quinta-feira, 25 de outubro de 2012

25. Discussões


Indo contra todas as suas vontades, Harry não pôde passar o tempo todo ao lado de Gina. Depois que acordou a garota foi logo monopolizada pelos pais, que não se afastaram dela nenhum minuto sequer, e pelos demais Weasley que fizeram questão de verificar pessoalmente o estado em que ela se encontrava, não os deixando ficar tão próximos quanto queriam naquela manhã.
Perto do meio dia, Rony e Hermione conseguiram arrastar Harry para o almoço, todos sentindo um misto de alívio e euforia por terem conseguido eliminar mais um pedaço da alma de Voldemort. Com a intenção de voltar logo para a ala hospitalar, nem que fosse para somente ficar sentado ao lado e Gina (com sorte o sr. e a sra. Weasley iriam almoçar assim que voltasse), o moreno foi logo se servindo de rosbife e batatas, nem percebendo a aproximação de Luna e Neville.
- E aí, Harry, como está a Gina? – O grifinório perguntou sentando-se ao lado do amigo e abraçando a namorada que ficou ao seu lado, encarando Harry com seus olhos normalmente arregalados.
- Está bem, deve ter alta hoje à tarde. – Encheu sua boca com uma boa garfada de comida.
- Agora só faltam duas para você enfrentar Você-Sabe-Quem, não é? – Luna falou naquela franqueza habitual, fazendo Rony engasgar e Hermione parar automaticamente o ato de levar o garfo até a boca.
Harry sentiu como se a normalmente deliciosa comida de Hogwarts fosse feita por Hagrid. Sua garganta apertou e com dificuldade ele conseguiu engolir o que estava mastigando. Baixou os olhos para o prato e murmurou a resposta.
- É.
- Er… Desculpa Harry. Bom, nós já vamos. – Neville estava visivelmente constrangido.
- Não, tudo bem. – O moreno se forçou a dizer.
Mas Neville se dirigiu apressadamente para a mesa da corvinal junto com a loura, no que parecia ser a primeira discussão dos dois. Harry começou a remexer a própria comida, agora já totalmente sem fome.
- Tinha que ser a Luna pra falar uma coisa dessas. – Hermione resmungou incrédula.
- Mas ela tem razão. Agora só falta a gente destruir a taça para eu ter que enfrentar Voldemort, já que Nagini está sempre com ele… – Levantou desanimado. – Eu vou dar uma volta, depois eu encontro vocês.
- Harry! – A garota chamou-o.
- Deixa, Mione. Ele precisa de um tempo. – Rony completou desanimado.
—–
Harry não saberia dizer quanto tempo estava ali, encostado à lápide branca do túmulo de Dumbledore. Depois que saíra do salão principal, vagou sem destino e quando se deu conta, estava em frente à sepultura do antigo mestre. Como sentia falta dos conselhos dele, principalmente em horas como essa. Tinha estado tão preocupado com Gina na noite passada e depois tão eufórico com a extinção de mais uma horcrux, que não se deu conta do óbvio. Estava cada vez mais perto do seu confronto com Voldemort. Merlin, será que ele não podia se sentir feliz que logo algo aparecia para nublar esse sentimento?
- Pensei que você fosse me ver depois do almoço.
O rapaz levantou a cabeça, que estivera apoiada nos joelhos dobrados, e observou Gina se aproximando. Seus longos cabelos flamejantes balançando com os movimentos graciosos que ela fazia ao caminhar. Ele sentiu seu coração apertar ainda mais.
- Estava com a cabeça cheia, precisava pensar. – Ela sentou-se ao seu lado.
- Você pensa demais, sabia?
- É uma de minhas manias. Já tentei parar mas não consigo. – Harry tentou brincar, contudo Gina continuou olhando-o séria.
- O que é que está te atormentando? Você parecia tão animado de manhã, até riu das brincadeiras dos gêmeos. – Ele desviou o olhar para o horizonte.
