quinta-feira, 25 de outubro de 2012

29. A Batalha Final


Gina ouvia seus pais, com uma expressão resignada, que desfiavam uma série de recomendações com relação a sua segurança. Eles já sabiam que não teria como impedir que Gina entrasse de cabeça na batalha que se daria em breve, ainda mais tendo em vista que Harry estaria à frente do embate. Molly a olhava temerosa, não só pela vida de sua filha como também por seu futuro, mas além do temor também se sentia muito orgulhosa por seus filhos. Todos eles estavam se preparando para lutar pelo mundo bruxo, não por causa de um futuro reconhecimento, mas porque era o certo. E havia Harry. Harry Potter entrou na vida dos Weasley de um jeito fulminante. Ainda criança, e sem que ninguém se desse conta de quem realmente era, nem mesmo ele, se fez presente como um menino que era acima de tudo simples e verdadeiro e se tornou um membro da família antes mesmo de namorar a caçula dos Weasley, pois como todos os outros ruivos, ele também não se importava com a ascendência das pessoas nem com a riqueza, mas sim com valores como honra, lealdade, coragem e acima de tudo: amizade.
Assim que Molly, com os olhos úmidos, terminou seu discurso com mais um de seus famosos abraços, dizendo que no dia seguinte iria retornar com o marido para ajudarem no que fosse necessário. Gina procurou com os olhos por Harry, mas não o encontrou mais na sala da diretora. Um aperto em seu coração denunciava o tamanho de sua aflição. Queria estar com ele e, a despeito de toda sua coragem, ouvi-lo dizer que tudo terminaria bem e que no final eles estariam juntos pra sempre. Saber que agora não tinha mais jeito e que no dia seguinte ele estaria frente a frente com Voldemort, a fazia ter vontade de gritar. Resolveu ir perguntar para Rony, que conversava com Carlinhos e Hermione, sobre o moreno, antes que enlouquecesse de vez.
- Rony, você viu o Harry?
- Não, Gi…
- Eu falei com ele, mas ele ṇo me respondeu. РCarlinhos interrompeu. РParecia um pouco transtornado.
- Conhecendo ele como a gente conhece, posso garantir que ele deve estar com a cabeça a mil… – Hermione falou antes de limpar discretamente uma lágrima que lhe escapou.
- Eu vou procurar por ele. Com licença. – Gina fez meia volta e fez menção de sair, mas sentiu que seguravam seu braço. Olhou para o lado e percebeu Rony a olhando com uma expressão indecifrável. – O que foi?
Rony olhou para ela e falou baixo enquanto a envolvia num abraço carinhoso.
- Quando o encontrar, faça ele entender que não está sozinho nessa, ok. – Deu um beijo no rosto da irmã e falou contrariado, mas conformado. – E não durmam até tarde porque Gui está falando sobre nos reunirmos logo cedo, para definirmos exatamente o que fazer.
Gina se limitou a sorrir e a retribuir o beijo que Rony lhe dera. Saiu da sala, descendo as escadas em espiral. Já estava quase chegando às gárgulas, quando estas se abriram dando passagem a Harry, que entrava pensativo.
- Ah… oi. – Disse Harry ao perceber a namorada descendo. – Eu ia te procurar.
- E eu estava indo procurar você.
Os dois se olharam um pouco constrangidos. Não haviam conseguido conversar direito sobre coisa alguma desde que Hermione descobrira sobre o ataque no final da tarde, perto da faia, e agora o mundo inteiro parecia ter girado rápido demais e todas as coisas que eles temiam estavam prestes a acontecer.
- Vamos… não sei… dar uma volta? – Harry perguntou, estendendo a mão para ela.
Gina assentiu, pegando a mão do rapaz com firmeza. Passaram abraçados por Sirius e Lupin que apenas olharam de forma compreensiva. O vento frio típico do mês de novembro os atingiu assim que chegaram ao pátio interno, mas eles não se importaram. Nada era mais importante que o fato de ficarem juntos. Continuaram em silêncio durante algum tempo apenas ruminando suas próprias aflições enquanto estavam abraçados. Somente quando Gina estremeceu ao sentir o vento ficar um pouco mais forte, foi que Harry falou depois de beijar-lhe levemente.
- É melhor entrarmos. Se não daqui a pouco seus irmãos vão ficar que nem doidos pelo castelo procurando pela gente. – Gina deu um pequeno sorriso e sentiu seu rosto enrubescer antes de responder.
- Acho que isso ṇo vai acontecer. РOs olhos verdes a olharam descrentes. РO Rony avisou para ṇo dormirmos at̩ tarde porque Gui vai fazer uma reunịo logo cedo.
- O Rony?
- É… – Harry soltou-a e sentou na beirada do chafariz onde ficou olhando para o chão com a expressão dura. – O que houve?
- Seu irmão fica de cara feia sempre que percebe que a gente passou a noite junto, e eu até entendo o lado dele… E agora entrega você assim de bandeja? – Ele olhou-a novamente, agora exasperado. – Isso é o que? Uma espécie de compensação? – Gina olhava incrédula. – Tadinho do Harry, pode morrer amanhã então vamos deixá-lo dormir pela última vez com nossa irmãzinha!
- Harry James Potter! – Gina sibilou o nome do rapaz com raiva, fazendo-o se levantar. – Eu sei que você está com raiva e nervoso por causa de tudo isso que está acontecendo, mas você não tem o direito de falar assim de pessoas que só querem o seu bem. – Ela agora cutucava o peito dele com o indicador. – O Rony sempre esteve ao seu lado e mandou lhe dizer também que é pra você entender que não está sozinho nessa!
- Eu sei, tá legal! – Harry gritou, o que fez Gina se calar. – É só que… Inferno Sangrento! – Virou-se e se afastou. Os punhos cerrados com força ao longo do corpo. – Eu estou com raiva… e acabei falando uma imensa besteira, ok.
Gina aproximou-se e o abraçou, encostando seu rosto nas costas de Harry.
- Você precisa descansar um pouco. Quem sabe uma poção para dormir da Madame Pomfrey?
Harry riu levemente, puxando-a para sua frente de modo que ficaram novamente cara a cara. Acariciou a face sardenta com a ponta dos dedos e encostou sua testa na dela, fechando os olhos em seguida.
- Você sabe que podem ser minhas últimas horas, não sabe? – Ela fez menção de falar. Mesmo de olhos fechados Harry percebeu e impediu-a colando seus dedos sobre os lábios rosados. – Eu não gostaria de passá-los inconsciente por causa de uma das poções da Pomfrey.
- Não vão ser suas últimas horas. – Gina falou com a voz embargada. – Eu sei que não! Eu sinto…
- Eu espero que não. – Harry abriu novamente os olhos se perdendo no meio dos castanhos que tanto amava. – Estou fazendo tudo o possível para que não seja, mas…
- Ṇo tem mas! РA ruiva falou irritada. РṆo pode ter.
- Mas de qualquer forma nada será igual depois dessa batalha. – O moreno continuou, ignorando o protesto da garota.
- É… eu sei.
