quinta-feira, 25 de outubro de 2012

28. Definições



Rony tinha certeza de que iria enlouquecer se não recebesse logo notícias de Hermione. Depois que ela desmaiara não perdeu tempo, correndo, levou-a nos braços diretamente para a ala hospitalar, quase atropelando Madame Pomfrey que justamente naquele instante, saia para levar a poção restauradora que Slughorn havia acabado de preparar.
Após colocar Hermione no leito indicado pela enfermeira, Rony permaneceu ao lado da namorada, segurando sua mão enquanto a senhora limpava os ferimentos e os curava com precisos movimentos da varinha antes de ministrar a poção que lhe ajudaria a repor o sangue perdido. Mas como a garota permanecia num estado bastante frágil ele foi forçado a se retirar sob ameaças de ser estuporado se não o fizesse.
Agora, longas horas depois onde Rony viu os professores Slughorn e McGonagall se trancarem na enfermaria junto com madame Pomfrey, Harry e Gina se juntaram a ele em frente à porta fechada, o ruivo estava a ponto de surtar se ninguém aparecesse logo com alguma informação. Mesmo com todas as tentativas do amigo e da irmã em fazê-lo acreditar que a demora era absolutamente normal.
Como que ouvindo seu pedido a porta da enfermaria foi aberta e o ruivo se aproximou rapidamente. Porém a expressão preocupada da diretora ao se dirigir a eles, fez com que Rony engolisse em seco.
- Como ela está diretora? – Gina fez a pergunta que seu irmão não conseguiu.
- Infelizmente a srta. Granger apresentou pouca melhora em todo esse tempo e se continuar nesse mesmo estado até amanhã, iremos informar aos seus pais e ela deverá ser transferida para o St. Mungus.
- Ela corre… algum risco? – Harry evitou olhar Rony ao se pronunciar, percebendo a diretora olhar penalizada para eles ao responder.
- Nós fizemos tudo o que podíamos, mas ela perdeu mais sangue do que podia e seu corpo ficou muito debilitado e está demorando demais para reagir…
- Eu vou ficar com ela. РRony falou simplesmente, fazendo men̤̣o de entrar, mas sendo impedido por Slughorn que saia.
- Não sei se isso seria adequado, Sr. Weasley.
- Eu prometi que não ia deixá-la.
Minerva McGonagall refletiu por poucos segundos antes de assentir com a cabeça e falar.
- Avise à Papoula que eu o autorizei a ficar. Sr. Potter, Srta. Weasley, os senhores poderão permanecer até a hora do jantar.
Harry olhou agradecido e entrou junto com Rony e Gina para ver Hermione. A amiga estava deitada no final da enfermaria e sua aparência, apesar de um pouco menos pálida, ainda lembrava bastante a Murta-Que-Geme. Rony observou-a atentamente enquanto arrumava os lençóis e ajeitava os cabelos castanhos sobre o travesseiro. Depois puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da namorada ao mesmo tempo em que madame Pomfrey aparecia e Gina lhe informava que tinham autorização para ficar. Harry notou que a enfermeira olhou-os com os olhos marejados e com um sorriso penalizado antes de sair sem reclamar, o que nem de longe o surpreendeu.
Gina se aproximou de Harry e abraçou-o. Sabia que também estava sendo muito difícil para ele ver Hermione assim. A morena podia ser considerada sua cunhada duas vezes, pois além de ser namorada de Rony era a “irmã” de Harry. Ele havia ido informá-la do que acontecera assim que o irmão levou Hermione para a ala hospitalar e desde então eles permaneceram ao lado de Rony.
- A Mione ̩ forte, Rony. Ela vai reagir. РA ruiva falou numa tentativa de consolar a todos.
- É cara, você vai ver. Daqui a pouco ela vai acordar e reclamar com a gente porque faltamos às aulas. – Harry completou ainda olhando para a garota adormecida.
Rony olhou-os sério, e apesar da aparência preocupada e cansada, deu um pequeno sorriso e respondeu.
- Eu não tenho a menor dúvida disso. Vocês têm? – Voltou a olhar para Hermione. – Já não está na hora do jantar?
Harry e Gina se entreolharam. Rony deveria estar querendo ficar sozinho com ela e podiam perfeitamente entender isso. O rapaz beijou a testa de Hermione enquanto Gina fazia o mesmo com o irmão.
- Daqui a pouco traremos algo pra você comer, está bem? – Gina falou quando Harry segurou-a pela mão para saírem.
- Não precisa. Não estou com fome.
Harry assentiu. Quando Gina destruíra a pena de Ravenclaw e fora parar na ala hospitalar ele também não conseguia cogitar a idéia de comer, mesmo sentindo fome.
——
Quando Harry e Gina chegaram à mesa da grifinória até estranharam o burburinho frenético dos outros alunos. Sentaram-se calados e puseram-se a comer nem que fosse somente o suficiente para não acabarem fazendo companhia à Hermione na ala hospitalar. Estavam tão imersos em seus próprios pensamentos que se assustaram quando Luna e Neville sentaram à sua frente e o rapaz perguntou baixo.
- Vocês sumiram. O que aconteceu?
Harry e Gina se entreolharam e ela respondeu tristemente.
- Hermione está na enfermaria.
- Algum acidente?
- Neville, eu sinto muito. Mas depois eu te explico ok. РHarry falou cansado. РAqui ṇo vai dar.
- Coisas da Ordem, né? – Luna concluiu com perspicácia, no que Gina confirmou.
- Já entendi. – Neville assentiu. – Qualquer coisa e que a gente puder ajudar, me avise, está bem?
- Obrigado, Nev.
- Por nada. Mais tarde a gente se vê.