- E tem como não rir com aqueles dois? Eu não agüentei quando eles soltaram aquela sobre o Carlinhos e os dragões…
- Não muda de assunto, Potter. – Interrompeu irritada. – O que aconteceu durante o almoço que fez você ficar desse jeito e o Rony e a Mione ficarem com cara de enterro cada vez que eu perguntava sobre você?
- Eu estava feliz… Ainda estou. É só que… – Fechou os olhos. Falar era pior do que pensar.
- Que?
- A Luna me falou uma coisa… – Gina levantou uma sobrancelha, e perguntou.
- O que a Luna falou?
- Mais uma das verdades da Luna.
- Sei… O que foi que ela te falou que te deixou assim?
Harry encostou novamente a cabeça nos joelhos e quando falou foi num tom tão baixo, que se Gina não estivesse sentada ao seu lado, atenta a ele, não teria conseguido escutar.
- Ela me lembrou que agora só faltam destruir duas horcruxes para eu, enfim, enfrentar Voldemort.
- E? – Ora, mas não era pra isso que eles estavam atrás daquelas coisas? Para que Voldemort pudesse ser derrotado?
- E é isso! – Disse exasperado. – Uma parte de mim está eufórico porque acabamos com mais uma parte daquele… monstro! E a outra está arrasada porque logo vou ter que enfrentá-lo.
- Harry… – Tocou em seu braço, mas foi repelida por ele que se levantou rapidamente ficando de costas.
- Droga! É só eu me sentir feliz que alguma coisa tem que acontecer. A gente está tão bem, o Sirius voltou… Pensar que de repente eu posso não ter mais nada disso…
- Harry você não vai nos perder. – Ela se levantou e se aproximou.
- Como você sabe? – Gritou furioso. – Ninguém sabe, não é?
Gina respirou fundo e tentou controlar o gênio que a mandava deixá-lo reclamando sozinho. Ficou de frente pra ele e segurou novamente em sue braço.
- Você nunca foi assim, o que houve?
- Eu não posso ter medo por acaso? – Ele a agarrou pelos ombros. –Eu tenho que ser “o Eleito” o tempo todo agora?
- Não é nada disso, você sabe! – Falou ríspida se desvencilhando dele. – Então pode parar com o ataque!
Harry olhou-a desnorteado, como se ela tivesse lhe dado um murro no estômago e não apenas gritado com ele. Fechou os olhos por um momento, soltando por fim um longo suspiro. Se aproximou de Gina que olhava para o outro lado ainda com o rosto vermelho de raiva, se levantando seu rosto gentilmente para que os olhos âmbar e verdes se encontrassem, desculpou-se.
- Me perdoe… É que… – Abraçou-a fortemente. – Inferno Sangrento! Eu não quero perder você. Vou treinar que nem um louco e quando chegar à hora, vou acabar com o Riddle, mas a gente não vai se separar.
Ficaram um tempo abraçados até que os dois estivessem novamente calmos o suficiente para que trocassem um beijo apaixonado. Quando os lábios se separaram, Gina falou:
- Vamos entrar. Meus pais já vão embora e…
- Eu pensei que fôssemos ficar mais um pouco sozinhos. – Ele interrompeu falando em seu ouvido.
- Saudades? – Olhou-o marota enquanto ele confirmava e beijava seu queixo. – Mais tarde a gente mata a saudade, ok?
- Está bem. – Ele encarou-a com paixão. – Mais tarde, depois do jantar a gente pode ir para a sala precisa e… – Sussurrou em seu ouvido tudo que almejava realizar, fazendo-a corar.
- Harry! – Ela riu deliciada.
Os dois voltaram para o castelo onde se despediram dos Weasley que já estavam procurando por eles – os gêmeos lançando olhares assassinos para Harry por conta dos olhos brilhantes e da face corada de Gina – e depois rumaram para o salão comunal junto com Rony e Hermione.
Mas com o passar dos dias Harry voltou a ficar pensativo e fechado, naquela atitude tão típica sua, e procurava estar com Gina todo tempo possível. Ele esperava Rony e Hermione, normalmente os últimos a sair do salão comunal, irem dormir e então ia com a ruiva para a sala precisa, onde ficavam até o amanhecer, ou passavam a noite deitados no sofá na Torre da grifinória mesmo.
