quinta-feira, 25 de outubro de 2012

2. Na Toca



Hermione abriu os olhos e por alguns segundos não soube onde estava. Aos poucos foi acordando e seu cérebro foi capaz de lembrar que era domingo e estava na Toca. Se espreguiçou e levantou, percebeu que Gina já havia levantado, então se trocou e foi ver se Rony também já tinha acordado. Subiu até o quarto do amigo, bateu levemente e entrou. Rony ainda dormia e vendo a aparência tranqüila do ruivo, não conseguiu reprimir um suspiro, pois daria tudo para estar ali junto a ele. Com um sorriso fez menção de virar para sair e fechar a porta, mas escutou-o chamando com a voz rouca de quem acaba de acordar.
_ Mione?
_ Desculpa. Te acordei, não foi? – a morena falou corando.
_ Não. Tudo bem. Eu achei que era um sonho. De repente senti seu perfume e quando abri os olhos vi você virando pra sair. Aconteceu alguma coisa? – disse se sentando na cama.
Tirando a vontade de ficar nos seus braços, não. Foi o que ela teve vontade de dizer, mas se conteve e respondeu apenas: _ Nada, só vim para ver se você já tinha levantado. Eu ia tomar café agora.
_ Então me espera que eu vou com você. O ruivo deu uma boa espreguiçada e foi até o banheiro lavar o rosto e se trocar.
Já estavam descendo para o café quando Hermione sentiu seu braço sendo segurado pelo amigo, obrigando-a a parar. Olhou para ele e perguntou preocupada:
_ O que foi?
_ Esqueci de uma coisa. – então deu um tímido beijo no canto da boca da amiga – Bom dia! – disse descendo o restante dos degraus a caminho da cozinha
A garota não conseguia acreditar e só o que pôde fazer foi sorrir e sussurrar um simples: _ Pra você também.
Rony havia decidido que não se intimidaria mais por seus sentimentos. Ele já era um bruxo adulto, estava prestes a sair numa perigosa busca junto com Harry e não podia mais agir como um menininho inseguro. Essa resolução só não impedia que suas orelhas estivessem vermelhas quando entrou na cozinha.
_ Bom dia Gina, Fleur! – falou dando um beijo na cabeça da irmã.
_ Bon jour, Rony. Você vai querrer o quê parra o café? – perguntou a futura cunhada.
_ O que tiver eu como, estou faminto.
_ Bom dia para todos. – Hermione acabava de entrar com um pequeno sorriso nos lábios e o rosto corado.
_ Dia. Rony, papai e mamãe foram ao St. Mungus, e ela vai ficar com Gui no hospital hoje. Como a Fleur vai descansar, ela pediu para que você me ajudasse limpando o quintal. – Gina falava num tom nervoso e seus olhos vermelhos denunciavam o quanto havia chorado, mas nem Rony e nem Hermione quiseram comentar nada.
_ Tá, tudo bem. – respondeu antes de morder um enorme pedaço de pão que Fleur tinha colocado na mesa junto com o restante do café-da-manhã.
_ Bon jour, Herrmioni. Você está se sentindo bem? – Fleur notara a inesperada mudez da garota.
_ Es…estou sim. É que…que…eu estou…com sono…ainda. É isso…é…é isso! – Mione conseguia ficar cada vez mais vermelha a medida que falava. Mas ninguém pareceu perceber nada.
O dia transcorreu calmo, mas atarefado. Gina cuidou da comida e da arrumação da casa junto com Hermione, enquanto Rony lidava com o quintal. Fleur ajudou um pouco e depois foi descansar, pois a noite ficaria com Gui no hospital, novamente. Durante o jantar todos estavam cansados, porém mais relaxados, pois não tiveram tempo para ficar se preocupando. Todos menos Gina. Sua preocupação era evidente. Comeu a refeição pelas beiradas, mas logo pediu licença a todos e foi se deitar.
Aos poucos os Weasley foram dormir e deixaram Rony e Hermione sozinhos na sala. Enquanto ela lia um livro o ruivo a observava. Queria resolver as coisas com ela, mas não tinha tido nenhuma oportunidade durante o dia para conversarem.
_Você não está com sono? – perguntou tentando iniciar uma conversa, já que ela não tirava os olhos do livro.
_ Na verdade, não. Estou cansada, mas não tenho sono. Por quê? – Mione fechou o livro que estava tentando ler a algum tempo, mas que não conseguia passar da primeira folha, já que seu cérebro não se concentrava.
_ A gente podia dar uma volta pelo quintal, já que a noite está quente. – disse levantando da poltrona onde estava e oferecendo a mão para que ela levantasse e o seguisse.
Mione não disse uma palavra, apenas aceitou a oferta e o seguiu. Uma brisa suave e agradável amenizava o calor da noite e os dois jovens caminharam até o banco do jardim, onde sentaram observando as fadinhas brilhando na noite.
_ Rony…sobre hoje…de manhã… – Hermione agradeceu pela penumbra esconder o rubor de seu rosto.
_ Você não gostou? – interrompeu o rapaz com um leve sorriso, olhando os olhos castanhos. Contrariando todas as expectativas ele não estava nervoso, com medo ou envergonhado.
