quinta-feira, 25 de outubro de 2012

23. A Felicidade Está no Ar


Hermione espreguiçou-se mais uma vez antes de terminar de descer as escadas rumo a sala comunal. Sorriu levemente ao lembrar de como tinha sido acordada com as lambidas carinhosas no rosto dadas pelo alegre cãozinho em que se transformava o patrono de Rony. Era inacreditável como ele havia dominado tão facilmente esse feitiço, que agora o fazia levar mensagens de uma forma que ela só via bruxos mais experientes fazendo, e Harry, é claro.
Para Rony ter lhe acordado tão cedo, era porque realmente precisava falar com ela, só esperava que não fosse nenhuma notícia ruim. Avistou-o de cabeça baixa em frente à lareira e começou a se preocupar. Será que Harry tinha voltado de seu “passeio” com Gina e revelado detalhes da reunião da Ordem? Será que tinha acontecido algum ataque? Mérlin, será que algum Weasley tinha sido ferido? Se aproximou rapidamente e ajoelhou-se em frente ao namorado, tocando em seu ombro.
_ Rony, o que foi? Aconteceu alguma coisa? – Rony ergueu os olhos e encarou-a.
_ Aconteceu, Hermione.
_ Aconteceu o qu̻? Mais ataques? Algu̩m ficou ferido? Рa garota sentia seu cora̤̣o acelerar de apreenṣo.
_ Não, Mi. Eles… eles fizeram. – a voz de Rony era apenas um sussurro, mas foi suficiente para que o medo desse lugar à curiosidade.
_ Eles quem, Rony? Fale logo!
_ O Harry e a Gina… eles fizeram… Ah, você sabe!
_ Não sei, mas pela sua cara posso imaginar o que seja. – ele fez uma careta ainda pior ao ouvir as palavras da namorada. – E como você tem certeza que eles, bem… fizeram?
_ Ele chegou agora cedo, Mione. Agora na hora que eu levantei. – as orelhas do rapaz começaram a ganhar um tom avermelhado quando ele concluiu derrotado. – E estava com aquela tradicional cara de bobo…
_ Ahm?
_ Aquele sorriso “sou o cara mais feliz do mundo” que a gente fica depois de ter dormido com uma garota…
_ Como assim ter dormido com uma garota? – Hermione franziu o cenho.
_ Uma garota que amamos Mi. – Completou ele vendo-a sorrir.
_ Agora ficou melhor, mas não esqueça que você ficou com essa cara também, obviamente… – Hermione não escondia um sorriso por causa do rumo da conversa.
_ Provavelmente… – ele pareceu tentar resgatar uma memória em sua mente, mas balançou a cabeça como que para sair do devaneio. – Mas a questão não é essa.
_ E qual é a questão?
_ A questão é que se eles fizeram, o que acredito que fizeram… – a garota o interrompeu.
_ Dormiram juntos.
_ Isso. Se eles fizeram… “isso”, o que eu vou fazer?
_ Sinceramente eu espero que nada. – ela agora tentava a todo custo não rir. – Não me parece agradável a visão de você fazendo qualquer coisa junto de Harry e Gina, “nesse” sentido.
_ Hermione!
O grito abafado do rapaz atraiu os olhares curiosos de alguns quartanistas que desciam as escadas vindos do dormitório. Hermione revirou os olhos ao ver a irritação do rapaz por uma coisa que ela achava muito natural de ter acontecido, afinal Harry e Gina já namoravam há mais tempo que ela e Rony e eles já tinham passado por essa fase. Percebeu que eles não conseguiriam conversar direito ali no salão e resolveu que era melhor procurarem um lugar mais tranquilo e vazio, onde não corressem o risco de serem ouvidos ou interrompidos.
_ Vem, vamos para um lugar mais sossegado. Рpuxou-o pela ṃo pelos corredores at̩ encontrarem uma sala vazia, onde entraram e trancaram para que ningu̩m atrapalhasse a conversa. РPronto, Rony. Agora me diga: qual o problema afinal?
_ Eu já disse, Hermione. Eu tenho quase certeza que eles passaram a noite juntos! – ele começou a andar de um lado para o outro enquanto a garota apenas sentou na mesa do professor.
_ E eu continuo perguntando. Qual é o problema?