Durante a semana que se seguiu à destruição da pena de Ravenclaw foi ficando impossível ver Gina sozinha. Harry estava presente em todos os momentos possíveis. Ele a levava às aulas (o que acabava rendendo ao moreno vários sermões de Hermione por chegar atrasado às suas), a buscava antes do almoço e sumiam por tempo suficiente para fazer Rony ficar de mau-humor por horas, faziam os deveres juntos, por mais que esses nunca ficassem realmente prontos.
Até Gina já estava exacerbada com aquilo, pois por mais que estivessem juntos todo tempo, Harry na verdade não se abria. Passava o tempo todo calado, pensando muito provavelmente na batalha que travaria, a abraçando, ou então eles ficavam só namorando e se amassando, fazendo com que ela se sentisse nas nuvens em cada momento de paixão. Por vezes a ruiva tinha tentado conversar com ele, fazê-lo falar o que estava incomodando ou entender que não tinha razão para ele ficar daquele jeito, mas ao menor sinal de que ela ia forçá-lo a falar, ele a calava invariavelmente com um beijo que a fazia esquecer até quem era. Quando ela tentava uma tática menos ofensiva e mais persuasiva, iniciando uma conversa sobre um assunto qualquer e rodeando até tentar chegar ao ponto que queria, a impressão era de que ele simplesmente desligava os ouvidos e somente mantinha os olhos fixos nela pra fingir que a escutava, acenando vez ou outra com a cabeça.
A situação chegou ao extremo no meado da outra semana, após as aulas, quando Gina estava indo se encontrar com Luna na biblioteca para estudarem aritmância e Harry estava atrasando-a impiedosamente com o mesmo tipo de chantagem melosa que Lilá usava com Rony, fazendo o ruivo, que estava sentado próximo ao casal, franzir o cenho e parecer que estava prestes a vomitar.
- Por que você não estuda aqui mesmo, com a Mione? – a morena que estava no sofá ao lado do ruivo abriu a boca para falar, mas Gina respondeu de pronto, com as orelhas rubras de raiva.
- Primeiro porque eu faço o trabalho com quem eu quiser e segundo porque a Hermione já tem muito que fazer se você ainda não reparou!
Harry semi-cerrou os olhos, observando-a terminar de colocar o material na mochila, deu um leve sorriso dizendo:
- Então tá. Eu vou com você. – Gina levantou a cabeça tão rápido que Rony se assustou, a garota parecia uma chaleira prestes a explodir e nunca parecera tanto com sua mãe quanto agora com as mãos no quadril.
- Mas não mesmo! Eu preciso terminar esse trabalho hoje senão não vou conseguir entregá-lo amanhã. Se você for vai me atrapalhar como das outras vezes e eu não vou conseguir. – Harry olhou-a irritado e falou com raiva, ficando de frente para ela.
- Então vai! Não perca seu precioso tempo comigo!
- EI! – Rony levantara num pulo para defender sua irmã, cujos olhos ficaram úmidos diante da atitude do namorado.
- Deixa, Rony. – A ruiva manteve o olhar duro e decepcionado em Harry enquanto colocava a mochila nas costas, saindo em seguida do salão comunal.
- O que deu em você, hein? – Rony se aproximou do amigo com os punhos cerrados de fúria.
- Me deixa, Rony! – Harry passava as mãos no cabelos, num gesto de puro nervosismo.
- Não deixo não. Agora você passou dos limites! – Empurrou o amigo com força, fazendo com este caísse na poltrona atrás de si. – Começou se isolando de todos e levando a Gina com você, depois não largava mais dela, sumiam por aí a todo momento. Eu até fiz vista grossa pro fato de você não ter dormido na sua cama em nenhuma das últimas noites…
- Você não vai começar essa história de proteção fraternal novamente, vai? – Harry falou sarcástico.