Luna e Neville saíram do salão principal e então Harry percebeu que sua cicatriz ainda estava incomodando o que o fez perder definitivamente a fome. Forçou-se a tomar o restante do suco de abóbora que Gina servira em seu copo e comeu algumas batatas para forrar seu estomago. Tão logo a ruiva terminou de jantar, o que foi rápido, eles também saíram do salão principal. Mas Harry sabia que apesar do cansaço não conseguiria dormir. Estava muito agitado e preocupado para fazê-lo. Quando alcançaram o sétimo andar, parou subitamente de andar, fazendo Gina, que estava de mãos dadas com ele, parar também e o olhar passar a mão livre nos cabelos rebeldes, num gesto nervoso.
- O que houve Harry?
- Eu pensei… bem…. – Os olhos verdes encontraram os âmbar e ele deu um sorriso tímido. – A gente podia, sei lá… ficar um pouco na sala precisa…
- Harry! РEla ṇo podia acreditar que ele estava pensando naquilo num momento daqueles.
- Não! Olhe, é que eu estou preocupado demais e não… não queria ficar sozinho… – Concluiu com o rosto levemente ruborizado.
Gina semicerrou os olhos enquanto pensava sobre a proposta do namorado. A verdade era que ela também não queria ficar sozinha. Parecia que agora, depois que assimilara realmente que tinham conseguido destruir todas as horcruxes que precisavam – afinal Nagini provavelmente só seria destruída um pouco antes de Voldemort – um leve desespero começara a tomar conta de seu coração. Uma aflição que ela sabia que só teria fim quando finalmente Harry vencesse Tom Riddle.
- Certo. Eu também acho que não ia conseguir dormir tão cedo.
Ele a abraçou e continuaram caminhando até chegar na sala precisa que se mostrou exatamente como da primeira vez em que passaram a noite juntos ali. E Gina sentiu seu coração amolecer um pouco. Harry sentou-se na beirada da cama de dossel e com os braços apoiados nos joelhos, afundou o rosto nas mãos.
- Será que Mione vai… – Falou preocupado.
- Hermione vai ficar bem, Harry. – Gina sentou ao seu lado. – Provavelmente amanhã ela já vai estar melhor, você vai ver.
Harry jogou o corpo pra trás, cansado demais de toda aquela história que sabia que mal tinha começado. Como se para exasperá-lo ainda mais sua cicatriz formigava sem parar desde o dia anterior o que começava a preocupá-lo.
- Falta pouco agora. РConstatou numa calma que estava a quil̫metros de sentir.
- Voc̻ vai se sair bem. РGina disse segura, deitando-se ao lado dele.
- Eu estou com medo. – Harry virou-se de lado ficando cara a cara com a ruiva que fez o mesmo.
- Eu tamb̩m. РEla acariciou o rosto do rapaz carinhosamente, concluindo num sussurro. РEu te amo
- Eu tamb̩m te amo. РOs olhos verdes ṇo perdiam nenhum movimento dos castanhos. РE ṇo quero te perder.
- Você não vai me perder. – Gina roçou seus lábios nos dele. – Aconteça o que acontecer.
Harry abraçou-a e deixou que a angústia que sentia saísse através de algumas lágrimas que escorreram caprichosas por sua face e que Gina tratou de secar no mesmo instante. Ela sentou-se novamente e tirou os sapatos fazendo com que o rapaz a olhasse intrigado.
- Ué, você não espera que eu vá dormir calçada e vestida desse jeito, não é?
Gina abriu os botões da camisa e despiu o restante do uniforme de um jeito que todas às vezes o hipnotizava. Deitou-se novamente ajeitando-se melhor sobre os travesseiros, Harry continuava olhando-a como se pudesse ver sua alma, e ela perguntou levantando uma sobrancelha.
- Você vai ficar ai?
Saindo de seu transe, ele sorriu levemente antes de também tirar os sapatos e as roupas e se acomodar ao lado da ruiva que tanto amava, abraçando-a enquanto seu monstro particular fazia uma dancinha feliz.
- Achei que você só queria dormir.
- Eu também, mas você me fez mudar de idéia. – Harry respondeu antes de beijá-la apaixonadamente
——-
Logo após Harry e Gina saírem, madame Pomfrey apareceu com uma expressão indecifrável para Rony, ela ainda parecia não ver a necessidade dele ficar ao lado de Hermione o tempo todo, mas ao mesmo tempo ficara penalizada. Como ele sabia que a necessidade de estar ao lado da garota era dele e não de Hermione, fingiu não perceber as indiretas sobre precisar jantar ou não poder passar a noite numa cadeira e continuou como estava: velando seu sono.
Madame Pomfrey não conseguiu conter um pequeno sorriso antes de sair, avisando que estaria no aposento ao lado, caso acontecesse alguma eventualidade. Rony agradeceu e segurou na mão de Hermione que estava à sua frente.
- Enfim sós! – Tentou brincar, mas seu riso saiu triste. – Sua pele está mais quente e você já está mais corada… – Deu um beijo terno na palma da mão dela e sorriu. – Acho que aqueles dois vão aproveitar para ficar juntos a noite toda, não vão? – Tirou uma mecha de cabelo que ficou sobre a face de Hermione após tomar a poção. – Dona Molly vai enlouquecer se souber o que a “princesa” dela anda aprontando. – Trouxe a mão dela que ainda estava entre as suas para junto de sua face. – Acho que não te contei, mas meu pai veio conversar comigo antes de virmos para Hogwarts. Sabe conversa de homem pra homem? Acho que o Gui andou abrindo aquela boca grande…
Tentou continuar a conversa, mas desanimou. Hermione continuava com a respiração lenta e suave sem assimilar uma só palavra que Rony tinha dito e ele sentiu que o cansaço começava a mostrar suas garras. Soltou-lhe a mão e recostou-se na cadeira, fechando os olhos soltando um suspiro cansado.
- Você não acha que já está na hora de acordar?