_ O problema? – ele parou e olhou-a nos olhos. – O problema é que se minha mãe souber que a garotinha dela não é mais tão inocente quanto ela imagina, vai acabar sobrando pra mim, que sou o melhor amigo do namorado dela! O problema é que meus outros irmãos quando descobrirem, vão poupar o trabalho de Voldemort e acabar eles mesmos com o Harry! O problema…
_ O problema ̩ que voc̻ ṇo sabe como agir com eles agora, ṇo ̩? Рela o interrompeu.
_ É… – ele virou-se e ficou observando a paisagem que aparecia pela janela e falou num fio de voz. – Eu tenho medo do que possa acontecer com eles mais pra frente… Se acontecer alguma coisa com o Harry, a Gina não vai suportar.
_ Não vai acontecer nada com o Harry, Rony! – ela levantou da mesa e se postou atrás do namorado, tocando seu braço num pedido para que a olhasse.
_ Eu espero realmente que não. Mas temos que ter em mente todas as possibilidades…
_ Você acha que se eles não ficarem mais… íntimos, ela vai suportar melhor se algo vier a acontecer? – o ruivo pareceu considerar a situação antes de responder.
_ Não.
_ Voc̻ acha que o fato de termos dormido juntos pode nos atrapalhar no futuro? Рo olhar era cheio de carinho e expectativa, e Rony a tomou nos bra̤os, enquanto respondia com o rosto enterrado nos cabelos castanhos.
_ Claro que não! Você é minha fortaleza. Agora mais que nunca. Você sabe que eu te amo e que cada vez que estamos juntos é como se eu me reabastecesse de energia, de vida… – afastou o rosto o suficiente para que se olhassem nos olhos. – Acho que não suportaria essa pressão toda em que a gente está enfiado até o pescoço, se não fosse por você estar ao meu lado.
_ E você acha que com o Harry é diferente?
A voz de Hermione estava embargada pela emoção de ouvir aquela declaração que Rony acabara de fazer. Ele continuou olhando-a nos olhos, como se isso fosse vital para que conseguisse raciocinar com clareza. Soltou um suspiro curto, soltou-a e ficando de costa para ela, respondeu:
_ Não. Pra ele deve ser até pior… ele tornou a ficar de frente pra ela. – É que é tão estranho. Se ele não estivesse namorando a minha irmã, eu provavelmente estaria dando a maior força. Só a gente sabe o quanto Harry precisa de carinho, de se sentir amado, de relaxar e não se preocupar com aquela maldita profecia. Mas… É a minha irmã, Mione. Não tem como eu deixar de ser protetor. Eu sei que ela não precisa de toda a proteção que eu e meus irmãos damos, mas é como um hábito…
_ Entendo. Vocês sempre protegeram ela, agora fica difícil de parar.
_ É…
_ Sabe que você assim, preocupado com o destino da sua irmã é tão… fofo! – ela tinha um sorriso calmo no rosto e ele levantou uma sobrancelha.
_ Fofo?
_ É. – ela sorriu enquanto sentia seu rosto corar pela intensidade do olhar que ele dava.
_ E o que mais?
_ E quem disse que tem mais? РRony se aproximou e enla̤ou-a pela cintura, ainda com o olhar penetrante.
_ Vai me dizer que você não me acha bonito, charmoso… – ele começou a beijar-lhe pescoço. – … sexy…
_ Modesto… – Hermione completou sentindo um calor começar a se espalhar por sua pele.
_ Se você está dizendo… – murmurou com os lábios encostados nos dela e fazendo com que seus olhos se encontrassem mais uma vez. – Deixa eu te mostrar o quanto eu sou modesto.
_ Rony! – exclamou ao sentir as mãos fortes do ruivo subindo por suas pernas, fazendo-a começar a perder o rumo dos pensamentos. – Eu pensei que a gente ia…
_ Ia o que, Mi? Рuma das ṃos dele agora tinha achado uma abertura na camisa dela.
_ Procurar saber sobre a reunião da Ordem. – suas mãos agora tinham vida própria e passeavam pelas costas dele.
_ Que reunịo, Mione? Рsussurrou, com toda sua concentra̤̣o voltada para conseguir beijar o ponto certo que a fazia arfar.
