quinta-feira, 25 de outubro de 2012

4. Um Apoio Necessário



O dia estava, como muitos podiam sentir, bem melhor do que nos últimos tempos. A névoa e o sentimento de tristeza geral tinha diminuído e o céu azul podia ser visto bem como algumas crianças brincando alegremente nas calçadas. Contudo a alegria do bonito dia não conseguia amenizar os sentimentos que um garoto de rebeldes cabelos negros e olhos verdes, tinha. Desde que retornara para a casa dos Dursley ele procurara passar desapercebido aos familiares. Praticamente não falava, e só saia do seu quarto quando tia Petúnia o mandava fazer alguma coisa.
E naquela manhã não seria diferente, se não fosse o chamado da tia alguns minutos após ele ter retornado ao quarto após o café da manhã.
_ Harry! Desça aqui, agora!
Não querendo criar mais problemas do que ele já possuía, desceu as escadas lentamente, mas ficou pouco intrigado com a pessoa que se encontrava à porta conversando com ela.
_ Bom dia, sra. Figg.
_ Bom dia, menino. Eu estou precisando da sua ajuda hoje, e se sua tia permitiu que me auxiliasse durante a parte da manhã. Mas eu compreenderei se não quiser.
_ É CLARO QUE ELE VAI! – Petúnia parecia eufórica, mas se controlou. – Uma manhã inteira, só? Se precisar pode ficar o dia todo.
Se não fosse seu estado de espírito, Harry teria dado boas gargalhadas daquela cena, principalmente porque sabia que a vizinha dissera a última frase justamente para que sua tia não percebesse que ele provavelmente preferia passar lá o dia inteiro. Porém apenas assentiu com a cabeça e dirigiu-se à calçada. Assim que não podiam mais ser ouvidos por ninguém da casa, ele perguntou enquanto caminhavam:
_ Qual é realmente o problema, sra. Figg?
_ Nenhum, Harry. Digamos que tenho um gato em minha casa que pede a sua atenção.
Gato? Minha atenção?!? Sinceramente se ele não soubesse que a sra. Figg não era tão louca quanto parecia, ele teria dúvidas agora. Porém ele não precisou ficar curioso por muito tempo pois logo estavam entrando na casa da vizinha, e Harry pôde ver quem o esperava.
_ Bom dia, professora.
_ Bom dia, sr. Potter. Como você está? – a professora MacGonagall sempre tão severa, agora tinha a aparência cansada e o olhava não era mais tão duro. – Obrigada, Arabella. Eu realmente precisava conversar com ele.
_ Não tem de quê, Minerva. Fiquem à vontade enquanto eu preparo um suco de abóbora para nós. – a sra. Figg deixou-os à sós e foi para a cozinha.
_ O que houve professora? É o Ministério?
_ É diretora agora, Harry. Mas não é o Ministério, é…Dumbledore. – fez um gesto para que ele não a interrompesse e continuou. – Ele deixou uma carta pra mim, me explicando o que estava fazendo e o porquê de seu envolvimento em uma busca tão perigosa. – ela falava num tom cansado. – E também pediu que lhe entregasse essa. Parece que ele sabia do risco que estava correndo afinal!
_ Ele lhe contou tudo? – Harry pegou o pergaminho e reconheceu imediatamente a caligrafia verde e inclinada do antigo diretor, mas não o abriu.
_ Sim. E devo lhe dizer que não acho que você devesse ter sido envolvido em atos tão perigosos. Você ainda é muito jovem, não deveria ter esse tipo de preocupações.
_ Desculpe prof… diretora. Eu também não queria ter esse tipo de preocupações, porém Voldemort… Voldemort não. Tom. – Harry pensou um pouco. Tom Riddle. Era assim que Dumbledore o chamava e o fazia ficar irritado, então agora era assim que ele o chamaria também. – Tom não pensa que eu sou jovem o bastante para enfrentá-lo. Ele tentou me matar quando eu tinha apenas um ano, e depois quando entrei para Hogwarts, viraram praticamente rotina essas tentativas. O professor Dumbledore achava que eu devia estar preparado e eu concordo com ele.
