interrompido por Hermione que saia da biblioteca sobressaltada pelo grito.
_ O que está acontecendo? – a morena olhava de um para o outro.
_ EU FALEI QUE IA FICAR DE OLHO EM VOCÊ, POTTER!
_ Cala a boca, Ronald. – Gina já estava exasperada.
_ O QUE VOCÊ ESTAVA PENSANDO, POTTER? QUE IA FAZER O QUÊ COM A MINHA IRMÃ?
_ Rony, não é nada disso.
Harry viu quando o amigo se aprumou todo e se preparou para o soco que inevitavelmente iria levar, quando a porta do escritório se abriu e Gui interrompeu a discussão.
_ Dá para pararem!
_ Mas Gui, esse daí… – Rony tentou se justificar.
_ Não quero saber. Estou cheio de problemas para resolver, para aturar essa briguinha tola de vocês. – Vamos, que está na hora do treinamento.
_ Mas…
_ Agora, Rony. Depois vocês discutem em paz, que eu não tô nem aí.
Sem dar margem para que os rapazes continuassem com a briga, Gui se encaminhou para o porão empurrando Rony, que estava visivelmente contrariado. Chegando lá explicou que iriam fazer novamente uma rodada de duelos entre eles, começando com Hermione e Neville. A garota pediu calma ao namorado que mais parecia uma fera enjaulada e foi treinar.
Apesar de ter melhorado consideravelmente seu rendimento desde que entrara para a AD, o período passado sem poder fazer nenhum feitiço custou caro a Neville que depois de trocar meia dúzia de azarações com a garota, acabou sendo pego pelo feitiço da perna presa.
_ Muito bem, vocês dois. Pra quem ficou tanto tempo sem praticar, você se agüentou muito bem, Neville. – desfez o feitiço que impedia o garoto de andar.
Os dois foram se sentar e Gui chamou Rony e Harry para começarem o duelo. Rony lançou-lhe um olhar assassino e o moreno percebeu que ele ia receber a surra, adiada pela intervenção de Gui, de outro jeito. Viu quando Hermione pediu para ele não fazer nenhuma besteira, mas sabia que as palavras da amiga não iam surtir nenhum efeito no ruivo. Já ia para o local dos duelos quando Gina o puxou e deu-lhe um beijo. Teve a certeza que a garota tinha feito isso para provocar o irmão, do mesmo jeito que sabia que iria pagar caro por isso. Encaminhou-se para o local do mesmo jeito que um animal vai para o matadouro.
_ Eu quero o melhor de você dois. Procurem não se distrair com nada. – as palavras de Gui chegaram fracas até o cérebro de Harry, que só conseguia notar a concentração de Rony.
Assim que foram autorizados eles se posicionaram. Harry ficou observando o amigo pronto para se defender caso fosse necessário, e ele sabia que seria. Viu quando uma fumaça começou a surgir da ponta da varinha do ruivo, atrapalhando sua visão. Parecia que a fumaça era atraída para ele de alguma forma, pois aos poucos ela foi envolvendo-o. Tentou um feitiço escudo mas esse parecia inútil para aquele tipo de ameaça. Notou que assim ficava bastante vulnerável e sentiu seu corpo ser atingido várias vezes por espécies de chicotadas. Realmente o amigo devia estar com muita raiva dele. Concentrou-se e com um movimento de varinha, varreu com uma lufada de vento toda fumaça para longe. Em seguida, escondendo-se atrás de uma das pilastras, lançou um “estupefaça” ao mesmo tempo em que via um raio cinza saindo da varinha do amigo. O raio cinza lhe acertou o braço, enquanto Rony se desviava com certa facilidade do feitiço de Harry.
Mesmo sentindo uma dor excruciante no braço atingido, procurou manter sua atenção nos movimentos do outro. Sabia que estava pagando o preço de ter se envolvido com a irmã mais nova de seis ruivos ciumentos, e agradecia por somente Rony estar ali duelando com ele, porque sabia que quando se explicasse com o amigo esse iria entendê-lo, mas se fossem os gêmeos ou até mesmo Gui, talvez não tivesse tanta sorte. Se ele podia chamar de sorte o fato de estar sendo atacado por um ruivo enlouquecido.
Sabia que tinha que acabar logo com aquilo. Quando percebeu mais um movimento do ruivo para atacá-lo, Harry aproveitou e conseguiu atingi-lo com um “rictusempra”, ao mesmo tempo em que sentia o mesmo feitiço acertá-lo. Procurou se manter protegido e assim que pôde atacou. Pronunciou mentalmente o feitiço “incarcerous”, mas quando terminou sentiu o estranho efeito de um “petrificus totalis” tomando conta de seu corpo e caiu imobilizado no chão. Eles haviam se atacado ao mesmo tempo, acabando assim com aquele duelo. Ouviu os passos de Gui e suas palavras parabenizando-os.
_ Incrível. Vocês foram ótimos. – virou-se para Harry. – “Finite incantaten”.
Harry sentiu os movimentos voltando ao seu corpo e conseguiu se sentar no mesmo instante que Gina se aproximava com um copo de poção restauradora, com uma expressão assustada.
_ Tá tudo bem? – ele concordou.
_ Só meu braço que ainda está doendo. – apontou a própria varinha para o ferimento. – “episkey”.
_ Rony passou dos limites. Рela estava visivelmente irritada com o comportamento do irṃo.
Harry viu quando Gui libertou o amigo do feitiço do encarceramento e Hermione entregar a ele um copo de poção. Neville, que já tinha percebido que o duelo não tinha sido nada amigável, puxou Luna para fora do porão, logo após Fleur e Gui subirem para a cozinha. Sabia que não poderia deixar para depois. Se aproximou do ruivo que estava sentado no chão apoiado numa pilastra, escutando o fim do diálogo entre este e Mione.