_ A de ontem, Ron. – falou num fio de voz, seus pensamentos cada vez mais desconexos.
_ Depois, Mi. Depois.
Sentindo um arrepio percorrer todo o seu corpo, ela afastou para o canto de sua mente todas as preocupações com aqueles tempos difíceis de guerra e se entregou ao seu porto seguro. Oras, ela também precisava de um pouco de distração! Não que Rony fosse apenas uma distração, mas ele a fazia esquecer de tudo a sua volta. Sem parar para raciocinar, beijou Rony com paixão, enquanto sentia os músculos dele se retesarem ao seu toque. Os olhos castanhos brilharam de desejo quando ele se afastou ligeiramente para em questão de segundos tirar a camisa, deixando a mostra uma boa parte do ruivo.
_ Oh, como eu amo o quadribol! – ele sorriu com malícia e ergueu uma sobrancelha ao ver o olhar dela sobre si.
_ Mais do que a mim? Рela sorriu encabulada quando ele a abra̤ou novamente, sentindo o peito forte dele comprimir o seu.
_ Bem, é por causa dele que você é assim, então… – passou a ponta do dedo indicador pelo peito do rapaz que se arrepiou.
_ Quer dizer que você só está interessada nesse corpo? – ele beijou o canto de sua boca e ela enlaçou-o pelo pescoço.
_ Não esqueça dos olhos azuis.
_ Pensei que o que atraia você era a minha sensibilidade… – ele agora mordiscava seu pescoço.
_ E o amor aos livros… – novamente sua mente estava nublada pelo desejo que cada vez mais fazia seu corpo arder.
- Isso… os livros… – as mãos dele já marcavam novamente a pele da garota.
_ Rony! Рela falou num murm̼rio exasperado.
_ O que é? – ele parou com as carícias e olhou-a.
_ Cala a boca! Рfoi um pedido e ṇo uma ordem.
_ Se você insiste…
Realmente nenhum dos dois pronunciou mais do que gemidos ou frases sem sentido até o momento que saíram dali, direto para o salão principal na hora do almoço.
—–
Depois de ter dormido por algum tempo, durante o qual conseguiu em sonho reviver os últimos acontecimentos vividos com Gina, Harry acordou ainda se sentindo estranhamente feliz. Sabia que seu contentamento se devia em parte a inesperada compreensão de Rony. Não havia imaginado que o cunhado fosse agir daquela forma quando descobrisse que ele e Gina já estavam… no próximo estágio do namoro. Mas também não imaginava que ele fosse descobrir tão rápido! Menos de doze horas depois! Devia ser algum tipo de recorde. Harry franziu o cenho, fazendo uma careta engraçada ao se olhar no espelho, tentando verificar a possibilidade das palavras “foi incrível” estarem escritas na sua testa, ao lado da cicatriz.
Trocou de roupa rapidamente e saiu do dormitório cantarolando, esbarrando num surpreso Simas que podia jurar que o “menino-que-sobreviveu” devia estar sob a Maldição Imperius, pois nunca o vira com um sorriso tão grande na face. Desceu as escadas pulando os degraus, parando abruptamente no salão comunal ao ver a garota dos seus sonhos sentada numa poltrona perto da janela, conversando com alguns amigos.
Gina não precisou se virar para confirmar o que seu corpo e seu coração já sabiam: Harry tinha finalmente descido do dormitório. Sentiu o perfume que lhe embotava os pensamentos e o olhar dele sobre si, causando um leve estremecimento de seu corpo. Ainda tinha dúvidas de que tudo que ocorrera tinha sido real, mas o sentimento de plenitude que preenchia seu corpo e sua alma, fazia com que as incertezas sumissem imediatamente. Sorriu ao sentir os braços de Harry abraçando-a por trás enquanto cumprimentava seus amigos.
_ Bom dia a todos. – completou, sussurrando em seu ouvido. – Dormiu bem?
Gina soube imediatamente que corara pelas expressões divertidas que algumas de suas colegas faziam. Tentou reduzir, falhando miseravelmente, o sorriso que se formou em seus lábios ao responder.
_ Incrivelmente. Рele puxou-a pela ṃo, fazendo com que se levantasse.
_ Vem, vamos tomar caf̩. Estou faminto. Рela riu e depois de se despedir dos amigos falou:
_ Não vamos esperar o Rony e a Mione?
