quinta-feira, 25 de outubro de 2012

14. Bolos, Flores e Novos Hábitos



Neville estava radiante aquela manhã, mesmo após ter sido acordado “delicadamente” por travesseiradas de Rony e Harry. Ele tinha recebido vários presentes dos familiares, inclusive um par de meias roxas de uma tia-avó, e também de seus amigos. Os Weasley deram-lhe um dos famosos suéteres (obrigado, vai ser muito útil no inverno) e uma caixa de penas auto-tinta da loja dos gêmeos, Harry dera uma capa-escudo que também comprara na loja, Hermione uma agenda que avisava com bipes tudo que tivesse sido programado e anotado e Luna, bem, Luna dera, além de uma assinatura anual de “O Pasquim”, uma caixa de bombons em forma de coração, coisa que os amigos não se atreveram a comentar, pois já tinham percebido um certo clima entre os dois. Mas com certeza o presente que ele mais tinha gostado foi o relógio de ouro que a sua avó lhe dera, pois este tinha pertencido a seu pai.
Como Lupin tinha dispensado a todos do treinamento naquele dia, eles passaram o dia todo na praia tomando sol, brincando na água e namorando, é claro. Luna tentava ensinar ao aniversariante como fazer um castelo de areia, mas este, deslumbrado com o bronzeado que a loira estava adquirindo, estava mais desastrado que o normal o que impedia do “castelo” deixar de ser apenas um grande monte de areia. Quando o sol começava a se pôr, Fleur veio chamá-los para que fossem se arrumar.
_ Molly está chamam todos vocês parra se arrumarrem parra a festa. As rroupas de vocês, rrapazes já estam separradas em suas camas.
Quando chegaram ao quarto, Rony e Harry puderam ver calças e camisas sociais devidamente passadas e esticadas sobre as próprias camas.
_ Uau, roupas novas! – Rony olhava para a camisa azul que recebera.
_ Minha avó faz questão que a gente use esse tipo de roupa em dias especiais. – Neville falou constrangido.
_ Sem problemas, cara. É legal poder se arrumar e principalmente ganhar roupas novas. – o ruivo falou dando tapinhas nas costas do amigo.
Harry que ainda não tinha comentado nada, apenas se limitou a aproveitar a conversa dos amigos e entrar primeiro no banheiro e começar logo a se arrumar. O monstro dentro de Harry estava particularmente curioso para saber qual seria o tipo de roupa que Gina iria usar.
——
Apesar de mais ninguém, além dos que já estavam morando lá, ter sido convidado, o clima na casa era de festa. Uma música tocava ao fundo e os móveis da sala ou tinham sido removidos ou empurrados para o canto, para que houvesse espaço suficiente para que pudessem dançar. Quando todos já haviam descido (o mostro dentro do peito do “Eleito” vibrou ao ver o vestido que a ruiva estava usando), a senhora Longbotton pediu silêncio para fazer um brinde.
_ Eu gostaria de propor um brinde ao meu neto. Que você consiga alcançar sempre seus objetivos e ser sempre feliz. – com lágrimas nos olhos, completou. – Eu quero que saiba que descobri que você é o melhor neto que eu poderia querer. – deu um longo abraço em Neville que também estava emocionado.
Na verdade todos ficaram tocados pelas palavras da senhora e também muito felizes, todos ali sabiam o quanto Neville tinha lutado para agradar a avó. Após o brinde todos aproveitaram o momento de descontração proporcionado pela festa e enquanto os elfos serviam comidas e bebidas, seguiram o exemplo de Gui e Fleur e começaram a dançar, inclusive Molly, visivelmente envergonhada nos braços do marido e a senhora Longbotton, à qual Lupin, como um bom maroto, fazia dar voltas, rindo, já que, como Tonks estava de plantão no Ministério, estava sem companhia.