Gina falou num fio de voz enquanto quebrava o contato visual ao olhar para o chão. Harry levantou seu rosto com a ponta dos dedos obrigando-a a olhá-lo novamente e depois beijou-a. O beijo se iniciou de forma cálida mas foi se intensificando e logo transmitia todo amor que os jovens sentiam um pelo outro. Quando já estava começando a ter todos os pensamentos embotados pelo calor da paixão, Harry interrompeu e falou ofegante.
- Vamos… sair daqui.
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Hermione estava se sentindo péssima. Sabia que não tinha o menor motivo para isso, mas de qualquer forma, ter conseguido decifrar o mistério sobre a data do ataque a Harry a fazia se sentir mal. Era como se ela própria tivesse selado o destino do amigo, apesar de todos dizerem o contrário, já que com a descoberta tinham agora uma vantagem sobre as Trevas. Recebeu um abraço carinhoso de Molly e Arthur que pediram que tomasse conta de Rony e sorriu quando os ouviu fazer a mesma recomendação sobre ela quando se despediram dele. Olhou para o namorado que acabara de se despedir dos pais e instintivamente ele fez o mesmo. Rony cruzou o espaço entre eles com apenas três passos e a abraçou de uma forma que a fazia esquecer de todas as preocupações.
- Você ainda está chateada?
- Hum-hum. – Ela confirmou com um movimento de cabeça, mordendo o lábio inferior ao sentir lágrimas se formarem novamente em seus olhos.
Rony beijou os cabelos cheios de Hermione, acariciando as costas da garota, da mesma forma que fazia nos últimos sete anos quando ela ficava chateada com algo. Ali não estava só seu namorado, o amor de sua vida. Estava também o amigo e companheiro que a acompanhava há tanto tempo.
- Ṇo tinha jeito, Mione. Isso ia acontecer uma hora ou outra. РEle levantou o rosto da garota que estava apoiado em seu peito para que os olhos azuis pudessem observar os dela. РE agora ele ṇo vai ser pego de surpresa.
- Eu sei… É que apesar de tudo, parece que não foi tempo suficiente…
- É… também acho. – Ela encostou novamente a cabeça no corpo do namorado. – Mas amanhã, quando chegar a hora, todos nós vamos fazer o melhor que pudermos, e isso vai ser mais do que suficiente, você vai ver.
- Eu estou com medo, Rony. – Ela soltou um riso nervoso.
- Acho que todos estamos. – Hermione soltou um longo suspiro que fez com que ele sorrisse tristemente. – Vem, vamos sair daqui.
Rony a conduziu pelos corredores quase vazios do castelo até chegarem ao corredor do quinto andar que dava para a sala da monitoria, onde parou, passando as mãos nos cabelos ruivos de forma nervosa.
- Mi…
Hermione o olhou com carinho. Ela adorava quando ele ficava encabulado daquele jeito. Aproximou-se de Rony, procurando manter contato visual com os olhos azuis apesar da diferença de altura, e assim que seus corpos ficaram praticamente grudados, pôs-se na ponta dos pés e beijou-lhe os lábios.
- É melhor não ficarmos parados aqui muito tempo. – A garota falou, pegando na mão grande do ruivo. – Pode aparecer alguém.
O casal seguiu pelo corredor até a sala da monitoria, que já estava ficando acostumada a ser ocupada pelos dois durante a noite. Precisavam descansar e relaxar e sabiam que não iam conseguir uma coisa ou outra ficando separados. Provavelmente nunca mais conseguissem ficar muito tempo longe um do outro de qualquer forma, e estavam ficando conscientes disso.
- Você precisa relaxar um pouco, Mione. – Rony disse ao estreitá-la novamente em seus braços.
- Só eu?
- É… – Rony tinha uma expressão pensativa. – Acho que eu posso acabar relaxando um pouco no processo.
- E qual seria esse processo?
- Srta. Granger, acho que você está precisando de uma boa massagem.
- E por acaso voc̻ sabe fazer massagem, Ronald Weasley? РHermione perguntou com um sorriso.
- Hermione, você ainda vai se surpreender com o mundo de coisas que eu sei fazer.
A garota arregalou os olhos diante da imensidão de promessas que ela conseguia ver no brilho apaixonado dos olhos azuis que junto com o sorriso sedutor que Rony exibia, faziam seu sangue começar a parecer fogo líquido em suas veias.
- Jura? – Ela perguntou desejosa.
- Pode contar com isso.
Rony beijou-a enquanto começava a desabotoar as vestes da namorada. O leve roçar dos dedos dele na pele de Hermione formando uma corrente elétrica que os arrepiava mutuamente. Ela arfou quando ao mesmo tempo em que sentia suas roupas indo parar no chão, Rony mordiscava-lhe o lóbulo da orelha. Agarrou o ruivo pela nuca e arqueou o corpo pra trás ajudando-o a trilhar o caminho por seu pescoço. Mas assim que seu corpo começou a vibrar e suas mãos tateavam as roupas do rapaz atrás dos botões, ele interrompeu o contato entre eles afastando-se.
- O.. que…
Rony a olhou, tentando a todo custo manter o controle, e com mais um de seus sorrisos capazes de levar Hermione a cometer loucuras, apontou a varinha para o sofá que estava ao lado deles e após um movimento de varinha este aumentou seu tamanho consideravelmente. Depois que conjurou rapidamente algumas almofadas, disse com a voz rouca:
- Agora você vai ganhar a melhor massagem da sua vida.
Hermione engoliu em seco quando o viu retirar as roupas, ficando somente com as de baixo, e a fez deitar-se de bruços. Rony sentou ao lado dela e inclinou seu rosto até que seus narizes se encontraram e ele fechou-lhe os olhos com dois beijos suaves sobre eles. Hermione tentou relaxar seus músculos mas era cada vez mais complicado ao sentir os toques de Rony. Ele começou massageando a área do pescoço e dos ombros com movimentos firmes e ritmados, depois foi descendo pelas costas da morena em direção ao seu quadril. Chegou a arfar ao senti-lo abrir seu sutiã delicadamente, mas sua respiração definitivamente falhou quando além do toque das mãos, o ruivo começou a depositar pequenos beijos por onde tocava. Estava prestes a explodir de antecipação, e acreditava que sua tortura já iria acabar, mas Rony parecia ainda ter muitas surpresas para ela. Passou a massagear-lhe as pernas desde a pontinha dos dedos – e aí Hermione teve de admitir que nunca imaginara que podia sentir tudo aquilo só com o contato dos lábios do namorado em seus pés – até suas coxas, passando perto, mas longe demais para o gosto dela, do último pedaço de tecido que a cobria.
Depois de tempo suficiente para Hermione começar a enlouquecer de desejo e gemer sofregamente, Rony atendeu ao pedido de seus corpos e terminou de despi-la. Virou-a gentilmente e começou a repetir os carinhos no corpo da garota. A despeito de ser final de outono e a temperatura ambiente estar um pouco abaixo do normal, o casal não sentia nenhum frio, muito pelo contrário, a cada toque de Rony, a cada beijo depositado, eles pareciam estar envoltos numa grande labareda que os consumia mais e mais. Hermione não sabia precisar em que momento Rony se posicionou entre ela, mas quando eles se tornaram um só, aí mesmo que seus pensamentos ficaram embotados. Os gemidos se misturavam e os corações ficavam cada vez mais acelerados até que juntos alcançaram o ápice da paixão. Rony deitou sua cabeça na curva do pescoço da morena sentindo os corpos começarem a se acalmar no mesmo ritmo.