_ Não… – ele fez uma careta engraçada que não passou despercebido por ela, antes de continuar. – Ele já desceu.
_ U̩, eu estou te esperando faz mais de uma hora e ṇo o vi. Рeles caminhavam de ṃos dadas pelos corredores do castelo.
_ É que… bem… ele levantou na hora que eu voltei pro dormitório. – ele falou baixo, sem encará-la.
_ Ele percebeu que você tinha acabado de chegar? – ele assentiu e imediatamente ela se sentiu corar. – E… o que ele fez?
Harry puxou-a para um dos atalhos que davam perto do salão principal e parou de andar assim que não podiam mais ser vistos. Passou as mãos no cabelo antes de olhá-la nos olhos e dizer.
_ Ele sabe.
_ S̩rio? РGina sentiu seus olhos arregalarem, sabia o que aquilo podia significar: muita aborrecimento por parte de seus irṃos.
_ Bom, ele pelo menos tem grandes suspeitas, mas eu conheço ele há tempo suficiente para afirmar que ele sabe o que aconteceu.
_ Mas ele perguntou? Você confirmou? O que ele fez?
_ Bom, ele perguntou onde a gente tinha se metido, e eu disse que tinha contado a verdade para você… Mas ele percebeu, eu não consigo mentir pro seu irmão…
_ E? РHarry aproximou-se e pegou em sua ṃo.
_ E ele pediu pra eu cuidar bem de você. Depois saiu do dormitório e eu fui dormir.
_ Só isso? Sem ataque de superproteção para restaurar a honra da família, nem nada? – ela apoiou as mãos no peito do rapaz que enlaçou sua cintura antes de responder.
_ Não.
_ Nossa, a convivência com a Hermione está realmente fazendo bem a ele.
_ Nem me fale… – ele roçou seus lábios nos dela sussurrando. – Nossa eu tava com uma saudade!
_ Mas nós passamos a noite juntos! – ela sorriu, feliz.
_ Mas ficamos separados por muito tempo depois. – ele mordiscava seus lábios, provocando-a.
_ Menos de quatro horas, Harry. – respondeu num fio de voz.
_ Foi o que eu disse, muito tempo.
——-
Quando Rony e Hermione entraram no salão principal para almoçarem, não demoraram a avistar outro casal que tinha acabado de se sentar poucos minutos antes. Revirando os olhos ao ver a careta que o ruivo fazia ao se aproximarem. Cutucou-o levemente e apertou a mão dele na sua. Aproximaram-se de Harry e Gina que pareciam um tanto distraídos em descobrir quantos minutos poderiam se beijar sem desgrudarem os lábios.
_ Olá. – Hermione falou de repente ao sentar de frente para o casal, fazendo-os pular.
_ Hermione! Quer me matar! – Harry falou assustado antes de completar um pouco constrangido. – Oi, Rony.
O ruivo olhou do amigo para a irmã e apenas acenou com a cabeça. Gina parecia muito concentrada em evitar olhar para o irmão que parecia ter perdido a capacidade de falar.
_ Nós saímos cedo… para dar uma volta, e quando voltamos vocês já tinham descido, então imaginamos que poderiam já estar almoçando. – Hermione tentava iniciar uma conversa entre eles.
_ É que… bem… nós… eu dormi até mais tarde e aí… – Harry foi interrompido por Rony.
_ Tudo bem, não precisa se explicar. – ele tinha a expressão séria voltada para o prato de comida ainda vazio à sua frente. – A gente tem treino hoje, não é?
_ É, temos… – o moreno se sentiu um pouco aliviado pela mudança de assunto.
_ Harry. – a voz de Hermione era um pouco mais que um sussurro, quando resolveu, já no final da refeição, matar sua curiosidade. – E a reunião?
Harry olhou em volta e disse também num tom de voz muito baixo, que fez com que Hermione e Rony praticamente se debruçassem sobre a mesa para escutá-lo.
_ Snuffles está ajudando a encontrar.
_ Agora? – a morena perguntou já num tom mais alto, ao que o amigo confirmou.
_ Enṭo as suspeitas tinham fundamento. РRony olhou rapidamente para a irṃ, desviando antes que ela percebesse, mas foi ela que respondeu.