Depois que estavam cansados de dançar, Hermione tinha os pés um pouco doloridos das pisadas que levara de Rony, os elfos trouxeram para a sala um grande bolo de aniversário onde se lia na cobertura “Parabéns, Neville” e havia 17 velas. Quando todos começaram a cantar “parabéns pra você”, Neville, sem sua timidez usual, interrompeu a música, puxou Harry para se juntar a ele e pediu para a senhora Weasley para modificar a cobertura para “Parabéns, Neville e Harry”.
_ Amanhã, quer dizer, daqui a pouco mais de uma hora, é seu aniversário. Então vamos comemorar juntos.
Harry ficou extremamente feliz com o gesto e concordou: _ Se lutamos juntos, podemos comemorar juntos, não é?
—–
Após se fartarem de bolo, a avó de Neville despediu-se de todos e foi se recolher, sendo seguida por Molly e Arthur e logo depois por Lupin. Sob as vistas apenas de Gui e Fleur, os jovens puderam relaxar mais e aproveitar para dançarem músicas mais românticas. Faltando poucos minutos para a meia noite, Harry levou Gina para o quintal. Estava uma noite clara e quente.
_ Que houve, Harry?
_ Nada. Eu apenas queria ficar um pouco sozinho com você. – deu um beijo rápido nela. – E também queria fazer uma coisa…
_ O quê?
_ Espera só um pouquinho. – ele olhava o velho relógio em seu punho. – 5… 4… 3… 2… 1… Agora. – pegou a varinha que, contrariando as instruções de Moody, ele guardara no bolso traseiro da calça e com um leve movimento, conjurou uma rosa vermelha sobre as mãos da garota.
_ É linda! Mas… – Gina olhava confusa.
_ É meia noite, então já posso fazer magia. – ele a puxou para si e sussurrou em seu ouvido, fazendo a garota se arrepiar. – Eu queria que a minha primeira magia liberada fosse para você.
_ Oh, Harry… Eu te amo! – enlaçou-o pelo pescoço e antes de beijar-lhe falou. – Feliz aniversário!
O beijo cálido se tornou apaixonado e o abraço, mais estreito, sem nem perceberem o que ocorria à sua volta. Sentiam apenas um ao outro e ouviam, ao longe, um som que lembrava o de neve caindo. Até notavam que algo tocava suas peles, mas não era frio como neve, era suave como pétala, mas nem se importavam. A única coisa importante mesmo era ficarem juntos e prolongarem ao máximo aquele beijo.
_ Nossa! O que aconteceu… Quem foi… Uau!
A voz de Rony penetrou em suas mentes e o casal enfim se separou. Quando olharam em volta, puderam ver o motivo do espanto do ruivo. Incontáveis rosas vermelhas descansavam em volta deles, algumas ainda caiam levemente do céu. Todas haviam sido conjuradas por Harry, inconscientemente, durante o beijo. O moreno olhou no fundo dos olhos castanhos e disse com um sorriso maroto.
_ São pra você. – Gina corou e com um leve sorriso respondeu baixo, para que somente ele ouvisse.
_ Se isso foi por causa de um beijo, eu fico imaginando o que mais pode acontecer…
O rapaz ficou impressionado com as palavras da namorada, seu monstro urrava e a conhecida pulsação no baixo-ventre ficava cada vez mais forte, mas logo procurou se conter quando percebeu que não só Rony e Hermione estavam se aproximando, como também os outros que ainda estavam acordados.
_ Isso é que é começar em grande estilo! – Gui falava enquanto pegava algumas rosas e entregava à Fleur. – Valeu, cunhado. Eu tinha mesmo que fazer uma média com a esposa. – a francesa ria do marido.
_ Parab̩ns, cara. РRony se aproximou dando-lhe um abra̤o. РO presente te dou depois.
_ Obrigado, Rony. РHarry ria enquanto era abra̤ado por Hermione.
_ Feliz aniversário, Harry. – e virando-se para Gina, a morena falou. – Vou pegar algumas pra mim, tá? Porque se depender do seu irmão, ele não conjura pra mim nem uma folha.