- Não é isso, Harry. – Hermione resolveu que já era hora dela entrar na conversa. – A gente só está preocupado com você. Afinal nós somos seus amigos, não somos?
- O que está te preocupando afinal? – Rony estava tentando ficar mais calmo.
- Não…
- E não vem me dizer que não é nada, porque a gente te conhece! – O ruivo cortou antes que o outro terminasse sua fala.
Harry fechou os olhos e jogou a cabeça pra trás encostando na poltrona. Respirou fundo enquanto organizava as idéias. Aqueles dois já tinham passado por tanta coisa ao seu lado que seria injusto mentir para eles. Soltou o ar preso em seus pulmões e disse com uma voz cansada.
- É só que… As coisas estão muito boas… e eu não queria que acabassem. – Rony olhou-o determinado.
- Isso é algum tipo de “aproveitar a vida”? – Fez o gesto de aspas com os dedos.
Harry que até então tinha mantido os olhos fechados, encarou-o e imitando o ruivo respondeu.
- Isso é um “esses podem ser meus últimos momentos e eu quero passá-los ao lado da Gina”!
- Caramba, e eu achando que era estúpido!. – Rony falou irritado.
- E não é? – O moreno perguntou sarcástico enquanto se levantava e ficava frente a frente com o outro.
- Podia até ser, mas no momento você ficou com o cargo. – Respondeu irônico.
- Vai a m…
- Podem parar vocês dois! – Hermione se meteu entre os dois, tentando acalmá-los. Virou-se para o amigo e perguntou. – Por quê, Harry? Você nunca agiu assim antes.
- Antes eu não estava tão prestes a enfrentar Voldemort como agora. Depois que acharmos a maldita taça a hora vai chegar e aí…
Rony e Hermione se entreolharam, eles já tinham imaginado o que poderia acontecer no confronto direto entre o amigo e Voldemort, mas nunca os três chegaram a conversar sobre isso tão perto do momento. Se eles estavam ansiosos e desesperados, eles podiam imaginar o que se passava com Harry que era o principal interessado. Contendo a emoção, Hermione abraçou o rapaz dizendo.
- Aí, nós vamos enfrentá-lo junto com você e vamos estar do seu lado para te ajudar como sempre.
Harry sentiu o peso que estava em seu coração diminuir consideravelmente após ter desabafado com aqueles que ele considerava como sua família. Deu um beijo de agradecimento na testa de Hermione que o soltou e voltou para o lado do ruivo, que agora trazia um meio sorriso ao falar.
- Isso sem contar que do jeito que o senhor “não saia de perto de mim” agiu, mesmo que estes fossem seus últimos momentos, porque não são, Você vai ter que passá-los implorando de joelhos o perdão da minha irmã. Pois do jeito que ela saiu daqui, eu não quero nem ver…
- Bosta de dragão! – Voltou a passar a mão nos cabelos negros. – Eu sou realmente um idiota.
- Foi você que falou, quem sou eu para discordar. – O ruivo riu, levando um beliscão de Hermione como resposta. – Ui, Mione.
- Eu vou dar uma espairecida e tentar arrumar um jeito de me desculpar com a Gina.
Harry saiu pelo buraco do retrato com a cabeça fervilhando, tentando encontrar um meio para fazer com que Gina o perdoasse.
- Senhor! E eu que pensei que o Harry já tinha parado com essas “fases” dele. – Hermione olhou o amigo sair do salão.
Sentou-se novamente no sofá, pegando um livro grosso que tinha começado a ler antes da discussão com Harry. Rony olhou-a e acomodou-se ao seu lado, ajeitando-a entre suas pernas para que ficassem mais confortáveis.
- Tomara que agora ele pare com isso. – Completou acariciando os cabelos castanhos. – Definitivamente esse “Harry-grude” foi um dos piores.
A morena riu enquanto retomava a leitura do livro. Rony ainda mexia em seus cabelos, lembrando de como estavam bonitos no baile do quarto ano. Cedeu ao impulso de beijá-la na nuca, regozijando-se ao ouvi-la ofegar baixinho.