- Rony… – Hermione chamou num fio de voz.
- Que foi? – ele perguntou também num murmúrio, levantando a cabeça para olhá-la.
- Eu te amo. РRony sorriu feliz ao v̻-la olhando-o com ternura.
- Eu também.
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Os primeiros raios de sol entraram pela janela que havia na sala precisa e tocaram o rosto de Harry, que acordou quase que imediatamente. Tinha conseguido dormir um pouco quando Gina se aconchegou extasiada em seus braços já no meio da madrugada. Pelo menos não podiam dizer que ele não havia tentado relaxar, pensou com sarcasmo. Passou a ponta dos dedos nas sardas delicadas do rosto da garota fazendo com que ela abrisse os olhos, sonolenta.
- Bom dia, dorminhoca. РGina sorriu levemente antes de voltar a fechar os olhos, se virar debaixo do len̤ol e encostar seu corpo no do rapaz de um jeito provocante.
- Está cedo ainda. Podemos ficar mais um pouco.
- Ginevra…
- Sabe que eu até gosto do meu nome, quando você fala desse jeito?
A ruiva sorriu e Harry sentiu que se fosse para vê-la daquela forma de novo, ele conseguiria destruir dez Tom Riddle. Colou seu corpo no dela e beijou o pescoço alvo que os cabelos vermelhos esparramados pelo travesseiro não mais escondiam, fazendo-a tremer ligeiramente.
- Foi voc̻ que falou ontem sobre uma reunịo logo cedo. Рsussurrou no ouvido dela.
- Tenho certeza que dá tempo da gente ficar aqui mais um pouco… – Gina falou com dificuldade ao sentir o calor provocado pelo contato dos corpos se tocando.
Harry não pensou em discordar, apenas fez com que ela se virasse, para que pudesse beijá-la, posicionando-se por cima da garota que correspondeu com ardor. Imediatamente os corpos se amoldaram e as mãos dele começaram a vagar pela pele de Gina com intimidade, fazendo-a acender. Ofegou de antecipação quando ela cravou os dedos em sua nuca de um jeito que o fazia perder completamente a noção das coisas, enquanto ainda continuavam a beijar-se apaixonadamente.
O beijo durou alguns momentos sendo seguido por uma torrente de carícias mútuas que os deixaram às portas do paraíso. Olharam-se nos olhos, ofegantes e com os corações batendo descompassados e no instante seguinte, com a naturalidade que só duas pessoas que se amam conseguem, já eram um só. Se perderam em meio à paixão, deixando que seus corpos se consumissem no fogo que emanavam, até que repousaram extasiados e felizes, desejando que o amor que sentiam pudesse acabar com todo mal contra o qual lutavam.
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Gui olhou com um evidente ar de reprovação quando Harry e Gina entraram no salão principal, alguns minutos depois que o restante do pessoal. Não sabia ao certo o porquê, mas a desculpa de Rony que os dois não tinham aparecido para o café da manhã, pois estavam sem fome, um tanto “certinha” demais, mas deixou para se preocupar com isso depois. No momento tinham coisas mais importantes a resolver.
O salão principal estava realmente cheio. Professores, aurores, membros da Ordem da Fênix, além dos alunos que participavam da “Nova AD”, todos aguardavam os comandos de Alastor Moody. Como se estivesse apenas aguardando que Harry chegasse, assim que o moreno se acomodou a frente de Rony e Hermione na mesa da Grifinória, o ex-auror começou a falar.
- Acredito que todos saibam por que estão aqui hoje. – Olho-Tonto começou com seu habitual tom duro. – Portanto eu vou ser direto. É quase certo que Voldemort atacará Hogwarts hoje para tentar acabar com Harry Potter. – Um burburinho começou a se formar principalmente entre os alunos e Moody teve que aumentar o tom de voz para ser ouvido ao fazer um gesto apontando o enorme homem sentado perto de si. – Kingsley Schackelbolt, como chefe dos aurores, nos trouxe uma ajuda preciosa e provavelmente vital. Eles ficarão posicionados, em sua maioria na orla da Floresta Proibida que é por onde deverá ocorrer o ataque.
Os aurores assentiram enquanto o restante das pessoas no grande salão voltava a ficar em silêncio. Gina apertou as mãos de Harry entre as suas, notando que estavam frias, provavelmente de nervoso. O moreno deu um sorriso fraco e voltou a prestar atenção em Olho-Tonto.
- Os alunos que estiveram treinando com o professor Weasley e Lupin, deveṛo proteger o castelo, junto com os demais professores. РUma s̩rie de exclama̵̤es foi ouvida por todo saḷo. РOs membros da Ordem da F̻nix deveṛo estar prontos para protegerem Harry.
Todos os presentes se voltaram para olhar para o rapaz que procurou tentar não prestar atenção ao fato e continuar olhando para Moody. Só quando Carlinhos, que estava sentado na mesa da Lufa-lufa junto com Tonks, os gêmeos e Sirius, se levantou e pediu para falar, foi que as pessoas deixaram de observar Harry.
- Quem vai ficar responsável por matar a cobra? – Muito dos presentes olharam confusos, pois não haviam entendido sobre o que o ruivo perguntara.
- Bem lembrado. – O líder da Ordem concluiu. – Precisamos de um voluntário para dar fim à cobra de estimação de Voldemort.
- Será que ele vai trazer Nagini? – Neville que estava próximo ao quarteto perguntou baixo.
- Pelas informa̵̤es, sim. РHermione explicou. РAt̩ porque ele deve querer estar preparado para o caso de precisar usar a horcrux imediatamente.
Harry ainda não tinha pensado na possibilidade nem tão remota assim, de que Tom Riddle não trouxesse a cobra. Se isso por acaso acontecesse, ainda existia a possibilidade dele acabar morrendo sem conseguir dar fim do lord das Trevas. Mas os pensamentos do rapaz foram abalroados pela voz dos gêmeos que gritaram ao mesmo tempo:
- Nós cuidaremos daquela minhoca super desenvolvida!
- É isso então, todos já sabem o que devem fazer. Aqueles que ainda tiverem alguma dúvida podem procurar algum membro da Ordem aqui presente. – Todos os membros da Ordem se levantaram, menos Harry que sentia seu estômago pesar uma tonelada. – Harry, boa sorte.
—-
Depois que Alastor Moody deu por encerrada a reunião, praticamente todas as pessoas presentes se puseram a ir cumprimentar Harry, desejando-lhe invariavelmente que conseguisse dar fim em seu oponente. Molly, que iria ficar na enfermaria ajudando madame Pomfrey, abraçou-o fortemente pedindo que não se arriscasse mais do que o necessário, pois não suportaria perder outro filho. Nenhum de seus cunhados, que estavam ao redor, sequer cogitou a hipótese de fazer qualquer tipo de piada sobre aquilo, o que incrivelmente o fez se sentir ainda pior. Preferia quando os Weasley brincavam com tudo, parecia que de alguma forma o perigo não era tão grande.