_ É…sim…mas é tão injusto.
_ Justiça não é exatamente uma das qualidades do Riddle.
_ Você tem razão. Por isso eu vim aqui lhe dizer que Hogwarts, e eu principalmente, estaremos sempre do seu lado.
_ Eu não vou voltar para a escola. Tenho que terminar o que o professor Dumbledore começou. Ele confiou isso a mim.
_ Isso é terminantemente inaceitável, sr. Potter! O senhor retornará à Hogwarts junto com os demais alunos para terminar os seus estudos, e antes que me interrompa. – disse com a entonação própria da MacGonagall que ele conhecia. – Você terá todo o apoio em sua busca das horcruxes e também para a destruição delas. Não só dos professores como também dos membros da Ordem da Fênix. Você tem que estar preparado para cumprir seu destino. – diante do olhar intrigado dele ela falou. – Dumbledore me contou sobre a profecia.
Realmente não era isso que ele estava esperando ouvir, mas tinha que admitir que se sentia melhor por saber que iria estar sendo preparado e auxiliado, pois essa era a sua grande preocupação no momento: como ia conseguir achar as horcruxes, destruí-las e derrotar Voldemort sozinho. Olhou para o pergaminho em sua mão e resolveu lê-lo.
“Caro Harry,
Se você está lendo essa carta é porque eu já não estou mais junto de meus amigos. Não fique triste. Eu não estou. Lembre-se do que eu disse sobre a morte. Não desista. Eu acredito em você. Chegou a hora de escolher entre o caminho certo e o fácil. Tenho certeza de que Hogwarts e a Ordem da Fênix estarão lhe ajudando no caminho certo, mas se escolher o fácil eles não lhe condenarão.
Não esqueça de tudo o que estudamos nesses últimos tempos e principalmente que você tem uma arma que ele não tem: AMOR. Fique sempre junto daqueles que te amam, e essencialmente daqueles que você ama. Você tem amigos leais que te apóiam em todos os momentos.
Eu já expliquei tudo à Minerva e você tem a minha autorização para sair de Hogwarts quando precisar, pode confiar que ela irá te ajudar tanto quanto eu tentei fazê-lo. Também poderá ter acesso às minhas memórias, a minha penseira será a minha herança para você.
Quando quiser conversar venha me visitar. Meu quadro ficará feliz em vê-lo.
No mais, varinhas de alcaçuz, pirulitos de sangue, picolés ácidos e quebra-queixo.
Atenciosamente,
Alvo Dumbledore.
P.S.: Você e a srta. Weasley formam um belo e poderoso casal.”
Após ler atentamente a carta, dobrou-a e guardou-a em seu bolso. Secou uma lágrima que escorrera e olhou novamente para a nova diretora.
_ Tudo bem. Eu volto. Mas é para me preparar, não vou poder me preocupar com lições e provas.
_ Você não deveria se preocupar com isso agora, sr. Potter. Porém devo lhe adiantar que algumas lições poderão ser úteis. Principalmente Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas.
_ Sim, claro. Eu não quis dizer que as aulas eram inúteis, só que…
_ Eu entendi. O senhor quer é se “livrar” de trabalhos e testes. – ela falou com um discreto sorriso nos lábios. – Está cada vez mais parecido com o seu pai, sr. Potter. Os marotos também não gostavam muito de provas…
Harry se surpreendeu com a pequena brincadeira da sempre rígida professora de Transfiguração. E finalmente depois de longos dias ele riu. A carta de Dumbledore lhe trouxe um pouco de paz e saber que teria apoio lhe deu mais esperanças de triunfar.
_ Que bom que você está mais alegre. – disse a sra. Figg enquanto retornava à sala com um grande jarro de suco de abóbora. – Eu cheguei a pensar que não o veria sorrir novamente.