_ É Rony, fui eu quem escondeu. – Harry imediatamente passou o braço pelos ombros da garota, num gesto protetor e beijou-lhe os cabelos.
_ Não fique assim. A gente já conversou sobre isso.
_ É Gi, você não teve culpa. – a garota olhou para o irmão quando este ao falar pegou em sua mão que estava sobre a mesa, confortando-a.
_ M̩rlin! O c̩u vai desabar. РHermione cobriu a boca num gesto de espanto exagerado. РEsses dois falaram a coisa certa ao mesmo tempo e para a mesma pessoa!
Depois de passado o susto inicial pela fala da amiga os quatro riram, deixando o ambiente bem mais leve do que no início do almoço. Juntos se encaminharam para a faia junto ao lago, onde pretendiam ficar até que começasse o treino do time de quadribol. Mas antes que chegassem, Gina se afastou de Harry e pediu para falar com o irmão. Hermione puxou o moreno pelo braço, prevendo que aquele seria uma conversa importante entre os irmãos.
_ O que é Gina?
Ela olhou para o rapaz a sua frente, que fazia parte da sua vida desde sempre. Sorriu agradecida por tê-lo ao seu lado, e abraçou-o com força, ficando na ponta dos pés para beijar o rosto de seu irmão.
_ Obrigada.
Ele apenas apertou-a mais forte em seus braços e beijou-lhe os cabelos, antes de apoiar a própria cabeça sobre a dela.
_ Não precisa. Eu só quero que você seja feliz.
_ Eu te amo, sabia?
_ Sabia. Afinal eu sou seu irṃo. Рele riu.
_ Mas voc̻ ̩ o meu irṃo preferido. Рele franziu uma sobrancelha.
_ Você já falou isso pro Gui uma vez.
_ Bom, ele tinha me ensinado a voar na vassoura…
_ E pro Carlinhos. – ela pareceu pensar um pouco antes de responder.
_ Ele me ajudou quando fiquei presa na árvore.
_ O Percy. – ela franziu o cenho tentando lembrar.
_ Ah! Ele me deu uma foto do Harry na primeira partida de quadribol que disputou.
_ Fred e George. – Rony tentava se manter sério.
_ Azaração pra rebater bicho-papão e um kit mata-aula grátis… – Gina lutava para não gargalhar, enquanto andavam ainda abraçados em direção aos outros.
—–
Aquele estava sendo um bom treino. Ele realmente adorava voar. Era a coisa que mais gostava de fazer, depois de ficar com Gina, obviamente… Tinha que confessar que era bastante difícil se concentrar na partida com Gina passando vez ou outra espalhando seu perfume pelo ar. Foi tirado de seu devaneio ao sentir um balaço vindo em sua direção. Chamou a atenção de Sloper que havia se distraído e tentou se concentrar no treino. As vezes ficava exasperado com a idéia da diretora de continuarem com o torneio de quadribol, mas quando sentia o vento batendo em seu rosto ao alçar vôo com sua firebolt… Esquecia da guerra e se sentia livre! Talvez McGonagall tivesse razão afinal. Os alunos precisavam se distrair, e pelo que tinha escutado durante as reuniões nesse ano não haveria visitas à Hogsmead, portanto o quadribol seria a única alternativa. E hoje, particularmente, os sentimentos maravilhosos que voar lhe causava estavam ainda maiores. Depois de tanto tempo estava se sentindo plenamente feliz conseguindo até mesmo sentir um pouco de pena do Malfoy, quando contou sobre ele à Rony e Hermione antes do treino.
Depois de passar um bom tempo ensaiando jogadas e melhorando arremessos, Harry liberou o time. Todos estavam exaustos, mas felizes. Num instante estavam no vestiário se trocando para poderem aproveitar o restante do sábado. Harry reparou que Gina demorava mais do que o habitual para terminar de se trocar, ignorando os olhares suspeitos de Rony para ele. O moreno limitou a erguer os ombros, num sinal claro de ignorância e rumou até a sala do capitão para guardar o restante do material que ainda estava espalhado. Assim que abriu o armário para colocar a caixa com as bolas, ouviu as batidas na porta e esta se abrindo, dando passagem à Rony.
_ Quer ajuda? – o ruivo perguntou ainda encostado ao umbral.