Os gêmeos desejaram boa sorte dizendo que ele não precisaria se preocupar com Nagini, pois a matariam o mais rápido possível. Depois distribuíram entre os familiares, e também Harry, Luna, Neville e Hermione, uma série de produtos de defesa fabricados por eles: luvas de couro de dragão reforçadas contra feitiços, coletes refletores e para quem ainda não tinha, capas escudo.
Fleur e Gui cumprimentaram-no e em seguida sumiram, provavelmente para desfrutarem de uma despedida a sós. Carlinhos falou com todos, junto com Tonks e Lupin, que apenas ria enquanto os outros dois ficavam relembrando os tempos que freqüentaram Hogwarts e Gina achou que Remus parecia estar com ciúmes. Arthur Weasley abraçou-o de forma paterna e isso fez com que Harry sentisse um bolo se formando em sua garganta, ainda mais quando Sirius apareceu em seguida e fez o mesmo.
- Eu vou ficar de olho em você, filho. Não se preocupe.
Nunca em sua vida Sirius tinha falado de forma tão séria e preocupada. Harry se limitou a apenas concordar com um movimento e cabeça, pois não saberia se conseguiria falar alguma coisa sem chorar. Deixou-se ficar naquele abraço que representava tanto, por alguns momentos até que Sirius voltou a falar baixo em seu ouvido.
- Por que você não aproveita esses momentos antes do ataque para se despedir de seus amigos e de Gina.
- Ok. РRespondeu com voz embargada, se soltando e vendo Sirius se afastar com os olhos ̼midos.
Virou-se na direção em que Gina, Rony e Hermione estavam, e no caminho ainda cumprimentou Neville e Luna que o aguardavam. Quando conseguiu finalmente chegar perto dos três, foi envolto pelo abraço forte de Hermione, que apesar de estar chorando, procurou controlar-se ao começar a falar.
- Vamos estar sempre com você, entendeu? – A “amiga-irmã” segurava o rosto dele forçando-o a encará-la. – Não tente dar uma de herói, está ouvindo?
- Eu vou tentar, Mione. – Disse com um sorriso sincero.
- Eu te amo, sabia? РEla riu da cara que Rony fizera. РVoc̻ ̩ como um irṃo pra mim.
- Você também será sempre a minha irmã. – Apertou a morena em seus braços, depositando um beijo em sua testa. – Eu também te amo. – Depois sussurrou em seu ouvido. – Cuida desses dois pra mim, está bem.
- Ha-harry.
Hermione murmurou num apelo mudo para que não precisasse cumprir essa promessa, mas ele apenas pegou em suas mãos e beijou-as. Rony se aproximou da namorada e afastando-a de Harry, se pôs de frente para ele. Durante alguns segundos, os amigos ficaram apenas se olhando, até que no mesmo instante se abraçaram ainda sem proferir nenhuma palavra. Palavras não eram realmente necessárias. Rony e Harry se conheciam há tanto tempo e eram tão amigos, que sabiam exatamente o que o outro estava pensando ou sentindo, mesmo sem usar legilimência.
- Não deixa o “cara-de-cobra” te pegar, ok. – Falou o ruivo enquanto ainda estavam abraçados.
- Ṇo se meta em encrenca. РRespondeu Harry.
Depois de um tempo os dois rapazes se soltaram e procuraram secar discretamente as lágrimas que afloraram em seus olhos sem consentimento. Antes de se afastarem, Harry pediu num sussurro.
- Se eu… não conseguir… – Rony olhou-o assustado. -…Você sabe… Diga para Gina que… eu a amo muito… e quero… que ela seja feliz.
Rony soltou o ar dos pulmões, fechando os olhos por alguns momentos, antes de abraçar o amigo novamente e responder.
- Pode ficar tranqüilo que eu vou cuidar dela. Mas ai de você se me fizer ter que cumprir essa promessa.
Os dois se afastaram rindo nervosamente e voltaram para perto de Hermione e Gina que depositou um beijo carinhoso no irmão antes de abraçá-lo e depois ficar ao lado de Harry que pegou em sua mão e puxou-a em direção à saida.
- Vamos sair daqui um pouco.
——-
Rony e Hermione observaram Gina e Harry saírem do salão principal e em seguida se abraçaram tentando transmitir toda calma necessária naquele momento um ao outro. O ruivo beijou os cabelos castanhos, sentindo a garota suspirar contra seu peito, e pediu.
- É melhor você ficar aqui dentro, Mione. – Ela levantou a cabeça procurando olhar dentro dos olhos azuis.
- Nem pensar, Rony. Eu quero ficar com você.
Rony beijou-a levemente, estreitando o abraço. Depois caminhou, levando-a consigo até uma passagem atrás da tapeçaria de Sally a Bela, que havia no corredor atrás das escadas.
- Hermione. РEle falou vacilante. РEu ṇo vou conseguir me concentrar com voc̻ por perto. Vou ficar o tempo todo querendo proteger voc̻.
- Eu não preciso…
- Eu sei que voc̻ ṇo precisa de ningu̩m te protegendo, mas eu ṇo ia conseguir me controlar. РRony a interrompeu.
- Mas…
- Sabe, agora eu sei exatamente o que o Harry teve que passar pra convencer a Gina a não ficar por perto na hora que o ataque começar. – O ruivo a interrompeu novamente e Hermione só conseguiu dar um meio sorriso ao ouvi-lo.
- Está bem, você até que tem razão. – Rony beijou-a, passando a mão delicadamente pelo rosto dela.
- É incrível como no dia que você concorda comigo, não tem ninguém por perto para servir de testemunha. – Brincou.
- Seu bobo.
Rony sorriu antes de beijá-la novamente. Estreitou-a em seus braços fazendo com que por alguns instantes esquecessem que o ataque era iminente. Hermione teve que admitir que o ruivo sempre conseguia ter esse efeito sobre ela. Nos seus braços era capaz de nem se lembrar o caminho para a biblioteca. Sentiu alguns flocos gelados tocarem sua pele, e soube que novamente Rony estava fazendo nevar só pra ela. Uma felicidade, impensável até instantes atrás ocupou um bom espaço dentro dela, ao sentir-se amada, e a única coisa que conseguiu fazer foi dizer:
- Eu te amo.
- Eu também te amo, minha sabe-tudo.
Beijaram-se mais uma vez, até que ao longe um barulho de explosão os avisou que a batalha havia sido iniciada.
———-
Harry e Gina saíram do Salão Principal em busca de um lugar tranqüilo para poderem ficar um pouco sozinhos, mas parecia que seria impossível. Já estavam desistindo quando ouviram Sirius chamando.
- Ei, vocês dois. – O maroto olhou-os com um sorriso indecifrável.
- O que houve? – Perguntou Harry preocupado.