_ Não…quer dizer, sim…gostei, mas…o que foi…aquilo? – ver Hermione confusa, sem entender algo era uma coisa provavelmente, tão surpreendente para a própria garota quanto para qualquer um que a conhecesse.
_ “Aquilo”? Bom, aquilo foi um beijo de bom dia. – Rony parecia se divertir com a confusão da garota. – Se você quiser eu mostro o beijo de boa noite. – até mesmo ele estava admirado com a sua calma e a sua ousadia.
A morena se surpreendeu com as palavras do rapaz só conseguiu assentir com a cabeça. Viu quando ele colocou uma de suas mãos em sua face, e olhou no fundo daqueles olhos azuis que tanto amava, antes de fechá-los e sentir a doçura dos lábios quentes de Rony tocarem os seus num beijo cheio de ternura e amor, um beijo que aguardaram durante tanto tempo.
Depois de um longo tempo em que ficaram nos braços um do outro, finalmente decidiram ir deitar. Entraram procurando fazer o mínimo de barulho e após mais um beijo apaixonado em frente ao quarto de Gina, a garota entrou e tentou se trocar da forma mais silenciosa possível. Já estava encostando a cabeça no travesseiro quando ouviu a voz da amiga.
_ E aí, o meu irmão beija bem?
Hermione levou um grande susto e quase gritou, pois acreditava que Gina estivesse dormindo já que tinha se recolhido há muito tempo.
_ Por Merlim! Quer me matar? Te acordei? Pensei que estivesse dormindo.
_ Não muda de assunto. Vocês se entenderam não foi? Eu percebi os olhares dos dois o dia inteiro e também, claro, a vista daqui é ótima, sabe? Dá para ver todo o jardim…
_ Gina! Você viu? Que vergonha. Bom, é…nós nos entendemos, eu acho…pra falar a verdade, não sei. Nós não conversamos muito, só ficamos…é…
_ Sei! Vocês só tentaram recuperar o tempo perdido com as brigas à toa, não é? – Gina deu um risinho triste, que não passou desapercebido pela amiga.
_ Gi, você está bem? Não quer conversar sobre…o Harry? – Mione falava pausadamente tentando aproveitar o momento para que a outra abrisse seu coração.
_ Não tem o que conversar, Mione. Ele não me quer por perto. Ele não acha que eu possa ajudá-lo. Mesmo depois do que aconteceu no Ministério ano passado, ou na escola agora, ele não acha que eu seja capaz. É simples. E eu vou me acostumar, pode deixar.
_ Eu não acredito que seja isso, Gina. Sabe ele tem que resolver umas coisas e acha que Você-Sabe-Quem vai aproveitar para atacar quem for importante para ele só pra atingi-lo. Na verdade ele tem medo que alguma coisa aconteça com você por causa dele.
As lágrimas lavavam o rosto da ruiva que concordou: _ Eu sei. No fundo eu sei que ele só quer me proteger. Mas e eu? Será que ele acha que eu não tenho medo do que vai acontecer com ele? Ele acha que não vou sofrer? Ou será que ele acha que sou estúpida o bastante para não ter percebido o que terá que acontecer?
_ O que você acha que vai acontecer? – perguntou Mione alarmada. Será que a amiga tinha ouvido alguma coisa sobre a busca pelas horcruxes ou sobre a profecia?
_ Hermione, eu não sou burra tá! Eu sei que ele vai ter que dar fim no Vol… Voldemort. E sei que ele estava ajudando Dumbledore com alguma coisa importante, e só pode ser algo relacionado aos dois. – Gina agora tinha parado de chorar e olhava a amiga com raiva. – Vocês acham mesmo que eu não percebi nada, esse tempo todo? Do trio discutindo pelos cantos? Ele não confia em mim…é isso.
_ Eu também não concordo com o que ele fez, o Rony também não. Eu acho que ele está confuso, transtornado com o que aconteceu, com tudo o que ele viu. Ele tem medo de perder as pessoas que ama, então prefere se afastar. Ele já fez isso antes, lembra? Ele se preocupa com a segurança de todos.
_ Eu sei. Sei que ele não vai conseguir ser feliz com tudo que está acontecendo. Não enquanto tudo não tiver terminado. Mas será que ele não vê que mesmo longe de todos o perigo é o mesmo. Ninguém está seguro em lugar nenhum. Eu o amo tanto, queria ficar ao lado dele, consolá-lo, ajudá-lo, mas aquele cabeça-dura…argh! Parece que a teimosia dos Weasley passou para ele!
Realmente desabafar tinha ajudado. Gina agora estava mais calma e a dor que sentia em seu peito tinha diminuído. Ela agora ia ser forte, não ia chorar mais, nem ficar amuada pelos cantos. Ela ia ser forte por ele e para ele. O amor deles ia superar tudo. Ele queria um tempo? Tudo bem. Ela ia ser a amiga, a companheira, e quando ele percebesse que não tinha mais escapatória…bem, aí ela ia estar esperando por ele, como sempre fez desde que o conheceu. Depois de alguns minutos de silêncio disse:
_ Obrigada, Mione. Você tinha razão eu precisava conversar. Mas que o seu amigo é teimoso, é.
_ Isso com certeza. Agora vamos dormir que eu estou morrendo de sono.
_ É acho que agora eu consigo dormir mesmo.

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