_… deixar ele se explicar.
_ Mione, eu sei o que eu vi, tá legal? – o ruivo levantou a cabeça percebendo a chegada do moreno.
_ Rony, a gente pode conversar?
_ O que você tem para me contar, Potter? Quantas vezes ficou se amassando com a minha irmã debaixo daquela capa? Ou será que você quer me contar como foram esses amassos? – Rony se levantou de um salto e agarrou o outro pela gola da camisa.
_ Quer parar com isso, Ronald! – Gina tentava soltar o namorado.
_ Para, Ron. – Hermione tentava chamar o namorado à razão.
_ Deixa. РHarry falou para as duas. РRony, ṇo ̩ nada disso.
_ Era o que enṭo? Estavam tentando se esconder de quem? Рo ruivo falava sarcasticamente.
_ Do Gui.
Harry pode ver o pedido mudo de Gina para que não contasse. Mas não podia mais deixar que o amigo pensasse que ele estava traindo sua confiança. Pior: não podia deixá-lo pensar mal de Gina. Olhou para a namorada pedindo em pensamento para que ela entendesse, contundo percebendo a decepção no olhar dela.
_ Gui e Lupin têm trocado cartas com Carlinhos, sobre uma pessoa misteriosa. Nós tentávamos descobrir quem é. – sentiu o cunhado afrouxar levemente sua gola.
_ Explica isso direito. Por que você não contou nada antes?
Quando Harry olhou para Gina, esta estava com as orelhas vermelhas de raiva e os olhos faiscando. Não ela, evidentemente, não tinha entendido o motivo dele ter contado. Esperava que pelo menos ela pudesse perdoá-lo.
_ Gina pediu para que nós investigássemos sozinhos. Porque sempre que tem algum mistério, nós três resolvemos juntos…
_ E você estava louco para contar, não é Harry? – a voz da garota mostrava o quanto ela estava furiosa. – Quer saber? Fica aí com seus amigos. Eu vou subir. – virou-se e saiu pela porta como um furacão.
_ Gina, espera!
Harry conseguiu se soltar de Rony, que ainda o segurava, mas foi impedido por Hermione.
_ Deixa ela se acalmar. Depois vocês conversam com calma.
_ Você tá falando sério? – Rony perguntou para Harry.
_ O que voc̻ acha? Que ela ia brigar comigo assim se fosse mentira? Рfalou exasperado. РSatisfeito agora?
_ Desculpa, cara. Mas você tem que admitir que eu tinha razão para agir daquele jeito.
_ Tá tudo certo. – falou desanimado. – Eu vou lá tentar falar com ela.
Quando Harry chegou na sala, Luna avisou-o que Gina tinha saído para a praia, xingando todos os antepassados do rapaz. Sentindo-se ainda pior do que quando foram apanhados por Rony ele se dirigiu até onde a garota se encontrava.
_ Gi. Eu tinha que contar. – ela olhou diretamente para ele.
_ Você tinha que contar… entendo… – dava para ver que ela não entendia. – Você não podia guardar nenhum segredo do seu fiel escudeiro, não é?
_ Ṇo fala assim, Gina. Voc̻ sabe que ele tinha entendido tudo errado. Рele estava come̤ando a perder a paci̻ncia.
_ Será? Eu acho que o meu irmão entendeu tudo muito bem. – ela falava de um jeito duro. – Ou você esqueceu o que a gente fazia sobre a capa? – ela arqueou a sobrancelha.
_ Gina. Mas…
_ Mas o quê? Nós dois sabíamos que a investigação era só uma descupa pra gente ficar sozinho.
_ Então qual é o problema de ter contado pro Rony?
_ O problema, Potter. Foi que eu tinha pedido pra ser um segredo. E você tinha prometido guardá-lo. Só porque era uma besteira, não quer dizer que você podia contar.
_ Não estou te entendendo. Você preferia que seu irmão ficasse achando que a gente estava fazendo certas coisas embaixo da capa, do que ele soubesse sobre a nossa investigação?
_ Primeiro: ṇo acho que a imagina̤̣o dele tenha chegado ṭo longe assim da realidade. Рele sentiu o rosto corar. РSegundo: ̩ uma quesṭo de confian̤a! Voc̻ ṇo guardou um segredo que EU pedi para voc̻ ṇo contar.
_ Não é nada disso!
_ Não. Você tem razão. – ela riu ironicamente. – Você sabe guardar segredos, sim. Quantas vezes vocês três, o trio maravilha, ficaram de segredinhos, nesses últimos anos? O problema é outro, Potter. Você não confia em mim! Eu sempre fiquei de fora, não é mesmo? Essa concessão de deixar eu saber de alguma coisa foi só pra poder me agarrar sem que meus irmãos soubessem?
_ GINA, PARA DE FALAR BESTEIRA! РHarry segurou-a pelos ombros, fazendo com que eles se encarassem. РVoc̻ sabe que ṇo ̩ nada disso.
A garota baixou o olhar e deu um longo suspiro. Depois olhou-o novamente e disse:
_ Me deixe aqui um pouco, sozinha. Eu estou nervosa e é bem capaz de acabar falando alguma coisa e depois me arrepender. – ele soltou-a e deixou os braços caírem ao longo do corpo.
_ Isso se já não tenha falado, não é? – ela tinha sido injusta. – Quando você estiver mais calma e quiser conversar, sabe onde me encontrar. – virou-se e voltou para casa.

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