- Não foi nada. – Sirius puxou Harry pelo braço até que este entrasse numa sala do corredor lateral junto com Gina. – Só achei que vocês iam querer ficar um pouco sozinhos.
- Sirius!
- O que foi? Se ṇo quiserem tudo bem. РDeu de ombros.
- Obrigada Sirius, era isso mesmo que a gente estava tentando. – Gina se aproximou e deu um beijo estalado no rosto do homem que levantou a sobrancelha, divertido.
- Viu? – Harry abriu um pequeno sorriso involuntariamente. – Agora juízo vocês dois, hein.
Sirius saiu, fechando a porta atrás de si. Harry olhou para os pés, incerto sobre o que fazer ou falar, parecia que todas as palavras haviam desaparecido de sua mente. Já estava pensando se realmente havia sido uma boa idéia ficar sozinho mais uma vez com Gina, quando ela tocou seu rosto com as mãos delicadas fazendo com ele a olhasse. Ficou na ponta dos pés e deu um beijo de leve na cicatriz em forma de raio na sua testa. Imediatamente as duvidas quanto a ficar junto de Gina por mais alguns instantes desapareceram e ele a abraçou com força, beijando os lábios rosados com ardor.
- Nunca se esqueça o quanto eu te amo.
- Jura pra mim que nós ainda vamos ser muito felizes.
- Gina…
- Jura que se depender de você…
- Eu prometo que se depender de mim, você ainda vai ter que me aturar por bastante tempo, tá legal.
- Harry… – A garota fazia um esforço tremendo para não se deixar abater. – Eu te amo.
O rapaz beijou-a de leve, sentindo o perfume floral da garota invadir todos os seus sentidos e preencher todo seu corpo. Com um sorriso nos lábios ao ter certeza do tamanho da felicidade que o esperava ao lado de Gina, fez um leve movimento com a varinha, conjurando uma linda rosa vermelha que depositou nas mãos da pessoa que mais amava no mundo.
.- Eu vou te amar pra sempre, Ginevra Molly Weasley.
Gina não conseguiu mais se conter e o abraçou com desespero. Não poderia ser o fim, eles ainda tinham muito que viver. Ela havia sonhado com uma pequena casa com algumas crianças ruivas de olhos verdes correndo pelo jardim e nem havia conversado com Harry a respeito. Algumas lágrimas teimosas escaparam pelos olhos castanhos percorrendo uma trilha úmida pelo rosto alvo. Harry sentiu seu peito doer ao perceber que a ruiva merecia uma despedida muito melhor. Percebendo os próprios olhos ficando perigosamente turvos pelas lágrimas que se formaram, ele a beijou sofregamente.
Uma explosão seguida de vários gritos de alerta avisou que o ataque havia começado. Harry interrompeu o beijo e colou sua testa na da namorada, falando em seguida, num sussurro.
- Chegou a hora.
- Se cuida, está bem. – Gina falou ainda abraçada a Harry.
- Você também.
Ela concordou com um movimento de cabeça, a voz embargada demais para conseguir pronunciar qualquer coisa. Harry secou mais uma lágrima que havia escorrido pela face dela e voltou a beijá-la. Uma batida na porta os interrompeu e antes mesmo que respondessem, Sirius abriu-a enquanto falava.
- É melhor irmos, Harry. – O rapaz não respondeu ao padrinho, apenas continuou olhando para Gina se perdendo no mar de âmbar.
- Te amo.
- Eu tamb̩m. РGina conseguiu responder.
Harry soltou-a e foi ao encontro de Sirius que segurou em seu ombro em guisa de apoio. Gina se deixou ficar ainda por alguns momentos no meio da sala, olhando a rosa em sua mão. Mas ela não era de se esconder, nem de fugir da batalha, fosse ela qual fosse. Só não ficaria próxima de Harry porque sabia que se o fizesse não conseguiria manter-se focada na luta e nem ele, portanto enquanto o moreno ficaria nos jardins, ela estaria dentro do castelo ajudando a protegê-lo.
—–
- Cad̻ a Mione? РHarry perguntou a Rony assim que o encontrou no corredor.
- Consegui convencê-la a ficar aqui dentro com a Gina.
- Ótimo. Tome cuidado, está bem? – Harry parou de andar e segurou Rony pelo braço.
- Voc̻ tamb̩m. РRony respondeu, ṇo conseguindo impedir que uma de suas famosas caretas se formasse em seu rosto.
- Então vamos.
Sirius, Harry e Rony caminhavam a passos largos em direção aos jardins onde os sons da batalha já evidenciavam seu começo, quando o auror parou, impedindo os jovens de sair.
- É melhor você esperar um pouco aqui.
- Por quê?
- Não esqueça que só pode acabar com Voldemort depois de ter certeza que os gêmeos acabaram com a tal da cobra.
- E como eu vou saber isso? РUma sombra de frustra̤̣o perpassou os olhos verdes.
- Eu vou lá fora ver. Assim que eu tiver a certeza que eles conseguiram, te aviso.
- Certo. Eu vou ficar por aqui, protegido pela capa de invisibilidade.
- Excelente id̩ia, Harry. РSirius falou, enquanto tentava observar pelas janelas o desenrolar da batalha do lado de fora do castelo. РEnṭo eu vou verificar como esṭo as coisas na entrada lateral.
——–
Quando Rony conseguiu chegar aos jardins, em meio ao tumulto das pessoas se posicionando e de algumas já lutando, teve que admitir que não se sentia preparado para aquilo. Ignorando o frio que sentiu em seu estômago, procurou se proteger atrás de uma das pilastras da entrada enquanto tentava de alguma forma achar Fred e George.
- Merda, eu devia ter olhado no mapa do maroto.
Contudo seu momento contemplativo terminou quando percebeu os embates que se formavam diante de si. Carlinhos parecia estar se saindo muito bem lutando com um comensal atarracado que estava em evidente desvantagem. Ao longe podia ver Hagrid lutando a moda trouxa com outro seguidor das trevas, enquanto vários aurores cuidavam de um comensal cada um.
Fez o caminho que dava nas estufas e por pouco não foi atingido por um raio prateado que veio em sua direção. Esquivou-se para detrás da parede e com um movimento preciso imobilizou o comensal que tentara acertá-lo. Logo atrás uma verdadeira balburdia tinha sido deflagrada. Não havia como passar sem correr o risco de ser atingido por algum feitiço, azaração, ou pior, uma maldição.
Bem próximo à orla da floresta Lupin estava tendo um trabalho enorme em seu duelo particular com Fenrir Greyback, que mesmo não estando transformado, ainda apresentava uma força fora do normal. O famigerado licantropo tentava atingir o ex-professor não só com feitiços que atirava sem parar com sua varinha, mas também com as unhas em forma de garra e com mordidas, do mesmo jeito que havia feito quando atacara Gui.
Talvez por se achar invencível, Greyback foi ficando mais descuidado a cada movimento que fazia, e pelo olhar determinado que se via em Lupin, este havia percebido e estava utilizando isto ao seu favor. Para quem via de fora, Remus Lupin tinha um trabalho bastante complicado a sua frente, mas na verdade ele só estava deixando que o líder dos lobisomens se enredasse cada vez mais em sua própria desgraça.