Os três conversaram um pouco mais. O jovem ficou sabendo que Olho-Tonto Moody era o novo chefe da Ordem da Fênix, que apesar do Ministério da Magia não ter ainda se pronunciado, Hogwarts já estava sendo preparada para o começo das aulas, e que o próximo professor de DCAT deveria ser um membro da Ordem. Harry pensou logo em Lupin. Seria bom tê-lo novamente como professor. Quando já se preparava para sair, MacGonagall lhe entregou dois livros.
_ Isso deverá servir para ajudá-lo. Eles são da biblioteca pessoal de Dumbledore. Você sabe que não poderá fazer magia antes de completar 17 anos, mas não custa nada já ir se familiarizando com alguns assuntos. E quanto às suas buscas, eu estou pessoalmente pesquisando, e assim que tiver alguma pista lhe avisarei.
_ Professora, eu tenho algo para contar, sobre… sobre aquela noite. – Harry decidiu informá-la sobre algumas descobertas, que Dumbledore não pôde fazer.
_ Sobre a horcrux que foram buscar?
_ Sim. Mas ela era falsa. Alguém a pegou antes.
_ Quem?
_ Alguém que se auto-intitula R.A.B. – contou então tudo que aconteceu e tudo o que sabia sobre o medalhão.
_ Eu vou pesquisar. Assim que puder, eu quero ver pessoalmente esse medalhão e o bilhete.
Harry olhou os livros “Feitiços Avançados” e “Magia Branca X Magia Negra”. Hermione certamente iria adorar aqueles livros e eles realmente iam ser úteis. Despediu-se das duas senhoras e voltou para casa. Quando chegou em seu quarto viu Pichí esperando em cima de sua cama. Tirou o pergaminho que estava preso na pequena coruja e leu ansioso.
“Harry,
Como você está? Aqui estamos todos bem. Gui já voltou para casa e agora a correria para o casamento dele com Fleur vai tomar conta da família. Hermione manda um abraço e diz que é para você não desanimar. Você sabe que estaremos sempre com você.
Gina está bem. O sangue Weasley não deixa ela dar o braço a torcer, você sabe.
Mande notícias. Temos novidades! Um abraço,
Rony e Mione.”
Depois de ler deu um pouco de água e comida à ave, e foi logo responder aos amigos. Foi bom saber que os Weasley estavam ocupados com o casamento. Dumbledore iria gostar. E Gina. Sentia saudades dela, e agora com a cabeça mais fria estava achando realmente a atitude que tomara uma estupidez. Ela não estaria em segurança nem perto e nem longe dele. E perto ele ao menos poderia ajudá-la e protegê-la. Se bem que do jeito que ele havia visto ela lutar, talvez ela não precisasse de tanta ajuda assim. Pegou sua pena e um pedaço de pergaminho e começou logo a escrever a sua resposta.
“Rony,
Na medida do possível, estou bem. Meus tios têm me ignorado bastante e isso ajuda muito. Duda ainda está no colégio o que ajuda ainda mais. Provavelmente nos veremos no casamento.
Tive uma inesperada visita esta manhã que irá nos auxiliar com aquele desafio. Diga a Mione para não se preocupar que eu já estou preparando a minha Firebolt para o campeonato de quadribol entre as casas, e que se depender de mim, ninguém segura a Grifinória este ano.
Mande lembranças à Gina e diga que ela estava certa: a razão era mesmo estúpida.
Um abraço a todos,
Harry.”
Releu algumas vezes o pergaminho para se certificar que não estava passando nenhuma informação relevante caso Pichí fosse interceptada e depois mandou a coruja de volta à Toca. Sabia que deixaria os amigos curiosos, principalmente Hermione, mas não podia correr o risco de contar nada a mais ninguém. Foi à cozinha comer alguma coisa e aproveitando que a sua tia havia saído sem lhe dar nenhuma tarefa, voltou para o seu quarto e ficou o restante da tarde lendo os livros que MacGonagall lhe dera. Agora só restava a ele esperar até que alguém fosse buscá-lo para o casamento de Gui, que ele nem ao menos sabia quando seria, e se preparar para cumprir seu destino, como a professora falou, com os recursos que ele dispunha naquele quarto. Ele teria que estar com a parte teórica totalmente aprendida para poder treinar assim que pudesse.

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