_ Com certeza. – o amigo pegou a outra alça da caixa e juntos colocaram-na no lugar. – Obrigado.
_ Não foi nada… Eu só vim avisar que já estou voltando pra Torre junto com a Mione… Ela quer terminar os trabalhos ainda hoje, e… você sabe… – o moreno riu e completou.
_ Sei, ela não vai sossegar enquanto não tiver tudo terminado, não é? – Rony confirmou. – Eu só vou terminar de guardar essas coisas e vou me juntar a vocês. Acho que McGonagall se esqueceu da me liberar dos trabalhos e provas como prometeu. – os amigos deram um sorriso cúmplice um ao outro.
_ Ok, vê se não demora. Com você lá ela tem mais um para pegar no pé.
_ Tá certo.
Harry viu Rony saindo e deixando a porta aberta. Depois de pensar em quanto os dois amigos estavam felizes, o que era muito bom por sinal, voltou a organizar as folhas com diversas táticas à sua frente. Já estava trancando a gaveta quando ouviu a porta sendo fechada e levando a mão instintivamente para a varinha olhou quem tinha entrado. Relaxou e sorriu quando percebeu a expressão maliciosa de Gina.
_ Que foi ruiva? Saudade? – ela confirmou com a cabeça antes de responder.
_ Acho que você me deixou mal acostumada, e também… eu já disse que você fica lindo com o uniforme de quadribol? – ela piscou os olhos fingindo inocência e enlaçando-o pelo pescoço.
_ Você sabe aonde isso vai parar, não sabe? – ele segurou-a pela cintura e a colocou sentada sobre a mesa.
_ Se for ao menos perto do mesmo lugar das outras vezes, eu vou adorar! – ela o provocava beijando-lhe o canto da boca.
Harry murmurou um feitiço em direção à porta que se trancou magicamente e se concentrou no perfume floral que cada vez mais lhe parecia tão vital quanto o ar.
~~~~~~
_ Harry! Você está ai? – perguntou Gui atrás da porta trancada.
_ Es-estou. Só… só um minuto. – olhou para Gina que arrumava rapidamente suas vestes e sentiu o rosto aquecer. Tinha que voltar a andar com a capa da invisibilidade para onde quer que fosse. Desfez o feitiço e abriu a porta para o cunhado. – Pronto… er… desculpe… é…
_ O que hou… Gina! – finalmente os olhos de Gui encontraram a irmã, parada num canto, com as roupas amassadas e os lábios inchados. Olhou dela para o rapaz à sua frente, que se encontrava da mesma forma e não precisou de legilimência para entender o que estava acontecendo. Balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos e voltou ao assunto que o levara ali. – Sirius voltou e quer ver você.
_ Sim, claro. – o rapaz que até aquele instante observava atentamente uma mancha no chão, olhou para o ruivo. – Onde ele está?
_ Na sala da diretora.
_ Obrigado por avisar, Gui. Eu vou agora mesmo falar com ele. – estendeu a mão para Gina e perguntou. – Vamos?
_ Pode ir na frente, Harry, que eu quero dar uma palavrinha com a minha irmã. – Gui tinha uma expressão bastante séria no rosto ao olhar diretamente Gina.
_ Nem vem, Gui. Se você quer conversar alguma coisa sobre nós, então vai conversar é comigo. – Harry se aproximou da namorada numa pose protetora.
_ Vocês não acham que estão indo rápido demais? – o rapaz ignorou o moreno e perguntou à irmã, que não se conteve e explodiu.
_ Ah não, Gui! Você pensa o quê? Que eu ainda sou aquela garotinha? Há muito tempo que eu deixei de ser a menina delicada que você levava nas costas para passear. – com o rosto vermelho de raiva e as mãos na cintura, Gina parecia ainda mais perigosa. – Eu cresci ouviu! Eu sou uma mulher que toma as próprias decisões e não preciso de ninguém tomando conta da minha vida!
_ Bom, acho que você respondeu a minha pergunta… – com a mente processando a palavra mulher dita pela irmã caçula, virou-se para Harry e falou. – O Sirius está esperando. Com licença.
_ Ok. – Harry olhou do ruivo que desaparecia pela saída do vestiário, para a namorada ainda com o semblante carregado por conta da situação e completou. – Você está bem?