Levantou-se e foi sentar ao lado dela na cama. Ela ainda parecia tão frágil… Rony sentiu seu coração apertar e desistiu de bancar o forte, já que ninguém estava ali para ver. Os olhos azuis umedeceram enquanto ele aproximava seu rosto do dela. Tocou nos lábios ainda ressecados dela com os seus, acariciando-os com um beijo suave.
- Vamos Mione, você sabe que eu preciso de você ao meu lado, não sabe? – Falou com a voz embargada, de encontro à pele dela.
- Ro-rony…..
A voz de Hermione era apenas um sussurro, mas foi o suficiente para fazer o coração de Rony falhar uma batida e ele sorrir aliviado.
- Graças a Merlin! – Ele abraçou-a carinhosamente. – E-eu vou chamar a Madame Pomfrey…
- Ṇo. РEla interrompeu.
- Mas Mione, você…
- Eu só estou me sentindo muito cansada.
- Você perdeu muito sangue.
- Eu percebi. – Sorriu levemente.
- Voc̻ me deu um baita susto, sabia? РEle comentou s̩rio. РNunca mais fa̤a uma loucura dessas, ok?
- Combinado. O próximo a arriscar a vida vai ser você. – Ela brincou ainda num fio de voz.
- Se for para evitar que você o faça…
- Eu te amo, sabia?
- Fazia uma id̩ia. РEle sorriu e pegou em suas ṃos. РAgora eu vou avisar a ela.
Assim que foi avisada, madame Pomfrey procurou fazer todos os exames necessários para saber como realmente se encontrava Hermione e ministrou mais uma interminável dose de poções, que provavelmente garantiria uma vida saudável à garota por anos a fio. Depois tentou fazer com que Rony voltasse para a torre da grifinória, mas ele lembrou que a diretora tinha o autorizado a passar a noite, não especificando que ele deveria sair se Hermione melhorasse. A enfermeira deu o caso por encerrado quando viu que a batalha estava irremediavelmente perdida e avisou que não toleraria nenhum tipo de abuso na ala hospitalar e que apareceria sem aviso no meio da noite. Mas como precaução fez com que Hermione tomasse uma poção para dormir que a fez adormecer novamente antes mesmo que a senhora deixasse a enfermaria.
———-
Ao menor movimento de Hermione, na manhã seguinte, Rony já se encontrava ao seu lado, com aparência cansada, mas extremamente feliz. Nem ao menos se importou com o fato de Harry e Gina estarem ao seu lado com os cabelos úmidos e com as mesmas vestes do dia anterior.
- Bom dia, dorminhoca. – Hermione sorriu levemente.
- Como está se sentindo? – Perguntou Harry preocupado, tomando a mão da garota entre as suas.
- Cansada. Parece que percorri correndo todo o terreno de Hogwarts.
Os quatro riram aliviados chamando a atenção de Madame Pomfrey que voltou a implicar com a presença deles, dando á trégua por encerrada. No mesmo instante Lupin e Sirius entravam na enfermaria fazendo-a bufar.
- Vejo que já está melhor do que me contaram. – Sirius sorriu entregando um maço de flores para Hermione. – Foi a Molly quem mandou.
- Obrigada. – A garota sorriu envergonhada.
- Ei! Eu não recebi flores quando destruí a pena. – Gina reclamou falsamente ofendida.
- Fica assim não, Gininha. É que a Mione é a nora preferida.
- Rony! РHermione exclamou sem gra̤a.
Depois de mais alguns minutos em que ficaram conversando, Madame Pomfrey fez com que todos se retirassem para que Hermione pudesse descansar e se restabelecer. Ela ainda iria ficar na ala hospitalar até o dia seguinte quando todo seu volume sangüíneo já estaria normalizado, o que já estava fazendo com que a garota se preocupasse com todas as aulas que iria perder.
Rony inacreditavelmente prestou atenção em todas as aulas, fazendo o máximo de anotações que conseguiu, o que realmente significava mais do que em qualquer outra aula que tiveram nos sete anos que freqüentava Hogwarts e depois se apressou na saída das aulas para poder ficar o máximo de tempo com a namorada. Para surpresa de Hermione, o ruivo se mostrou educado quando Ernesto McMillan apareceu trazendo flores e desejando um rápido restabelecimento, fazendo a garota afirmar que Madame Pomfrey tinha lhe dado alguma poção estragada, causando muitas gargalhadas entre Harry, Gina, Luna e Neville, que estavam na enfermaria na mesma hora.
Gina percebeu que as gargalhadas de Harry não eram tão naturais quanto deveriam, e que ele, sempre que achava que ninguém estava prestando atenção, ficava com o olhar distante, o semblante taciturno e preocupado. Mas não achou brecha para questioná-lo sobre o assunto até a noite da sexta feira quando Harry alegou que estava cansado e iria dormir mais cedo, fazendo com que Rony e Hermione, já de alta e com toda energia, olhassem incrédulos antes de saírem para a reunião da monitoria.
Harry subiu para o dormitório e Gina ficou ainda um tempo olhando o fogo crepitando na lareira para tentar encaixar todas as peças daquele quebra-cabeça em seu cérebro. Quando já começava a subir as escadas para seu quarto, ouviu passos na escada e parou ao se deparar com o namorado descendo.
- Pensei que já tivesse ido dormir. – Harry falou com uma expressão cansada.
- Afinal o que está acontecendo?
- Nada. – Deu de ombros e andou até a janela ficando encostado nela. – Acho que é apenas ansiedade…
- Quando voc̻ vai entender que pode dividir suas preocupa̵̤es com a gente? РA ruiva perguntou irritada.
- Não…
- Se não quiser conversar comigo, tudo bem. Mas tem o Sirius, o Lupin que com certeza podem ajudar. – Gina andava em sua direção, apontado para seu peito. – Você só não pode continuar com essa mania de guardar tudo pra você!