_ Ah, Mione. Quer parar! Eu fiz nevar uma vez.
_ Há meses atrás, na aula de transfiguração e sem querer!
_ Mas eu tava pensando em você.
_ Rony. Francamente! Naquele dia você só percebeu a neve quando eu falei e te fiz parar…
_ Ei, vocês dois. Não vão começar agora, né? – Harry se colocou entre os dois, passando os braços por seus ombros, num abraço amigável. – Pensem nisso como um presente: um dia inteiro sem discussões bobas.
Todos riram da cena e o casal ficou encabulado, apenas olhando as flores a seus pés. Resolveram entrar para continuar a comemoração dentro da casa, procurando é claro carregar, cada um, a maior quantidade de rosas possível. Para provar que ia atender ao pedido do amigo, Hermione deu um selinho em Rony que entregou à garota uma grande braçada de flores que havia pegado. Ela deu um pequeno sorriso e quando já estava quase entrando, sentiu os pequenos flocos gelados caindo sobre si. Como era verão não teve como se enganar sobre a origem da neve: Rony. Num impulso se virou e ainda carregando as flores, correu ao encontro do rapaz que apesar de continuar conjurando neve em cima dela, a segurou pela cintura e a girou enquanto ela gargalhava.
_ Eu te amo, sua boba. – ele parou de rodar e olhou-a apaixonado.
_ Eu te amo, seu legume insensível. – ela retribuiu o olhar com um beijo ardente, enquanto as rosas eram esquecidas no chão.
———–
Harry tinha ido deitar, como quase todos, muito tarde. Depois que trouxeram as rosas pra dentro, (Rony e Mione ainda ficaram bastante tempo sozinhos no quintal, mas ele achava que brigas não fariam com que eles voltassem todo amassados e corados) ainda ficaram um bom tempo na sala, conversando e rindo, entre outras coisas. Então quando sentiu algo atrapalhando seu recém começado sono, por um minuto ele achou que fosse sonho, ou até mesmo um pesadelo, mas as risadinhas abafadas e o conhecido perfume floral, além de incômodas cócegas, o fizeram perceber que estava sendo acordado. Sem nem ao menos abrir os olhos puxou a pessoa que lhe acordava e prendeu-a num abraço, ainda deitado.
_ Que id̩ia foi essa de me fazer cosquinhas, senhorita Weasley? Рsussurrou e abriu os olhos para v̻-la.
_ Feliz aniversário! – ela limitou-se a sorrir e falar também baixinho. – Como sabia que era eu?
_ Seu perfume… – acomodou-a melhor ao seu lado e voltou a fechar os olhos, o sono sumindo por completo. – …e o fato de ser a terceira vez nesta semana que você faz isso. Agora fica quieta que eu quero dormir.
_ Harry! Voc̻ ṇo vai abrir os presentes? Рela riu e se ajeitou melhor sob as cobertas, deixando-se ser abra̤ada.
_ Depois. Agora quero terminar de dormir. Eu estava sonhando…
_ Comigo?
_ Ṇo. Com quadribol e tortas de caramelo. Рele entreabriu os olhos e riu.
_Então tá. Fica aí sonhando com vassouras e doces. – fez menção de se levantar. – Eu vou descer.
_ Vem cá! – puxou-a novamente e prendeu-a debaixo de si. – E se eu disser que você também estava no sonho. – ela levantou a sobrancelha. – Sério. A gente ganhava uma partida de quadribol e comemorava comendo as tortas de caramelo.
_ Só isso? – ela fez uma expressão decepcionada. – Imaginei destinos melhores para as tortas de caramelo. – ela sorriu e mordeu o lábio, fazendo Harry imaginar por que teriam ligado o aquecedor dentro do quarto.
_Ruiva, não me provoca!