_ Estou. – ela olhou-o agradecida enquanto o moreno a envolvia em seus braços e beijava seus cabelos. – Vamos, que eu também quero saber o que aconteceu.
~~~~~~
Eles seguiram com passos rápidos pelos corredores até encontrarem as gárgulas que indicavam a entrada para a diretoria. Harry tinha enviado seu patrono à Torre da Grifinória para avisar sobre a reunião e após encontrar Rony e Hermione já esperando em frente a passagem, falou rapidamente a senha e em questão de segundos ele e Gina entraram procurando Sirius com o olhar, enquanto os outros procuravam Gui para saberem mais detalhes. As poucas pessoas que estavam na sala viraram-se imediatamente ao vê-los e o rapaz percebeu que a atenção recaia principalmente na garota apreensiva ao seu lado.
_ Potter, que eu saiba a senhorita Weasley ainda não faz parte da Ordem. – a diretora McGonagall os olhava séria, se aproximando.
_ Mas… – ele foi interrompido por Gina.
_ Diretora, acho que eu tenho o direito de saber se conseguiram desfazer o mal que eu fiz.
_ Não foi culpa sua, Gi. – Harry falou baixinho abraçando-a.
_ Uma coisa é saber, Harry. A outra é sentir.
Ao ver a expressão desolada da garota, nem McGonagall nem Moddy se puseram contra a permanência dela na reunião. Gina e Harry se afastaram em direção à Sirius que permanecia sentado numa poltrona próximo do sofá onde o professor Flitwich se encontrava deitado, sendo atendido ainda pela Madame Pomfrey. Quando o rapaz se ajoelhou ao lado do padrinho tocando-lhe o braço, este abriu os olhos e dirigiu-lhe um sorriso cansado.
_ Conseguimos. – Harry não se conteve e abraçou-o.
_ E como você está? O que aconteceu lá? – Sirius afastou o afilhado e bagunçando os cabelos negros dele respondeu:
_ Calma, filho. Eu só estou cansado. Mas já tomei uma poção revigorante, daqui a pouco estou novo em folha!
Um sorriso aflorou nos lábios de Harry, e Gina sentiu que seus olhos marejaram. Sabia o quanto Sirius significava pra ele e o quanto tinha ficado feliz em poder tê-lo de volta. Olhou em volta e sua atenção se dirigiu imediatamente para um objeto sobre a mesa da diretora, que a atraia como um imã. Observou atentamente o pequeno embrulho sabendo, mesmo sem ver, do que se tratava. Enquanto mil pensamentos iam e vinham na sua mente, ouviu uma voz lhe dizendo.
_ Há males que vem para bem, senhorita Weasley. Nunca se esqueça.
A garota levantou o olhar instantaneamente ao reconhecer a voz do antigo diretor. Percebeu que seu quadro estava exatamente à sua frente e lhe piscava um olho por detrás dos óculos de meia lua.
_ O professor Dumbledore tem razão, Gina. – Remus Lupin se pôs ao seu lado. – Mesmo sem querer você acabou nos ajudando, de certa forma.
_ Como? – a ruiva tinha os olhos ainda fixos no objeto e sua voz transmitia toda a incredulidade que sentia.
_ Você vai entender quando Sirius e o professor Flitwich explicarem. – ele a observou um pouco mais. – Mas não é isso que está te incomodando, é?
_ Não. – falou derrotada. – Eu tenho medo de ter feito coisas ainda piores. – ela soltou uma risada irônica. – Se bem que ser possuída por Voldemort e liberar um basilisco são coisas difíceis de serem superadas.
Ao ouvir o comentário as pessoas na sala continuaram caladas, ninguém parecia arranjar algo para falar, fixaram suas atenções apenas no horcrux que permanecia em cima da mesa da diretora.
Gina caminhou até o objeto e com delicadeza, tocou o veludo grosso que cobria o artefato e mordendo os lábios, abriu-o deixando a mostra um objeto dourado e reluzente, fazendo todos no ambiente direcionarem seus olhares para a mesa. Lançou um olhar em direção a Harry que esboçou um sorriso. Viu quando Sirius levantou-se, de fato sua aparência não era das melhores, porém viu que enfim ela saberia o que havia acontecido.

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