Harry olhou pela janela e apoiou as mãos no parapeito, soltando o ar dos pulmões com força.
- Minha cicatriz voltou a formigar…
- Desde quando? РGina perguntou simplesmente. Tinha imaginado que deveria ser realmente algo do g̻nero.
- Segunda. Comecei a notar quando fui buscar a taça com Sirius. – Virou-se pra ela. – Achei que era isso…
- Mas depois ela continuou a incomodar, ṇo foi? РEle confirmou, fechando os olhos em seguida.
Gina se aproximou e o abraçou. Sabia o que isso significava e Harry também, apesar de não querer admitir.
- Voc̻ tem que falar com a Ordem. РFalou de encontro ao corpo dele.
- Eu sei. – Respondeu antes de beijar-lhe a testa.
- Nossa que caras são essas? Pensei que já tinham ido dormir. – Rony perguntou após atravessar o buraco do retrato, com Hermione.
Harry olhou para as feições preocupadas de seus melhores amigos e soube que como sempre, eles iriam ser os primeiros, a saber, e a se preocupar. Gina virou-se dentro do abraço encostando-se no corpo do rapaz enquanto ele apoiava a cabeça em seu ombro.
- Minha cicatriz voltou a incomodar.
- MERDA! – Hermione exclamou alto e inesperadamente, fazendo com que Rony arregalasse os olhos.
- Hermione!
- Francamente, Rony! At̩ parece que voc̻ ṇo fala coisa pior РDisse exaltada enquanto come̤ava a gesticular e andar at̩ Harry.
-Acho que você está convivendo demais com meu irmão, Mione. – Gina falou provocando pequenas risadas em Harry e Rony.
- Desde quando, Harry? Você já contou pra mais alguém? – Hermione perguntou ignorando a piadinha da cunhada.
- Desde segunda. – Ele ignorou o olhar de repreensão que a amiga lhe lançou. -Vou procurar Gui logo pela manhã e tentar falar com Lupin ou Sirius… Acho que não seria boa idéia avisar pela Edwiges.
- É por causa de Voldemort, não é? – Rony questionou ao andar até Hermione e abraçá-la.
- Provavelmente. – O moreno respondeu simplesmente, olhando o amigo nos olhos e sabendo que sempre, em quaisquer circunstâncias ele estaria ao seu lado.
- Bom, a gente já devia ter imaginado que algo assim fosse acontecer, não é? – O ruivo falou resignado.
- Mas por que agora? – Hermione tinha o cenho franzido típico de quando tentava entender algo complicado. – Se fosse no dia das bruxas eu até entenderia, mas depois…
- De repente ele está cansado de esperar… – Harry falou lacônico.
- Se ele está cansado eu não sei, mas eu estou acabado. – Rony bocejou antes de continuar. – Vou subir. – Deu um beijo demorado em Hermione que fez com que Harry e Gina desviassem automaticamente o olhar e depois se voltou para o amigo, perguntando. – Você vem?
Harry baixou o olhar para que Rony não pudesse sequer cogitar a possibilidade de usar de legilimência. Agora que tinha desabafado com eles o que estava há dias incomodando-o, sentia-se um pouco mais leve, mas mesmo assim com uma incrível urgência de aproveitar todos os momentos possíveis ao lado de Gina.
- Eu… vou ficar mais um pouco.
Rony engoliu uma imprecação que aflorou em sua garganta. Gina, assim como Harry não o olhava e o ruivo não precisou de nem mais uma sílaba para entender o significado da súbita insônia do amigo. Hermione apertou-lhe as mãos com mais força temendo que ele fizesse alguma besteira, coisa que se fosse em outras circunstâncias certamente ocorreria.
- Ok, então. – Grunhiu. – Boa noite.
Rony subiu as escadas rapidamente, com medo de que involuntariamente seus pés se recusassem a fazê-lo enquanto não arrastasse Harry para o dormitório, ficando assim com suas mãos longe de Gina. Hermione olhou do casal – Gina estava levemente enrubescida – para o alto dos degraus e balançou a cabeça incrédula.
- Vocês podiam ao menos ter facilitado a situação pra ele, não é? – Harry encarou-a. – Ele já está fazendo um esforço enorme pra encarar o fato de vocês estarem dormindo juntos, sem reclamar! Não precisavam esfregar isso na cara dele.
- Mas eu só disse que ia ficar mais um pouco, não disse que ia dormir com a Gina. – Gina soltou-se e olhou para ele confusa, enquanto Hermione bufava.
- Nós não vamos ficar juntos?
- Vamos claro. – O rapaz falou calmamente. – Mas eu não falei isso, falei?
- Francamente, Harry. Nem precisava falar, não é? Até parece que vocês não ficam juntos todas as noites. – Respirou fundo antes de continuar. – Eu vou lá conversar com ele. Boa noite.
Harry olhou atônito para a amiga. Depois de todo sermão que ela tinha lhe passado e ainda achava que sem motivo, pois não falara nada demais, agora Hermione subia as escadas até o dormitório masculino para conversar com Rony! Conversar? Ele entregaria todos os galeões que tinha em Gringotes se Hermione não iria sair da cama do ruivo apenas pela manhã. Observou Gina e esta tinha um sorriso maroto nos lábios que indicava que tinha chegado às mesmas conclusões que ele, mas nenhum dos dois comentou o fato. Limitaram-se a sorrir e depois de cobertos com a capa da invisibilidade que Harry sempre trazia consigo, saíram do salão comunal rumo à sala precisa.
—–
Quando Rony acordou no dia seguinte, fazendo um mínimo de barulho para não acordar os outros rapazes e Hermione poder sair sem que ninguém percebesse, foi com satisfação que percebeu que Harry estava dormindo em sua cama. Levantou-se e depois de se trocar, foi esperar a namorada no salão comunal para assim que terminassem o café, ela pudesse pesquisar na biblioteca algum acontecimento importante que motivasse Voldemort a atacar.