A cada novo ataque de Fenrir, um brilho vitorioso aumentava nos olhos de Lupin e assim que o comensal preferiu desistir de tentar acertá-lo com azarações para partir para um corpo-a-corpo, foi atingido por um feitiço estuporante certeiro lançado pelo ex-maroto. Mas provavelmente por causa da sua parte lobo ser mais resistente, Greyback voltou a debater-se antes mesmo que Lupin conseguisse prendê-lo, e assim que este se deu conta já estava sendo novamente atacado por seu algoz que depois de derrubá-lo tentava de todo jeito atingi-lo com suas presas.
Lupin começava a sentir que o desgaste da batalha estava afetando-o e já não conseguia repelir todos os ataques. Tinha inclusive sido mordido na altura do ombro que agora sangrava sem parar. Quando, a despeito de toda a dor que lhe toldava parcialmente os movimentos, tentava impedir outro avanço de Fenrir, sentiu o corpo de seu oponente se retesar e logo após cair desfalecido sobre si. Empurrou o corpo sem vida para o lado e pôde ver a alguns passos a figura de sua salvadora. Tonks tinha a expressão compenetrada e ainda empunhava a varinha como se de alguma forma, Greyback pudesse voltar a atacar. Nem de longe parecia a garota desastrada que vivia derrubando coisas por onde passava.
Com dificuldade, Lupin se levantou e aproximou-se da namorada que agora o mirava com os olhos úmidos.
- E-ele ia te matar.
- Você fez o que precisava. – Confortou-a, porém continuou com o olhar melancólico. – Mas você não deveria ter se arriscado assim por minha causa.
Remus pôde perceber o olhar ressentido, porém decidido da mulher a sua frente.
- Voc̻ deveria saber que o que voc̻ chama de sua causa, ̩ minha tamb̩m. РTonks falou com firmeza.
O homem tentou se recompor devido a dor que os ferimentos causavam e caminhou lentamente até a mulher, passou as mãos pelo rosto delicado e jovem dela e a fitou durante alguns segundos.
- Sim, eu deveria saber. – Reconheceu antes de tomar os lábios dela em um beijo de agradecimento, companheirismo e puramente de amor.
——-
Enquanto continuava em sua procura pelos dois irmãos responsáveis pela cobra, Rony teve ainda que duelar com um Comensal que acabara de derrubar um dos aurores que tinha feito a segurança de Hogwarts nas últimas semanas. Olhando discretamente em volta, percebeu que apesar de algumas baixas, parecia que as trevas estavam levando a pior. Uma gargalhada gélida prendeu a sua atenção, e foi com um certo horror que viu Bellatrix – que agora se dava ao luxo de não mais se esconder sob as vestes negras – passar junto com outro comensal, ladeando um homem imponente apesar da aparência ofídica. Como que sentindo a presença do ruivo, o grupo parou a poucos metros de onde ele se encontrava, permitindo-o ouvir o sibilar incompreensível da conversa entre Voldemort e Nagini, o que deixou Rony verdadeiramente apreensivo.
Que diabos tinha acontecido com Fred e George que não conseguiram fazer aquilo para o qual se prontificaram? Com um temor ainda maior, notou que enquanto Voldemort e seus comparsas rumavam para a entrada lateral do castelo, Nagini deslizava ameaçadoramente em sua direção. Procurou se afastar rapidamente, mas a lembrança de que Harry somente conseguiria vencer o Lord das Trevas depois que seu animal de estimação tivesse sido destruído o fez parar.
Murmurando imprecações contra os gêmeos que se ouvidas por Molly, provavelmente esta o faria lavar a boca com sabão até a velhice, Rony se virou, segurando a varinha na mão com tanta força que chegava a doer. Ao mesmo tempo que lançou um feitiço paralisante, que apesar de acertar o alvo, nem de longe conseguiu que a cobra diminuísse seus movimentos, lembrou que não poderia somente atordoar o animal, teria que conseguir matá-la.
Com uma agilidade incrível para o seu tamanho, Nagini seguia perseguindo sua vitima. Rony percebeu que ela estava começando a armar o bote e se preparou. Quando a cobra praticamente voou na direção dele, o ruivo conseguiu acertá-la com um preciso “sectumsempra” que a fez guinchar e cair aos seus pés. Suspirou aliviado e já estava a ponto de avisar Harry que tinha conseguido, quando uma dor excruciante em sua perna o fez cambalear. Imediatamente começou a atingir a imensa cobra com feitiços cortantes e estuporantes, torcendo para que as forças do réptil acabassem antes das dele. Suando frio e sentindo o veneno atordoando cada vez mais suas reações, Rony tentou se concentrar ao máximo e atingiu Nagini mais uma vez com o “sectumsempra”.
Talvez tenha sido por causa da fraqueza que assolava seu corpo, ou quem sabe a terra sob seus pés tenha realmente tremido, isso não era realmente importante, mas assim que o poderoso feitiço cortante pela segunda vez atingiu a cobra, ela soltou suas presas do corpo do rapaz, que tombou ferido. Rony ainda conseguiu sorrir levemente quando percebeu que a combinação dos feitiços que Snape involuntariamente os ensinara havia cortado a cobra em vários pedaços e agora uma fumaça negra e de odor desagradável o fazia crer que o último pedaço da alma de Voldemort que restava, havia enfim sido destruído.
Olhou em volta procurando por ajuda e se deu conta de que ao tentar fugir da cobra havia se colocado num local um pouco afastado do restante das batalhas que estavam sendo travadas. Juntando toda energia que ainda tinha, enviou por seu patrono um recado para Harry avisando que o caminho dele estava livre e depois torceu para que alguém o encontrasse ali. Em seguida tudo ficou escuro.
—–
Depois que Harry saiu, Gina secou as lágrimas e ajeitou a capa escudo que a envolvia. Refez o rabo-de-cavalo que prendia os cabelos vermelhos e respirou fundo. Não podia ficar ali se escondendo. Tinha que agir. Rumou para uma das entradas laterais do castelo encontrando Hermione no caminho.
- Pensei que você fosse ficar lá fora.
- Seu irṃo me convenceu. РDisse a morena simplesmente.
A ruiva não fez mais perguntas, não precisava. Seria mais fácil para Rony e Harry se elas estivessem longe de seus olhos. Agora não era hora para declarações de amor e preocupações pessoais, estavam ali lutando pelo bem comum, pelo futuro do mundo bruxo. Qualquer coisa era menos importante que aquilo. Juntaram-se a alguns alunos da “Nova AD” e em seguida, como se só estivessem esperando que as duas chegassem, começaram a duelar com alguns comensais que tentaram invadir o castelo por ali.