- Adoro esse perfume. É o que eu te dei, não é?
- Hum-hum. – Ela tentava arduamente decifrar as palavras à sua frente ao senti-lo mordiscar o lóbulo de sua orelha.
- Eu adoro seu cheiro. – Aspirou novamente o perfume que ela exalava antes de beijar-lhe o pescoço.
- Para, Ron. Está me atrapalhando. – Já tinha começado a respirar com dificuldade.
- Afinal, sobre o que é esse livro?
- É sobre os diversos tipos de Runas que são utilizados no mundo. É muito interessante.
- Mais interessante que eu? – Ele tocou em sua cintura por sobre as vestes.
- Não, mas é que…
- Já sei, você perde a concentração com um beijinho. – Sorriu maroto ao vê-la corar.
- É que você fica… falando e… – Ele interrompeu ainda sorrindo.
- Então se você é a pessoa centrada que eu sei que você é, nada vai atrapalhar você a ler esse livro, não é?
- Ron!
- Pode ler sossegada que eu não vou falar mais nada.
Hermione encarou-o e percebeu que pelo sorriso que dançava nos lábios dele, provavelmente alguma coisa ele estava maquinando. Ainda incrédula de que conseguiria terminar ao menos um capítulo do livro, se acomodou melhor de encontro ao peito do ruivo, que se limitou a ajeitar- se no sofá.
Antes mesmo de terminar o primeiro parágrafo da página que abrira, Hermione percebeu que Rony não ia precisar emitir nenhum som para impedi-la de ler, bastava que ele continuasse beijando seu pescoço daquele jeito. Mas ela não podia se entregar tão facilmente. Procurou se concentrar ao máximo nas palavras que estavam escritas e ignorar as mãos fortes que passeavam discretamente pelo seu corpo. A que antes se encontrava sobre sua barriga havia conseguido achar uma brecha entre as roupas e agora acariciava gentilmente sua pele.
Achando que de alguma forma o livro tinha sido enfeitiçado e agora estava escrito em chinês, Hermione mordeu os lábios e arregalou os olhos quando sentiu Rony pressionar seus seios de forma firme fazendo seu sangue correr ainda mais rápido por suas veias. Olhou preocupada pelo canto dos olhos para saber se podiam ser vistos por alguém, afinal ainda estavam no salão comunal, mas tirando um grupo de quintanistas sentados do outro lado do salão, que em pleno mês de outubro já estavam enrolados estudando para os NOM’s, eles estavam sozinhos e graças a Merlin eles só podiam ser vistos realmente se alguém entrasse pela janela. Quando sentiu que a outra mão, até então quieta, começou a subir por sua perna, engoliu em seco e pediu num sussurro.
- Para.
- Shshshsh. – Ele sussurrou em seu ouvido. – Você disse que ia ler, eu não estou falando mais.
- Ron. – Foi mais um gemido que qualquer outra coisa.
- Pense nisso como um teste de concentração.
Rony fez com que ela virasse novamente seu rosto, beijando sua nuca, ela abriu os olhos e tentou divisar novamente a folha do livro, mas agora, definitivamente ele estava encantado. Se aquilo não fosse chinês, era japonês, ou qualquer outra língua que ela não conseguia ler. Já estava ofegante e com dificuldade continha os gemidos que subiam pela sua garganta. Foi incontrolável arfar quando ele tocou no meio das suas coxas, e ela limitou-se a agarrar com força as pernas dele.
Ainda zonza de paixão percebeu que Rony parara e seu sorriso maroto só não era maior do que certa parte de seu corpo que evidenciava todo desejo que ele sentia naquele momento.
- O que… Você… – Hermione não conseguia raciocinar o suficiente para formular uma frase completa.
- Bom, já que eu não estou deixando você ler, eu vou tomar um banho. – Ele se levantou devagar, tentando esconder o seu “estado”.
- O que? – Ela definitivamente tinha perdido alguma parte importante da conversa.