Harry acordou no meio da manhã de sábado ainda preocupado com o formigamento incessante de sua cicatriz. Depois que ele e Gina tomaram café, foram até os aposentos de Gui para contar-lhe, esperando que o cunhado pudesse informar as suas preocupações a Lupin e Sirius.
Gui, como Harry previra, levou sua ardência na cicatriz bastante a sério e logo pediu para Minerva avisar Moody, e tentarem marcar uma reunião com os membros da Ordem, o que ficou rapidamente acertado para o dia seguinte. Mas apesar de saber que tudo que estava ao alcance da Ordem fazer para ajudar seria feito, Harry não parava de pensar que no final ele estaria sozinho, o que lhe causava um incômodo frio na boca do estômago que se agravava ao ver os olhares preocupados de todos.
———–
Hermione passou boa parte do sábado pesquisando algum acontecimento ou data importante para o mundo bruxo que estivesse próximo de ser comemorado, e mesmo com a ajuda de Gina não haviam descoberto nada de mais interessante além do aniversário de 400 anos de morte de Heliodora, a Desatenta dali a três dias, e Hermione não acreditava que Voldemort ia escolher justamente a única bruxa que realmente morreu queimada na fogueira durante a Inquisição, por se distrair observando as chamas, para homenagear.
Quando já havia escurecido e ela e Gina já haviam percorrido boa parte da seção sobre datas importantes, resolveram que estava na hora de chamarem Rony e Harry para jantar. Os dois rapazes tinham ido para a sala de DCAT treinar junto com Gui. Hermione acreditava que isso ao menos serviria para que o amigo extravasasse toda a tensão acumulada nos últimos dias e se realmente funcionasse era bem provável que ela e Gina fizessem companhia aos rapazes da próxima vez. Ela podia perceber o quanto a cunhada estava nervosa só pelo fato da ruiva ter se tornado subitamente monossilábica. Hermione sentia um aperto na garganta cada vez que Harry se aproximava da namorada e a expressão séria da garota se transformava rapidamente em um sorriso nervoso que não chegava aos olhos, acompanhado de uma conversa amena, como que para manter um clima despreocupado, pois sabia pelo brilho dolorido dos olhos esmeralda, que ele já havia percebido a manobra de Gina.
Mas Hermione não podia culpá-los. Ela e Rony também estavam tentando passar uma tranqüilidade que estavam longe de sentir e apenas se deixavam ver preocupados quando Harry não estava por perto.
——-
A reunião da Ordem da Fênix aconteceu no final da tarde de domingo e Sirius foi o primeiro a chegar, indo logo procurar por Harry, que de novo estava treinando junto com os cunhados e Gina, enquanto Hermione lia atentamente a nova linha do tempo que estava no apêndice de “Hogwarts, Uma História. – edição Revisada e Ampliada” que ela acabara de receber via coruja – express.
- Como você está? A cicatriz está doendo muito? Por que não me avisou antes? – O homem se aproximou apressado segurando o afilhado pelos ombros o encarando.
- Calma, eu estou bem. – Harry forçou um sorriso que não convenceu Sirius. – Pelo menos na medida do possível, não é mesmo?
- Agora me explica direito que história é essa da sua cicatriz estar te incomodando novamente. Você tem percebido novamente a presença de Voldemort?
- Não. Ela só está ardendo e formigando como quando… – Harry se interrompeu e se afastou, evitando os olhares que o focalizavam.
- Quando? – Insistiu o padrinho.
- Quando ele está satisfeito com algo. – Disse de forma firme e corajosa, voltando a encarar Sirius.
Durante alguns momentos o silêncio era tudo que se ouvia dentro da sala de DCAT, enquanto todos percebiam que por mais que tentassem amenizar a situação, a batalha contra Voldemort estava cada vez mais iminente, até que Hermione resolveu colocar Sirius a par de suas tentativas frustradas para saber sobre o embate.
- Eu tenho procurado alguma data que justifique o ataque de Voldemort, mas ainda ṇo consegui achar nada de relevante. РA morena se levantou de onde estava e se aproximou do homem.
- Ṇo querendo desmerecer seus esfor̤os, Hermione, mas ṇo acredito que as datas importantes para aquele monstro sejam encontradas nos livros de Hogwarts. РFalou s̩rio. РNem mesmo na Se̤̣o Reservada da biblioteca.
Hermione o olhou entre encabulada e desanimada, enquanto os olhos verdes de Harry endureciam de fúria e o rapaz desabafava consternado.
- Então eu vou ter que ficar aqui esperando ele me atacar!?
- Sinceramente eu espero que não… – Sirius pensou um pouco antes de continuar. – Vamos para a reunião que lá a gente vai poder conversar melhor.
—–
Conforme Sirius previra, todos os membros da Ordem da Fênix que estavam presentes se mostraram preocupados com a evidente certeza de que a batalha principal ocorreria em breve. Ninguém mais duvidava dos “sinais enviados” pela cicatriz. Molly tão logo soube se acercou do rapaz procurando se certificar com os próprios olhos que nada além o estaria incomodando. Contudo foi Tonks que deu a sugestão mais acertada e nem por isso menos desconcertante: tentar convencer Snape a contar o que sabia sobre as intenções do Lord das Trevas.
Schackelbolt, como chefe dos aurores, afirmou que ainda na manhã seguinte levaria o ex-professor de poções para um intenso interrogatório. Além disso, Moody em conjunto com McGonagall, decidiram por aumentar a vigilância no castelo e também treinar os alunos mais velhos para ajudarem na defesa, durante um possível ataque, no que Rony chamou de “Nova AD”.