Agradecendo aos céus por ter se dedicado com verdadeiro afinco às aulas extras de Gui e Lupin, Mione estava se saindo muito bem. Mas seu olhar duro e compenetrado não escondia o quanto ela temia falhar, principalmente o quanto ela temia por Rony. Talvez por isso ela tenha sido atingida algumas vezes pro feitiços atordoantes que logo foram absorvidos pelo escudo que depois ela teria que agradecer devidamente aos cunhados. Contudo a capa não foi suficiente para evitar que um comensal, que ela se lembra de ter visto durante o ataque que culminara na morte de Dumbledore, conseguisse acertá-la com a maldição imperdoável da tortura.
- Ora, ora. A amiguinha do Potter. – A voz irônica chegava aos ouvidos de Hermione, que sucumbia às dores lancinantes do cruciatus. – Isso vai ser pouco perto do que meu mestre irá fazer com ele.
Foram apenas alguns minutos, mas para Hermione certamente pareceram horas sem fim em que seu corpo foi torturado como se uma infinidade de agulhas perfurasse-o, ao mesmo tempo em que seus músculos se retesavam parecendo estilhaçar no processo. Ainda tremia quando a voz de Gina alcançou-a.
- Calma, Mione. Já acabou. – A ruiva se ajoelhou ao lado da amiga ajudando-a a se sentar. – É melhor você ir pra enfermaria.
- Na-não. Eu tenho que ficar e ajudar.
- Você não está em condições de ajudar ninguém agora. – A ruiva se virou para um rapaz que acabava de prender o comensal que Gina tinha derrotado. – Ei, leve ela até a enfermaria, por favor.
O rapaz, um corvinal do sétimo ano que elas não sabiam ao certo o nome, assentiu e com incrível facilidade pegou Hermione no colo, carregando-a com incrível rapidez até a ala hospitalar.
Gina soltou o ar pela boca e voltou sua atenção para a batalha. Ali, depois que tinham conseguido derrotar os três comensais que se aventuraram a passar, parecia que não teriam mais problemas, mas não poderiam descuidar.
——–
Num outro ponto Luna e Neville, que preferiram duelar lado a lado, também com a ajuda de outros alunos tentavam defender Hogwarts da invasão. Talvez por já terem enfrentado perigo semelhante antes, seus feitiços eram mais certeiros e potentes e nem de longe lembravam as primeiras tentativas dos dois há alguns anos na Armada de Dumbledore original.
Os poucos seguidores das trevas que tentaram invadir o castelo por ali foram impedidos por eles, e Neville tinha que admitir que teriam algum problema em se verem livres das azarações que a loira tinha lançado. Era incrível como a garota conseguia transformar um simples feitiço paralisante numa azaração desfigurante. Mas o grifinório não iria reclamar. Pelo menos não enquanto a namorada não quisesse acertá-lo, por algum motivo.
——-
Sirius estava dividido entre o dever de auror e o dever de pai. Sim, de pai. Para ele há muito que Harry era para ele como um filho e não apenas um afilhado, e tudo que desejava era impedir que este sofresse o mínimo que fosse. Mas sabia que não podia, nem Harry tampouco, ficar grudado no rapaz o tempo todo. Ele tinha uma batalha que precisava travar sozinho, a despeito de querer ou não.
Já estava voltando para perto do salão principal, onde Harry estava aguardando, quando sentiu um leve tremor em sua espinha. Ser um animago tinha suas vantagens. Uma delas era pressentir o perigo mesmo quando este ainda não tinha se revelado. Protegeu-se e observando melhor a sua volta, percebeu duas pessoas que caminhavam confiantes perscrutando o corredor à procura de algo, ou alguém. Foi com ódio que notou que sua prima era uma dessas pessoas e preparou-se para o ataque. Sentiu o coração ribombar de antecipação quando ela parou e deu alguma ordem ao outro comensal que seguiu por outro rumo deixando-a sozinha. Aproveitando o momento, Sirius se fez ver, saindo das sombras que o ocultavam.
- Bellatrix!
- Sirius. – A mulher abriu um largo sorriso. – Normalmente eu perguntaria o que você está fazendo aqui, já que me lembro perfeitamente de tê-lo visto morrer, mas eu não vou ser curiosa.
Sirius preferiu não trocar farpas com ela, não iria levar a nada, apenas o distrairia. Desde que se lembrava, eles nunca se entenderam, principalmente depois que ele virou oficialmente a “ovelha branca da família”. Atacou a mulher impiedosamente, sem um resquício de remorso. Bellatrix parecia levemente surpresa ao perceber que seu primo estava provavelmente em sua melhor forma como auror, mas não se deixava abater. Conseguiu acertar um feitiço cortante apenas superficialmente, mas em sua loucura achou que havia praticamente derrotado Sirius. Com os olhos vidrados devido à maldade quase palpável que embotava seu cérebro, aproximou-se às gargalhadas, mantendo a varinha frouxamente segura entre seus dedos. Sirius, que havia apenas sentido um esgar de dor com o corte em seu peito, observou-a se aproximar, incrédulo com a chance que desfilava por seus olhos. Deixou que Bellatrix ficasse ainda mais perto e quando esta se encontrava a apenas um palmo de sua varinha, atingiu-a com um feitiço estuporante bem na altura do coração.
Aos poucos o sorriso demente foi dando lugar a uma horrorizada certeza de que tinha sido pega, mas antes que conseguisse gritar ou mesmo formular qualquer feitiço contra seu primo, Bellatrix caiu desacordada aos pés dele. Sirius achou que se sentiria satisfeito quando conseguisse finalmente capturar àquela que tanto mal fizera a ele e aos seus amigos, mas foi com um pouco de pena que aprisionou sua prima com cordas mágicas.
Rapidamente seus pensamentos voaram para Harry. Se Bellatrix estava no castelo era muito provável que Voldemort também estivesse e ele queria estar junto do rapaz para ajudá-lo. Virou-se em direção ao Salão Principal, mas um raio púrpura e uma voz jovem de mulher que Sirius não reconheceu o fez perceber que estava sendo novamente atacado.
- Você vai pagar caro pelo que fez!
Sirius protegeu-se rapidamente, quem quer que fosse estava evidentemente possessa e agora tentava acertá-lo com inúmeros feitiços.
- É melhor você se acalmar, garota, senão vai acabar como essa dai. – Tentou atingir a comensal com um feitiço que passou de raspão.
- Isso não vai ficar assim. Eu vou vingar minha mestra, ou não me chamo Evelis Strange!
Sirius teve que se desviar de várias azarações que vinham em sua direção. Tinha que admitir que aquela comensal era muito boa, porém aparentava ser tão insana quanto sua suposta “mestra”. Resolveu dar corda aos devaneios da garota para tentar pegá-la desprevenida.
- Que mestra? Eu só estou vendo um verme caído no meio do corredor.
- Ora seu…
As palavras morreram na garganta da comensal quando foi atingida por um raio cinza que a fez baquear para trás acertando a cabeça quando caiu no mármore do pedestal de uma das muitas armaduras do castelo. O choque foi fatal e a comensal teve como última visão o corpo imobilizado de Bellatrix Lestrange a alguns metros de si.
—–
Harry estava se sentindo inútil ao ficar ali no Salão Principal escondido sob a capa da invisibilidade. Não era do seu feitio ficar parado enquanto todos ao seu redor batalhavam contra os seguidores das trevas. Se esconder da luta era coisa típica do Malfoy. Estava quase rindo da própria brincadeira quando sua cicatriz começou a doer como só acontecera poucas vezes antes. Voldemort estava por perto. Respirou fundo não só para se acalmar como também para conter a ânsia que lhe acometia todas as vezes que sentia aquele tipo de dor, e usando de todo treinamento que tivera, procurou desocupar sua mente e se concentrar.
Os ruídos da batalha pareciam cada vez mais longes (ou estavam mais fracos?) e ele se perguntou onde estaria Rony com a informação sobre Nagini. Ouviu um barulho na entrada e torceu para que fosse somente Sirius voltando, mas para seu desgosto, o semblante ofídico de Voldemort surgiu, arrogante e temível.
- Eu sei que você está aqui, Potter. – O rapaz fechou os olhos pedindo aos céus que o ajudassem. – Posso sentir, assim como você. Ou não, afinal não tenho nenhuma cicatriz que doa em sua presença.
A risada que se seguiu faria gelar nas veias o sangue de qualquer um, mas em Harry apenas o fez se concentrar ainda mais em seu propósito, ao constatar que Snape fizera questão de contar ao seu mestre todos os detalhes que tinha conhecimento. Fez menção de apontar sua varinha e revelar-se, mas a lembrança de um ataque mútuo entre os dois, desencadeando o “priori incantaten” o fez parar. Inferno sangrento! Não havia se lembrado disso. Como faria para derrotar Voldemort se não poderia usar sua varinha contra ele. Bom, agora não tinha mais jeito, teria que tentar desarmá-lo primeiro para só depois destruí-lo. Pensou em seus pais e em todos os outros que sofreram por causa das idéias doentias de Tom Riddle, pensou nele e em Gina e no futuro que poderiam ter juntos e com uma calma estudada retirou a capa que o mantinha invisível.
- Pensei que fossemos brincar de esconde-esconde. – Debochou Riddle.
- Pensou errado. РRespondeu Harry, mantendo a varinha abaixada, mas firmemente segura em sua ṃo.
- Estou vendo que ṇo pretende me atacar. РVoldemort se aproximou alguns passos, fazendo com que Harry recuasse . РMuito nobre da sua parte, apesar de achar uma estupidez.
- Varinhas irṃs. РDisse simplesmente.
O Lord das Trevas olhou-o com atenção e sorriu largamente antes de continuar
- Você é inteligente, Potter. Pena que eu tenha que matá-lo. – Apontou uma longa varinha na direção do jovem. – Não se preocupe quanto às nossas varinhas. Eu me livrei da outra, assim que o velho Olivaras aprontou esta para mim.
A lembrança da notícia do seqüestro do dono da loja de varinhas se fez presente na mente de Harry junto com outra um pouco mais antiga do mesmo senhor baixo e de aparência centenária lhe dizendo que é a varinha que escolhe o bruxo e não o contrário. Talvez esse descuido fosse sua salvação.
- Imagino que o senhor Olivaras estivesse sendo controlado por voc̻. РHarry constatou agora tamb̩m apontando sua varinha para Voldemort.
- Imaginou certo. – O temido bruxo olhou em volta e continuou. – Estou vendo que está sozinho hoje, Potter. Onde está aquele bando de bruxos insignificantes que sempre te rodeiam para impedir que morra?
- Não lembro de ninguém a minha volta que seja de pouca importância, acho que está me confundindo com você.
- Ora seu moleque. РHarry conseguiu desviar por pouco do raio vermelho que vinha em sua dire̤̣o. РHoje eu vou acabar com voc̻ de uma vez por todas.
- Faço minhas as suas palavras. – Tentou atingir seu adversário com um feitiço estuporante que o outro defendeu com facilidade.
- É isso que tem pra mim? Feitiçozinhos de escola? Eu, o maior bruxo de todos os tempos? – Dessa vez um feitiço atingiu o rapaz em cheio fazendo-o cambalear. – Eu sou invencível.
- Dumbledore era o maior bruxo de todos os tempos! РGritou Harry ao mesmo tempo em que tentava acertar Voldemort com uma s̩rie de feiti̤os.
- Onde está o velho Dumbledore agora, seu verme? Morto. – O olhar era de puro ódio ao falar, ainda mais quando percebeu que Harry conseguira atingi-lo com um simples feitiço cortante. – Maldição. Eu não sou Dumbledore, eu não morro. Crucio!
Por pouco Harry não foi atingido pela maldição imperdoável. Estava tentando se concentrar nos feitiços mais potentes que conhecia, mas tinha que reconhecer que não era muito fácil quando se estava frente a frente com seu maior inimigo. Pelo menos pôde ter a certeza que o outro não fazia a menor idéia de que suas horcruxes tinham sido destruídas, ou pelo menos a maioria delas, já que Rony insistia em não avisar sobre o paradeiro de Nagini.
Uma longa troca de feitiços de ataque e defesa entre Harry e Voldemort se iniciou, fazendo com que se movimentassem amplamente pelo salão que já apresentava sinais evidentes da batalha como alguns vidros quebrados e uma mesa virada, além de marcas de feitiços nas paredes. No momento em que sentia um perigoso cansaço, os ânimos de Harry inflaram de esperança ao ver o patrono de Rony adentrando o salão e correndo em sua direção abanando o rabo de felicidade. Era o sinal que esperara.
Porém a distração teve seu preço, ao levantar novamente os olhos do patrono para Voldemort este já apresentava um sorriso satisfeito que logo Harry sentiu porque ao perceber que havia sido atingido implacavelmente pela maldição cruciatus.
A dor daquela maldição era indescritível e Harry pretendera nunca mais senti-la, porém seus desejos mais uma vez não foram atendidos. Em meio as dores excruciantes, ficou imaginando o porquê de Rony e Sirius ainda não estarem ali para ajudá-lo e esperava que fosse por um motivo realmente bom. Pensou nos dois e isso pareceu amenizar um pouco as dores que sentia. A recordação de Dumbledore afirmando que o amor era a arma que possuía contra o mal lhe dando força e coragem para resistir. Lembrou-se de Hermione e seu ar protetor, Lupin que era como um tio bastante diferente da figura grotesca com a qual tivera que conviver. As dores eram agora quase suportáveis e ele conseguiu se levantar, sem reparar na expressão de horrorizada surpresa que Voldemort apresentava.
- Não… vai… ser… assim… tão… fácil. – As palavras saíram com dificuldade dos lábios de Harry que sentiu o gosto de seu próprio sangue que escorria deles.
Voldemort franziu o cenho e semicerrou os olhos vermelhos, o que o fez parecer ainda mais com uma cobra prestes a dar o bote. E era isso mesmo. Harry tinha a noção que dessa vez ele iria atacá-lo com tudo, mas seu corpo ainda trêmulo não tinha condições de se defender. Pensou em Gina e em como a amava e era amado. Fez um movimento de varinha para tentar se defender do ataque, mas o raio em sua direção era tão verde quanto os olhos de sua mãe que junto com seu pai sorria feliz a sua frente.

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