Gina riu e olhou-o de um jeito que a única saída para ele foi dar-lhe um beijo apaixonado. Por longos momentos esqueceram onde estavam e que Rony dormia na cama ao lado, podendo fragá-los a qualquer momento. Enquanto ela acariciava suas costas (onde tinha ido para a sua camisa?), ele beijava-lhe a boca ardentemente. Aos poucos os corpos se amoldaram e os lábios do rapaz foram encontrando outros destinos: queixo, orelhas, pescoço, ombros… até que um ronco alto de Neville os fez subitamente tomarem consciência de onde estavam e do que estavam fazendo. Ofegantes e um tanto assustados, eles apenas se olharam. Harry deu um beijo leve em Gina antes de sentar na cama e passar a observar os próprios pés.
_ Eu… eu vou tomar um banho… frio. – sentiu seu rosto queimar. – Depois eu desço, ok?
_ Tá… Eu te espero lá embaixo. – ela também estava corada.
—–
Depois de um banho frio que acalmou-lhe as entranhas, Harry trocou rapidamente de roupa e encontrou a ruiva esperando por ele na sala, junto com sua mãe e seu pai.
_ Bom dia. – cumprimentou a todos e sentou ao lado de Gina, dando-lhe um beijo de leve.
_ Bom dia, amor. Dormiu bem? – o rapaz ainda ia descobrir como ela conseguia fingir tão bem.
_ Dormi, obrigado. E você?
_ Também. Feliz aniversário! – o sorriso cínico da ruiva só era comparado ao dos gêmeos.
_ Oh, querido. Feliz aniversário. – Molly se aproximou puxando-o para um forte abraço, sendo seguida pelo senhor Weasley.
_ Parabéns, meu rapaz. Tome o seu presente. – entregou-lhe uma estreita caixa enfeitada com um laço branco.
Quando Harry abriu a caixa, a surpresa ficou evidente em seu semblante. Nela descansava um relógio de ouro, semelhante ao que Rony ganhara em seu aniversário.
_ Eu… Obrigado… mas eu não posso aceitar… – o estômago do moreno afundara e uma grande emoção tomou conta dele.
_ Harry, você é como um filho pra nós. – Arthur falava segurando seus ombros. – E é uma tradição dar ao filho um relógio desses na maioridade. Por favor, nos dê esse prazer.
Harry só conseguiu abraçar fortemente o homem à sua frente. Por um momento imaginou que estava abraçando seu pai e as lágrimas se formaram involuntariamente nos olhos verdes. Quando sentiu que a senhora Weasley se juntara a eles, num abraço triplo e que esta acariciava seus cabelos negros, num gesto tipicamente materno, não conseguiu mais se segurar e algumas lágrimas escorreram por sua face.
_ Muito obrigado. Por tudo. – soltou-se do abraço e voltou a sentar ao lado de Gina, que também tinha os olhos rasos d’água.- Vocês são a minha família.
Enquanto Molly era abraçada pelo marido que secava seu rosto também molhado pelo choro e Harry colocava seu presente no braço, Gina entregou ao namorado uma pequena caixa quadrada.
_ Tome. Esse é o meu.
_ Pensei que tivesse recebido meu presente lá em cima. – ele sussurrou de forma que só ela escutasse, fazendo que ela ficasse mais uma vez da cor de seus cabelos.
Abriu a caixinha e tirou de lá uma fina corrente com um pequeno medalhão, que quando Harry abriu sentiu novamente um baque. Dentro do medalhão seus pais sorriam e acenavam para ele.
_ Eu consegui uma foto deles e pensei que talvez você…
_ Eu adorei, obrigado. – abraçou-a fortemente, escondendo assim mais algumas lágrimas que teimaram em cair.
Ainda abraçados ouviram a senhora Longbotton chamá-los, junto com Neville, para o café e Lupin descer as escadas. Harry já estava mais tranqüilo, ou seja menos emocionado, quando viu Hermione e Rony descerem as escadas pouco depois de Luna.
_ Algum de vocês poderia me explicar de onde vieram tantas rosas? – a avó de Neville perguntava aos jovens sentados à sua volta.