A despeito do aumento da carga de trabalho, já que as noites agora seriam reservadas para o treinamento dos alunos junto com Lupin, Gui gostou bastante das novas medidas tomadas em Hogwarts já que muitos membros da Ordem iriam a partir de agora permanecer lá às 24 horas do dia, entre eles Fleur. Outro também que parecia bastante animado era Sirius, e tão logo a reunião acabou Harry se viu sendo puxado para um canto pelo padrinho que falava com um meio sorriso.
- Eu virei para Hogwarts todas as noites depois que sair do Quartel-General dos aurores, então pensei que seria melhor se eu pedisse à Minerva para ficar na Torre da Grifinória junto com você, como segurança extra.
Harry instintivamente olhou para Gina que conversava com Tonks e Hermione no outro lado da sala e mesmo sentindo suas faces esquentarem, respondeu.
- É que… bem… Eu não tenho dormido exatamente no meu dormitório.
A principio Sirius ficou tentando entender o que exatamente Harry estava tentando dizer, até que num rasgo de compreensão seus olhos brilharam e no mesmo instante um enorme sorriso surgiu em seus lábios, enquanto perguntava divertido.
- E eu posso saber onde exatamente voc̻ tem dormido? РLevantou uma sobrancelha. РOu eu deveria fazer essa pergunta pra uma certa garota de cabelos vermelhos?
Harry não pode controlar o embaraço e sentiu que seu rosto estava tão vermelho quanto os cabelos dos Weasley. Balbuciou sílabas desconexas enquanto tentava formular uma resposta coerente para o padrinho. Mas antes de realmente falar qualquer coisa ouviu Rony perguntar ao se aproximar.
- E aí, sobre o que vocês estão conversando?
Sirius lançou para o afilhado um olhar repleto de significados que o fez prender a respiração mesmo sem perceber. Harry só conseguiu levar novamente ar aos pulmões quando ouviu seu padrinho dizendo, com um leve tom de ironia.
- Estávamos falando das boas noites de sono que o Harry vem tendo.
Todo ar que tinha acabado de entrar em seus pulmões ficou perdido no meio do caminho, enquanto Harry arregalava os olhos para o padrinho e Rony fechava a cara e resmungava que tinha esquecido de perguntar algo para Hermione, voltando sobre os próprios passos. Sirius olhou de Harry para Rony sem entender o que tinha acontecido e ouviu Harry grunhir a sua frente.
- Essa situação já não é fácil e assim você não ajuda muito.
- Quer dizer que ele… sabe? – Fez um gesto indicando o ruivo com a cabeça.
- Fica difícil esconder o fato de alguém que dorme na cama ao lado, não acha?
- Bom… – Sirius fez um ar bastante pensativo antes de responder. – Eu e seu pai bem que conseguíamos manter o Aluado às escuras muitas vezes… – Franziu o cenho e continuou. – Ou ele só não se dava ao trabalho de falar alguma coisa…
——–
Rony desceu para o jantar ainda bastante emburrado e mesmo Hermione insistindo em saber sobre o motivo, o ruivo apenas dizia que não era nada que já não devesse incomodar menos. O fato era que pelo menos naquela noite Sirius ainda não iria dormir em Hogwarts – tinha dito que precisava avisar Trícia – portanto Harry estava sozinho para enfrentar toda raiva que o cunhado estivesse disposto a destilar.
- Agora vai espalhar pelos quatro cantos o que anda fazendo com a minha irṃ por ai? РO ruivo resmungou baixo enquanto se servia de costeletas no jantar.
- Eu não falei nada, ok!
- Então de onde o Sirius tirou aquela história? – Rony tinha a mesma expressão de quando estava prestes a dar xeque-mate no xadrez.
Harry olhou para o prato a sua frente, ainda repleto de carne com legumes, e pensando seriamente em tacá-lo na cabeça do amigo para ver se ele parava de uma vez com aquela história.
- Você não confia em mim, não é?
Rony olhou-o como se estivesse coberto por pus de borbotuberas, pensou um pouco, lembrando de uma conversa que teve com Hermione há algum tempo ainda durante as férias. Descansou o garfo no prato e respondeu.
- No amigo eu confio, eu não confio no cunhado.
Harry ainda pensou em retrucar, mas Hermione e Gina que estavam sentadas na frente deles conversando, resolveram incluí-los na conversa na mesma hora, fazendo-o desistir.
———
Fazia tempo que Harry não se sentia tão ansioso por notícias. A segunda-feira pareceu se arrastar como uma lesma e no final do dia Sirius chegou junto com Tonks, que também ia passar a pernoitar em Hogwarts bem como boa parte dos membros da Ordem, sem uma novidade sequer. Aparentemente Kingsley não achou uma idéia muito boa manter Sirius e Snape juntos num recinto fechado e havia dispensado o auror do interrogatório, que não havia acabado até o momento dele ter que ir fazer a segurança do castelo.
A terça-feira não foi muito diferente, mas passou um pouco mais rápido em virtude da aula extra de DCAT agora com todos os alunos do sexto e sétimo anoo de todas as casas juntos, mesmo aqueles que haviam desistido da matéria, mas que haviam se interessado em treinar. E não foi totalmente uma surpresa saber por Sirius que o antigo professor de poções não havia colaborado, alegando que nunca iria trair o seu mestre. Ao menos Harry ficou um pouco mais esperançoso quando soube que já haviam pedido autorização para usarem veritasserum em Snape, a fim de arrancar a qualquer custo as informações que o ranhoso escondia.
Hermione parecia extremamente inconformada com o fato dos livros que ela tanto idolatrava não terem podido ajudar, e andava com um humor terrível que variava apenas de uma raiva incontida, para um quase desespero. Gina, que normalmente treinava feitiços junto com ela, bradava aos quatro cantos que na próxima vez que a morena citasse que era impossível não ter nada de relevante nos livros, iria estuporá-la ou pior, ia tentar aperfeiçoar sua azaração pra rebater bicho-papão.