- Tá quente. – Ele inclinou-se sobre ela que ainda estava estática no lugar em que ele a deixara. – Eu vou até o banheiro dos monitores tomar um gostoso banho de banheira. – Beijou-lhe avidamente antes de continuar. – Tchau.
Hermione olhou-o atônita por alguns segundos, antes de entender exatamente todo o conteúdo da frase e vê-lo andando de costas e com um sorriso cheio de intenções direcionado pra ela.
- Ronald Weasley! – Ela largou o livro sobre a mesa e correu para encontrá-lo
já nos corredores. Até que um banho de banheira poderia ajudá-la a se concentrar.
——–
Harry andava pelos corredores do castelo tentando a todo custo não rumar para os lados da biblioteca. Tinha certeza que se aparecesse por lá ia ser acertado pela famosa “Azaração pra Rebater Bicho-papão de Gina Weasley”. Pensou em ir até a casa de Hagrid, talvez o meio gigante pudesse contar alguma história capaz de distraí-lo. Estava tão absorto olhando para o chão enquanto andava com as mãos enfiadas nos bolsos que nem se deu conta de um par de olhos o observando atentamente. Só quando seguraram em seu braço, fazendo-o imediatamente sacar a varinha e encostar no peito da pessoa.
- Bom, pelo menos to vendo que apesar de distraído seus reflexos continuam rápidos. – Sirius olhava pra ele divertido.
- Oi, Sirius. Desculpa, eu não tinha te visto. – Harry abraçou o padrinho enquanto se desculpava.
- O que você está fazendo, andando por aí sozinho há essa hora? Cadê a Gina? – Voltaram a andar pelos corredores.
- Ela tá fazendo um trabalho na biblioteca.
- Certo, é que pela sua cara achei que tinha acontecido alguma coisa. – O rapaz corou e olhou para o chão, dando à Sirius a certeza que tinha acertado em cheio.
- Não aconteceu nada.
- Você quer conversar? – Ele fez com que Harry parasse e o encarasse.
- Não precisa. – Deu um sorriso amarelo. – Não foi nada demais, na verdade.
- Que bom, porque EU quero conversar com você, então… – Fez um gesto mostrando uma sala vazia no primeiro andar, para que o outro entrasse.
- O que foi, Sirius? – Harry desabou sobre uma carteira, desanimado.
- Sabe que você age do mesmo jeito que seu pai, às vezes? – O rapaz olhou-o interessado. – Ele ficava desse mesmo jeito quando brigava com a sua mãe.
- A gente não brigou, só…
- Só? – Sirius perguntou levantando uma sobrancelha.
- Discutimos, só isso.
- E você agora não sabe o que fazer para se desculpar, não é?
- Como você…
- Como eu sei? Simples: larga experiência com um Potter.
- Ahm. – Sirius ficou um tempo pensando enquanto coçava o próprio queixo antes de perguntar.
- Me diga. Numa escala de 1 a 10, de quanto foi a burrada que você cometeu?
- Dez sendo a maior burrada que eu poderia cometer? – Sirius confirmou com um gesto de cabeça, enquanto via o desespero tomar conta das feições do afilhado. – Provavelmente 11 ou 12.
- É então você vai ter que apelar.
- Como assim?
- Nenhuma mulher resiste quando recebe flores. Vai por mim, eu sei o que estou dizendo. – Ele ficou momentaneamente com uma expressão sonhadora que logo sumiu quando balançou a cabeça rapidamente.
—-
Harry parecia que estava a ponto de ter um colapso nervoso. Andava de um lado pro outro no salão comunal como se fosse uma fera enjaulada. Havia seguido à risca o plano que Sirius traçara para que fizessem às pazes, e esperava sinceramente que o padrinho tivesse razão. Estancou no meio da passada quando a viu entrando no salão. Respirou fundo e foi falar com ela.
- Gi. – Ela olhou-o de um jeito que o fez pensar que tinha sido encolhido.
- O que foi agora?
- Vem comigo, eu quero te mostrar uma coisa. – Puxou-a pela mão depressa antes que ela se desse conta do que ele estava fazendo.