Com um pedaço de bolo a meio caminho da boca, Harry ouviu quando, praticamente em uníssono, Luna, Rony, Hermione e Gina disseram seu nome. Engoliu com dificuldade a comida que já estava em sua boca e respondeu encabulado.
_ Er… desculpe… foi meio sem querer.
_ Como assim, sem querer? São centenas de rosas! – Tonks, que acabara de chegar de seu plantão, estava admirada.
_ É que… bem… eu não tive a intenção de conjurar… tantas – sentiu seu rosto aquecer.
_ Bom dia a todos. Feliz aniversário, cunhado. – o moreno foi salvo pela chegada de Gui e Fleur.
_ Bonjour. Parrabéns, Árry. – Fleur deu-lhe dois beijos nas bochechas.
_ Sobre o que estão conversando? – se Gui não fosse tão grande! Ele tinha que voltar ao assunto?
Rony fez um olhar divertido e falou antes de morder uma torrada.
_ As rosas de Harry.
_ Foi tão rromântico, não foi, mon chér. – a francesa falava com um sorriso bobo nos lábios, olhando para o marido. – Vocês prrecisavam terr visto. Ele conjurrando as florres sem nem perrceberr, enquanto beijava a pequena Gina.
O instinto homicida de Harry só não foi maior que a vontade de sumir enquanto todos riam ao imaginar, ou lembrar, a cena. Onde estava sua capa de invisibilidade quando se precisava dela? Sentiu quando Gina pegou em sua mão e sorriu amarelo quando ela falou baixinho.
_ Não liga não. Eu adorei.
—–
Assim que terminaram o café, Harry recebeu os outros presentes: uma assinatura do “Pasquim” de Luna (Valeu, Luna.), um colete escudo de Neville (Legal, tivemos praticamente a mesma idéia.), uma mochila, de Hermione, que o tamanho interno se adaptava às necessidades do dono (Nossa! Obrigado, Mione.), um par de luvas de couro de dragão de Remus e Tonks (Uau, valeu.) e um dos tradicionais bolos de Hagrid, que Edwiges acabara de deixar sobre seu colo, antes de começar a bicar a orelha do rapaz, como que parabenizando-o.
Em vários momentos naquele dia Harry se esqueceu de tudo o que ainda teria que enfrentar. Eram só ele, seus amigos e sua família. Principalmente quando estava junto de Gina, namorando, ou apenas observando enquanto ela brincava com Arnold, ou mesmo quando não fazia nada, como agora que estava apenas cochilando com a cabeça apoiada em seu colo enquanto ele lia um livro sobre quadribol.
—–
À noite as flores de Harry já tinham sido esquecidas e até mesmo Fred e George, que haviam chegado no meio da tarde e já sabiam do ocorrido, pareciam ter dado uma trégua ao rapaz, provavelmente como um presente de aniversário. A senhora Longbotton mandou preparar um jantar especial e como sobremesa os elfos trouxeram mais um bolo de aniversário. O rapaz retribuiu o gesto de Neville na noite anterior e chamou-o para o seu lado, enquanto todos cantavam “parabéns pra você” (os gêmeos num ritmo bastante lento por sinal).
Depois de repetir o bolo umas três vezes, Harry foi para o quintal, admirar a bela noite que fazia, junto com Gina, para namorarem um pouco, afinal ter seis dos oito Weasley de olhos nele não era nada estimulante. Mas dessa vez teria mais cuidado para não conjurar nada, pelo menos não em demasia.
——
Harry passou boa parte da noite, após o aniversário mais maravilhoso que tivera, sonhando com uma certa ruivinha de cabelos longos e lábios doces. Então quando sentiu uma mão sacudindo-o suavemente, não teve dúvidas de quem estava lhe acordando. Com o cérebro ainda meio embotado pelo sono e sem nem ao menos se dar ao trabalho de olhar, puxou firmemente aquela mão, forçando a pessoa a deitar ao seu lado, dizendo ao mesmo tempo:
_ Gi, eu estou adorando esse seu novo hábito…
Contudo a magia do momento se desfez ao se dar conta do tamanho da pessoa ao seu lado e da voz grossa de Rony gritando à sua frente.
_SE ME BEIJAR, É UM HOMEM MORTO, POTTER! E QUE HISTÓRIA É ESSA DE HÁBITO?
Imediatamente o moreno abriu os olhos e empurrou um Rony, extremamente vermelho e com um olhar assassino, para longe dele, ao mesmo tempo que colocava seus óculos e percebia, pelo canto dos olhos, Neville cair da cama, assustado com os gritos do ruivo.
_ Ro… Rony… que… susto! – a mente de Harry fervilhava a procura de uma saída para aquela situação. Não conseguia nem lembrar o que tinha falado para a suposta Gina.
_ QUERO… EXPLICAÇÕES… AGORA! – Rony agora apontava a varinha para o amigo, encurralando-o contra a cabeceira da cama.
_ O que houve? – a voz de Neville chegava aos poucos aos ouvidos de Harry.
_ Calma, Rony. Eu… eu posso…
Mas foi interrompido pelo barulho da porta do quarto sendo escancarada e pela entrada de Lupin, Gui, Fleur, George, Fred, Tonks, Gina, Luna e Hermione, todos com varinhas em punho e roupões jogados por cima dos pijamas.
_ O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – Lupin gritou, olhando pelo cômodo.
_ QUEM FOI ATACADO? – Gui perguntou, enquanto tentava prender seus cabelos.
Em meio à balbúrdia que agora se instalara no quarto, em pouco tempo todos perceberam, pelo menos quem estava atacando quem, mas nem toda confusão fez com que Rony desviasse seu olhar de Harry e este agradecia aos céus por este não ser um legilimente, senão estaria realmente enrascado.
_ ANDA, POTTER. QUE HISTÓRIA É ESSA DE HÁBITO?
_ O que o Harry fez, Rony? – George perguntou, chegando perto do irmão e olhando desconfiado para o outro rapaz.
_ Eu… eu estava sonhando, Rony. Só isso. – viu quando o olhar do amigo ficou ainda mais perigoso ao apontar a varinha para sua cintura e arquear uma sobrancelha.
_ Quando me puxou, você me pareceu bem acordado, Potter. – Harry sentiu quando suas faces queimaram.
_ Quer parar com isso, Rony. – Gina chegou perto dos irmãos e tentou ficar na frente do namorado, mas foi impedida por um gesto de Fred.
_ Não se mete nisso, Ginevra, que a conversa AINDA não é com você. – a voz raivosa de Rony não deixava dúvidas quanto à sua fúria.
_ Ora, seu… – Harry mandou um olhar suplicante à Hermione, que entendeu e tratou logo de puxar a ruiva para um canto.
_ Calma, Gi. Deixa que eles se entendem. – a ruiva concordou, à contra-gosto, as orelhas vermelhas de raiva.
_ Vocês querem parar com isso e me explicar o que está acontecendo. – Lupin tomara a frente da situação e tentava tirar as varinhas de Rony e George, que mesmo sem saber o que tinha acontecido, também apontava sua varinha para o moreno.
_Eu fui acordar esse aí – Rony espumava de raiva. – E ele teve a cara-de-pau de me chamar de Gina e me agarrar.
Remus conteve uma gargalhada, coisa que Tonks e Luna não fizeram, enquanto Hermione tentava puxar Rony para longe de Harry e Gina corava, não se sabe se de mais raiva ou de vergonha. Gui e Fred deram um passo à frente e o mais velho, apesar do olhar fixo no rosto assustado do moreno, que ainda olhava Rony, falou baixo:
_ Deve ter sido APENAS um mal-entendido, Rony.
_ Mas… me larga, Mi. – Rony tentava se soltar de Hermione.