Na realidade não havia praticamente ninguém, que ao menos desconfiasse do que estava para acontecer, que não estivesse uma pilha de nervos. O ministério havia demorado mais de um dia para resolver conceder a autorização aos aurores para usarem o veritasserum e a espera estava deixando todos muito ansiosos e apreensivos. A única que ainda parecia tranqüila era Luna, mas isso não era realmente uma novidade já que a atitude passiva da Corvinal era constante. O sexteto estava sentado próximo à faia, sentindo o vento frio bater nas suas faces, após as aulas da quinta-feira, esperando Lupin os chamar novamente para o treino. Harry queria ter continuado até o jantar, mas Remus havia expulsado o grupo dizendo que eles precisavam de uma pausa para recarregarem as baterias, senão não ia adiantar tanto treinamento.
- Será que já conseguiram arrancar alguma informação do ranhoso? – Rony perguntou deitado com a cabeça no colo de Hermione que lhe afagava os cabelos.
- Tomara. – Respondeu Harry simplesmente. Falar do assassino de Dumbledore, mesmo que mal, era-lhe quase insuportável.
- Mas será que ele vai saber de algo? – Gina falou, sentindo Harry descansar a cabeça em seu ombro e apertar mais os braços em sua cintura.
- É… Ele já está preso há algum tempo. – Neville constatou. – Será que ele vai saber da data que Vol… Ele… vai atacar? – Completou encabulado. Ainda não se acostumara à idéia de participar desse tipo de conversa junto com o “quarteto”, mas dessa vez eles tinham-no praticamente arrastado.
- O alinhamento dos planetas já está previsto há quatro anos. – Luna falou enquanto observava atentamente uma joaninha que estava pousada sobre sua mão.
- Ahm?
- Quê?
Dos cinco jovens que acompanhavam a loira, apenas quatro olhavam para ela com uma cara de interrogação, evidentemente sem entender nem uma letra do que a corvinal falara. Apenas Hermione parecia petrificada. Sua expressão era a de quem havia levado um dolorido tapa na cara. A morena a olhava com olhos tão arregalados quantos os da própria Luna e se esquecendo que Rony estava apoiado em seu corpo, se levantou tão rápido que fez o ruivo bater com a cabeça no chão.
- Ai, Hermione!
- É isso! – A morena andava de um lado para o outro balbuciando palavras que faziam sentido somente para ela.
- É isso o que, Mione? – Gina perguntou.
- A data!
- Do ataque? РAgora Harry tinha sua aten̤̣o totalmente voltada para a amiga e ṇo mais para o perfume de Gina que o fazia imaginar loucuras.
- É. – Hermione olhava-os com um sorriso satisfeito de quem havia conseguido decifrar um importante enigma. – Eu posso estar errada é claro, mas Voldemort não iria deixar passar essa oportunidade.
- Dá pra você ser mais clara, Mi? – Rony pediu, depois de se encostar-se à árvore ao lado de Harry.
- O alinhamento dos planetas em V. Os alunos não falam de outra coisa há dias.
- Mas isso não é mais uma das besteiras da Lilá? – Perguntou Gina incerta.
- Os significados que elas dão sim. Francamente, até parece que os astros vão indicar se Rony vai ou não vai sair novamente com ela…
- Ela disse isso? – O ruivo perguntou, interrompendo, com o cenho franzido de desgosto.
- Disse, mas ṇo vem ao caso. РHermione se sentou ao lado de Rony e continuou explicando. РDurante as aulas de astronomia ano retrasado a professora Sinistra relacionou os diversos significados desse tipo de alinhamento: congru̻ncia de energias, mudan̤as distintas nas mar̩s. Mas o mais importante talvez seja que em geral os feiti̤os ficaṛo mais potentes durante o alinhamento.
- Quando vai ser isso? – A voz de Harry saiu dura, mesmo sem ele perceber.
- E-eu não sei. – Hermione já não parecia mais tão exultante com sua descoberta do que há alguns momentos. – Acho que é amanhã ou depois. – Concluiu num fio de voz.
Gina sentiu o corpo do namorado, encostado ao seu, tremer ligeiramente. Seu próprio coração falhou uma batida, possivelmente duas. Ninguém tinha coragem de falar nem uma palavra, nem de olhar diretamente para Harry. O moreno engoliu em seco, sentindo novamente um enorme desconforto na boca do estômago.
- Então é isso. – Se levantou, batendo as mãos na calça para tirar a terra que ficara grudada. – Eu vou… avisar ao Lupin.
Gina se levantou e segurou em seu braço dizendo.
- Eu vou com voc̻. РHarry olhou-a com os olhos verdes visivelmente entristecidos e falou enquanto tocava gentilmente em seu rosto.
- Eu prefiro ir sozinho. Fique aqui mais um pouco. – Beijou-a levemente nos lábios. – A gente se vê no treinamento.
Sem se despedir dos outros, que entenderam perfeitamente, Harry rumou apressado para o castelo, deixando pra trás uma Gina que não mais conseguia controlar algumas poucas lágrimas que escorriam por sua face. Hermione e Rony se levantaram quase que ao mesmo tempo, indo os dois tentar consolar a garota, que se desvencilhou do abraço e limpou ferozmente o rosto com as costas da mão antes de falar.
- Eu estou bem. Só um pouco preocupada.
Luna e Neville se entreolharam, assim como Rony e Hermione. Todos sabiam que a preocupação de Gina não era pouca. Na realidade nenhum deles estava nem de longe minimamente preocupados. Provavelmente incomensuravelmente preocupados seria uma boa definição.