- Pra onde você está me levando, Potter? – Ele limitou-se a continuar arrastando-a, enquanto ela resmungava alguma coisa sobre homens das cavernas.
- Só um minuto, tá. Aí você vai ver. – Ele parou em frente à tapeçaria de Barnabás o Amalucado e começou a fazer os movimentos necessários para abrir a sala precisa.
- Você não está fazendo, o que eu penso que você está fazendo, está? – Ela estava terrivelmente irritada e pior magoada, para que ele pensasse que ela ia passar a noite novamente com ele. – Se você está pensando que eu vou…
- Calma, espera só mais um pouco, ok. Eu acho que você vai gostar. – A porta apareceu e ele tomou as mãos dela num gesto delicado, fazendo com que ela entrasse devagar. – Gina, eu queria te pedir desculpas por tudo aquilo que eu falei mais cedo.
Se ela não soubesse que estava dentro do castelo de Hogwarts, ela ficaria impressionada com tanta beleza. O chão estava repleto com as mais lindas e perfumadas flores. O céu estrelado e a lua brilhante deixavam o ambiente romântico até demais. Mas ela preferiu ignorar a pontinha de alegria que surgiu em seu peito. Ainda estava com muita raiva daquele ser descabelado pra dar o braço a torcer assim tão rápido. Virou-se de frente para Harry que tinha uma expressão ansiosa no rosto junto com um sorriso bobo. A mágoa falou mais forte e ela falou ríspida.
- O que você queria me dizer, Harry? – O sorriso despencou do rosto do rapaz ao ouvi-la, definitivamente isso ia de encontro aos planos de Sirius.
- Er… E-eu queria pedir desculpas pe-pelo modo como agi. – Ele se aproximou oferecendo um bonito ramalhete de rosas, que ela fingiu não ver.
- Aí você achou que me trazendo aqui ia conseguir.
- Foi. – Harry ainda não sabia onde tinha errado, quando o padrinho explicou parecia tudo tão perfeito.
- Só pro seu conhecimento. Você vai precisar de muito mais que flores e céu estrelado pra eu poder te perdoar, Harry!
Gina saiu rapidamente da sala precisa sem se dar ao trabalho de fechar a porta ao passar. Harry parecia que tinha sido atingido por um balde de água fria e passando as mãos pelo cabelo furiosamente, foi atrás de Gina, sentindo a raiva tomar conta do seu cérebro. Será que aquela garota não percebia que ele tinha se esforçado? Ele pediu desculpas!
- Droga, quer fazer o favor de me deixar explicar? – Ele a alcançou na metade do corredor.
- Você está agindo como um idiota, não tem o que explicar.
- Quer me escutar, um minuto? – Segurou-a pelo braço com força, sem se importar com a marca que provavelmente iria surgir ali mais tarde. – Eu só quero ficar o máximo de tempo que eu posso com você, ok?
- Isso que você quer Harry, não precisa ser comigo. – Ela falou soltando o braço dolorido e voltando para a torre da Grifinória com o moreno em seu encalço.
- Ah, por favor! Você sabe que eu te amo, e que posso morrer, tá legal. Eu quero ficar ao seu lado, te sentir…
- E é só isso que você tem feito ultimamente. Me sentido. Porque a gente não conversa há muito tempo.
- Como assim a gente não conversa? – Olhou-a estupefato.
- Ararambóia.
- Como assim? Ararambóia?
- É a senha, querido. Onde esses alunos de hoje vão parar, distraídos desse jeito. – A mulher gorda olhava para Harry com se ele fosse uma aberração.
- Oh, claro, a senha. – Ele apressou-se pelo buraco para alcançar Gina antes que ela subisse.
- Olhe, eu achei que você tinha entendido quando a gente conversou naquele dia perto do túmulo de Dumbledore. – Falou irritado quando a viu começar a subir a escada para o dormitório feminino.
- Só que eu sou tão boa quanto você em adivinhação, Potter. – Virou-se e subiu com pressa os degraus até chegar ao quarto do sexto ano.

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