_ Isso, Gui. Não foi nada. Podem voltar para seus quartos. – Lupin com toda a sabedoria marota, adquirida no convívio com James e Sirius, percebeu que era hora de acabar com aquela cena e apaziguar os ânimos.
Sob o olhar aliviado de Harry, George e Fred foram saindo junto com Luna, Tonks e Fleur, enquanto Neville dirigia-se sorrateiramente para o banheiro.
Hermione ainda tentava afastar Rony do amigo e Gina permanecia paralisada perto da porta, com uma expressão entre divertida e preocupada.
_ Agora que a maioria já saiu, você pode me dizer o que aconteceu aqui? – Gui olhava diretamente para o moreno que não conseguia manter o olhar fixo no cunhado.
_ Eu, bem… – pense rápido, vamos. – …estava sonhando… é. E o Rony… bem, eu não sabia que era o Rony… eu achei que…
_ Ele achou que era a Gina. – o ruivo agora apontava para a irmã. – E me agarrou dizendo algo sobre hábito.
Lupin e Gui arquearam as sobrancelhas ao mesmo tempo.
_ Eu estava dormindo! – se saísse dessa, ele jurava que passaria a tratar Kreacher como este merecia. Bem isso não era sacrifício, já que o elfo era detestável.
_ Gina. – Gui chamou a irmã. Uma conversa sobre feitiços anticoncepcionais ainda recente em sua memória. – O que você tem a dizer sobre isso?
Só neste momento Harry pôde realmente ver a namorada, mas nem tentou apreciar a vista que o robe, meio aberto, dava do corpo dela (coisa que deixou seu mostro particular extremamente irritado), com medo dos cunhados perceberem. Limitou-se a olhar para o rosto indecifrável dela.
_ O que eu tenho a dizer? Só uma coisa: Eu nem estava aqui! – o tom de voz dela e as mãos no quadril, davam medo até em Harry. – E outra: como eu posso controlar os sonhos de alguém? Por Merlin! E você, Rony. Estava acordando o Harry, por quê?
O vermelho foi sumindo rapidamente do rosto de Rony que arregalou os olhos, lembrando-se do motivo que o levou a acordar o amigo e vendo-se num beco sem saída. Não podia dizer na frente de todos que ia pedir a capa de invisibilidade de Harry emprestada para entrar no quarto das garotas e acordar Hermione. Deu um rápido sorriso amarelo e disse tentando parecer firme.
_ Não… não interessa. É assunto meu.
Mais aliviado, Harry sentou-se na cama e soltou um longo suspiro, quando Lupin e Gui decidiram que realmente tinha sido um grande mal-entendido, Hermione e Gina foram para o quarto delas trocar de roupa, Neville, já totalmente arrumado saia do banheiro e descia para tomar café, visivelmente prendendo os lábios para não rir, enquanto Rony limitava-se a encostar na parede e olhar para o amigo.
_ Tô de olho em você, Potter.
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Meia hora mais tarde, Harry desceu as escadas sentindo que seu coração ainda pulsava na garganta, ao ver quatro pares de olhos observando-o friamente. Se ele se descuidasse não sobraria muito dele para duelar com o “cara-de-cobra”. Esse sentimento piorou ainda mais quando Lupin o chamou num canto, no meio da manhã, para avisá-lo que ia ajudá-lo com aulas de oclumência, pois se ele queria manter os “novos hábitos” teria que despistar Gui que estava aperfeiçoando a legilimência. O que deixou o rapaz com a certeza de que escapara por pouco e se desse um mínimo de motivo, estaria irremediavelmente em sérios apuros.
O resto do dia passou em câmera lenta para Harry, provavelmente porque se sentiu vigiado o dia inteiro e por isso tomou cuidado com todos os seus atos, o que o impediu de ficar sozinho com Gina. O mostro dentro dele ficou quietinho e Harry percebeu uma certa semelhança deste com Canino, já que os dois na hora do perigo se acovardavam.

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