——–
Quando Sirius chegou em Hogwarts naquele final de tarde, acompanhado por Schackelbolt e Tonks, não estava nem um pouco com vontade de conversar com seu afilhado como tinha de fazer. Finalmente tinham conseguido algumas informações importantes com Snape, e definitivamente nenhuma delas era favorável a Harry. O ex-maroto estava ainda tão preocupado em como dizer ao rapaz que já haviam descoberto a provável data do ataque de Voldemort, que nem reparou em Hagrid que vinha apressado pelos corredores e acabou trombando com o meio gigante.
- Olá Hagrid, por que a pressa?
- Ah, oi Sirius. – O meio gigante abriu um pequeno sorriso nervoso. – Acho que é melhor que a diretora McGonagall lhe explique, ou Harry… Se bem que teremos uma reunião da Ordem depois do jantar.
- É sobre o ataque? – Hagrid assentiu rapidamente, e Sirius não pensou que pudesse se sentir pior. – Eu vou falar com Harry então.
Sirius encaminhou-se rapidamente para a sala de DCAT onde Lupin e Gui treinavam os alunos, sabendo de antemão que Harry certamente estaria ali. Assim que entrou, viu pela determinação estampada nos olhos verdes enquanto ele duelava com Gui, que o afilhado já estava a par das novidades, pelo menos de uma parte delas. Observou as feições sérias de todos na sala que praticavam uma série de feitiços de ataque e defesa e não deixou de achar aquilo tudo muito injusto. Na verdade sempre fora, desde os tempos de James e Lily. Esperou que Harry desarmasse o ruivo e se aproximou.
- Como você está?
- Apreensivo. Cansado. Irritado. Ansioso. Nervoso. Angustiado. – Falou ríspido. – Pode escolher.
- Conseguimos algumas informa̵̤es com o Snape. РHarry virou de costas e se encaminhou para a janela sendo acompanhado pelo padrinho.
- Ele falou sobre as intenções de Tom Riddle me atacar durante o alinhamento dos planetas?
- Falou. Como voc̻s descobriram? РSirius encostou-se ao umbral da janela e olhou para Harry que observava, sem ver, a paisagem do lado de fora.
- Luna. – O rapaz deu um sorriso tímido e completou diante da expressão descrente do outro. – E Hermione.
- Eu devia ter desconfiado.
- Ele revelou mais alguma coisa?
- Não muito. O suficiente para podermos nos preparar melhor. – Harry já ia tentar arrancar mais alguma coisa, mas Sirius continuou. – Mas nós vamos conversar sobre isso na reunião da Ordem, e você agora vai jantar e descansar um pouco.
- Eu não estou cansado. Nem com fome.
- Claro que não. – O tom debochado era quase palpável. – A sua estratégia para destruir Voldemort é desmaiar de inanição e cansaço em cima dele.
Harry estava pronto para discutir com Sirius e dizer que ele era maior de idade e fazia o que bem entendesse, mas o pensamento enraivecido sumiu no mesmo instante que os braços do padrinho o envolveram num abraço paternal. Sentiu uma parte do enorme peso que carregava desaparecer e não pode deixar de imaginar que se seu pai ainda estivesse vivo teria feito a mesma coisa.
- Obrigado.
Sirius olhou intrigado para o rapaz que voltou a olhar para a paisagem.
- Não sei o porquê, mas… De nada.
——–
A reunião foi a mais longa e tensa que Harry já tinha visto. Todos os membros da Ordem da Fênix estavam presentes, o que fez com que McGonagall tivesse que ampliar sua sala magicamente. Hermione, que passara as ultimas horas junto com a professora Sinistra e Firenze, refazendo os cálculos para poderem se certificar da data do evento astronômico foi abraçada por Rony quando contou que o início do evento seria no meio da tarde do dia seguinte e levaria doze horas para terminar.
Harry sentiu o peso que pressionava seu estômago aumentar consideravelmente depois disso, e mesmo com os carinhos que Gina fazia em sua mão amenizarem um pouco essa sensação, ele não conseguiu absorver muitas informações além desta. Não conseguiu se ater ao fato de terem conseguido descobrir que Voldemort estava planejando atacar Hogwarts á partir da Floresta Proibida, usando comensais e talvez dementadores, já que tirando possivelmente Greyback, os lobisomens não estariam prontos para ajudar, já que seria uma noite de lua nova.
Enquanto os diretores das casas iam aos seus respectivos salões comunais avisar que as aulas do dia seguinte tinham sido canceladas e que somente os alunos que estavam treinando para a batalha deveriam sair de lá até serem avisados do contrário e os bruxos e bruxas da Ordem organizavam seus turnos de vigia, Harry sentiu ser cumprimentado por diversas pessoas, muitas delas bastante conhecidas como Tonks e Carlinhos, que tinha sido chamado às pressas da Romênia, mas apenas cumprimentou-lhes de maneira evasiva. Desceu as escadas em espiral assim que pôde e só não sumiu pelo castelo porque foi parado por Sirius e Lupin.
- Voc̻ vai aonde, Harry? РSirius segurou-o pelo ombro.
- Não sei. Eu só pensei em ficar sozinho um pouco.
- Por que voc̻ ṇo vai dar uma volta junto com Gina. РDessa vez ṇo havia nenhum tra̤o de brincadeira na fala de Sirius. РVoc̻ precisa relaxar um pouco, tentar ṇo pensar no dia de amanḥ, literalmente.
- Dessa vez até eu tenho que concordar com Sirius. – Lupin falou. – Você está tenso, o que é perfeitamente natural, e se não conseguir se acalmar um pouco vai ser pior.
- Tá.
Harry já ia retomando o caminho para ir se encontrar com a namorada quando Lupin disse com firmeza.
- Você está preparado, Harry. Eu não tenho a menor dúvida disso.
Harry engoliu em seco e respirou fundo antes de responder sem se virar.
- Espero que você esteja certo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário