quinta-feira, 25 de outubro de 2012

22. A Vitória do Monstro


Os ânimos dos Weasley não melhoraram tão rapidamente. Nem mesmo saber que conseguira obter um Ótimo em feitiços e sete Excede as Expectativas além de um Aceitável em História da Magia (Ah, Mione, só quem prestava atenção nessa aula era você!), somando um total de nove NOM’s, tinha feito mais que um sorriso aparecer nos lábios de Gina. Harry ficou feliz por ela e não deixou de se surpreender ao saber que ela iria fazer as matérias necessárias para ser auror.
_ Não sabia que você queria ser auror? – ele a levava para a primeira aula do dia.
_ Acho que não comentei com você… – ela sorriu levemente. – Mas eu também posso trabalhar como desenvolvedora de feitiços, por isso que vou continuar com aritmância, mas…
_ Mas o quê, ruiva?
_ Se eu escolher ser auror, nós faremos curso juntos. – Harry preferiu ignorar o sentimento de incerteza que sempre o assaltava quando falava no futuro e com um sorriso replicou.
_ Então está decidido. Você vai ser auror. Quero manter meus olhos em você o máximo que eu puder.
_ Não confia em mim, senhor Potter?
_ Em você sim. Mas não quero ninguém dando em cima de você.
_ Como se alguém se atrevesse a cortejar a namorada do “Eleito”…
_ Ah, quer dizer que você só está comigo pela segurança que eu te proporciono!
_ Merlin, você descobriu o meu segredo! – ela parou-o no meio do corredor com uma expressão divertida no rosto, tão rara nos últimos dias.
_ Engraçadinha. – deu um beijo leve em seus cabelos vermelhos. – Pronto, chegamos.
_ Então até a hora do almoço. – ela já ia entrando na sala quando Harry a puxou e disse em seu ouvido, fazendo-a corar.
_ Eu te amo, viu.
——
A normalidade só começou a chegar no final da semana. Não que eles estivessem radiantes e festivos, mas o apetite de Rony já tinha voltado ao normal, bem como a ânimo de todos. Já eram vistos dando algumas risadas e o monstro de Harry voltava à ativa, o que o fazia ter crises de consciência constantes, por esconder de Gina o provável esconderijo da horcrux e tudo que isso implicava.
Já estava virando uma deliciosa rotina levá-la até a porta das salas onde ela teria suas aulas, depois do café ou do almoço. Harry deu um beijo de despedida em Gina, sentindo a paixão tomar conta cada vez mais rápido do seu corpo. Mas antes mesmo que conseguisse aprofundar realmente o beijo, sua consciência começou a lhe incomodar. Os gritos de “hipócrita” em sua mente eram tão altos que tinha quase certeza que alguém conseguiria ouvir. Abruptamente afastou os lábios dos dela que o olhou confusa.
_ O que houve?
_ Nada, Gina. É que… vou acabar chegando atrasado… é isso.
_ Você não me engana, Potter. Tem alguma coisa te incomodando desde a semana passada. – ela tinha a expressão séria e as mãos nos quadris, numa atitude parecida com a da mãe. – Eu estava achando que podia ser por causa dos NOM’s, mas tô vendo que não é.
_ Não é nada, Gi. – falou ríspido.
_ Você está me evitando por nada?
_ Eu não estou te evitando. – ela tentava olhar em seus olhos mas ele continuava encarando o chão.
_ Não. Sou eu que ultimamente procuro mil e um motivos para não ficar sozinha com você. Sou eu que interrompo um beijo ou um carinho…
_ É impressão sua. – ele interrompeu-a.
_ Foi impressão minha, você sair correndo do vestiário ontem depois do treino de quadribol, arrastando Rony?
_ A gente tinha trabalho pra fazer.
_ Claro, e quando eu cheguei vocês já tinham terminado? – ele estava num beco sem saída. Sabia que ela ia acabar desconfiando. – E por que você não quer me dizer o que foi discutido na reunião da Ordem, semana passada?
_ É que tem umas coisas que eu ainda não posso te contar, mas…
_ Tudo bem! Eu já devia saber. É sempre a mesma coisa, não é? Você ou não confia em mim, ou não precisa de mim.
_ Eu confio em você, mas não posso te contar nada agora, no meio do corredor!
_ Então quando?
_ Eu vou te contar assim que eu puder, ok? – falou sério.
_ Tá. Eu… vou para a aula. – com a decepção estampada em seu rosto, Gina entrou na sala de feitiços.
BOSTA DE DRAGÃO!! Ele não queria ter discutido com Gina. Agora que ela estava desconfiada, e com razão, é que ele precisava contar-lhe a verdade sobre qual o verdadeiro motivo dele andar tão distante. Deu um suspiro cansado e correu para sua aula de poções.
——
Harry estava imerso em pensamentos confusos sobre passagens atrás de espelhos, lábios convidativos, horcruxes e sonhos impróprios que o assaltavam cada vez com mais freqüência, quando o professor Slughorn entrou na sala para a aula de poções, interrompendo seus devaneios e pedindo que a classe identificasse qual era a poção exposta em seu caldeirão. Harry observou o líquido cor de uva que exalava um aroma levemente amargo e tentou se lembrar onde tinha visto algo semelhante. Mas o que o surpreendeu mais foi a mão levantada de Rony que exibia um largo sorriso ao lado e uma Hermione com a aparência constrangida, porém também com a mão levantada. O professor de Poções não disfarçou sua surpresa tão bem quanto Harry e exclamou:
_ Ora, ora. Mais algu̩m al̩m da senhorita Granger! Рaproximou-se da mesa onde estavam, co̤ando os bigodes de morsa. РQue grata surpresa! Vamos me diga, senhor Weasley, que po̤̣o ̩ esta?
Rony deu uma olhada rápida para a namorada que abaixou a mão e ficou mais vermelha do que Harry imaginava ser possível.
_ É a “poção contraceptus”.
_ E como a reconheceu, meu jovem?
O ruivo respondeu se dirigindo estranhamente a Ernesto MacMillan, que ocupava o lugar em frente à Hermione e não ao professor ao seu lado.
_ Porque ̩ a po̤̣o que a minha namorada toma. Рpassou o bra̤o pelos ombros da morena que parecia querer sumir, ao mesmo tempo em que o aluno da Lufa-lufa dava um sorriso amarelo.
_ Rony! – Hermione estava prestes a ficar roxa.
_ E por que o senhor mesmo ṇo toma, senhor Weasley? Рaparentemente Rony estava se divertindo com a conversa e tanto ele quanto o professor ṇo reparavam no olhar assassino de Mione.
_ Boa pergunta, professor. Eu já me prontifiquei a tomar, já que serve tanto pra mim quanto pra ela, mas ela não deixa…
_ E por que ela faz isso?
_ É Hermione, por que você faz isso?
A turma inteira começou a gargalhar, até mesmo os três remanescentes da Sonserina, menos o trio, Ernesto e o professor. Slughorn porque parecia não ter entendido, Rony porque ainda se empenhava em provocar Hermione, ela porque tentava em vão descobrir um feitiço que a fizesse sumir. Harry porque não queria briga com nenhum dos dois, apesar de ter que enfiar o punho dentro da boca para não fazê-lo, e Ernesto porque parecia bastante decepcionado.
Depois do momento de constrangimento, Hermione esqueceu que era a primeira brincadeira de Rony desde a morte de Percy, e evitou-o durante todo o dia. Harry, que estava melhorando consideravelmente na matéria, preparou a poção com mais cuidado ainda e resolveu, depois da aprovação desta pelo professor, que a tomaria na primeira oportunidade, atendendo assim aos desejos de seu monstro particular.
Incrivelmente, depois de tanto tempo de paz, Hermione estava novamente sem falar com Rony, ainda mais quando a história sobre a poção correu pela escola. A garota fez questão de sentar ao lado de Gina durante o jantar, apesar das tentativas de desculpa do ruivo.
_ Mas Mione, eu só respondi o que o professor perguntou.
_ Mas não precisava ser tão detalhista, Ronald. Você não imaginou como eu ia ficar envergonhada depois?
_ Na verdade eu só pensei que assim, talvez aquele loiro aguado deixasse de dar em cima de você. – ele falou com as orelhas vermelhas.
_ Francamente, Ronald Weasley! – a morena levantou-se e voltou para a Torre da Grifinória.
_ Roniquinho, você me surpreende sabia? Quando eu imaginava que você já tinha agido como trasgo de todas as maneiras possíveis, você arruma mais uma… – Gina despejou e seguiu a amiga.
_ Fui muito indiscreto, não fui? – Rony perguntava a Harry ainda mexendo na sua comida.
_ Um pouco, mas pelo menos eu acho que o McMillan entendeu o seu recado.
_ E ainda atrapalhei você, né? A Gina agora vai ficar com a Mione e vocês não vão poder ficar sossegados… – olhou diretamente para o cunhado e semicerrou os olhos pensativo. – …é matei dois coelhos…
_ Hahaha, muito engraçado. – o moreno deu um sorriso cínico. –Mas é melhor assim.
_ Ahm? Não que eu esteja realmente reclamando, mas por quê?
_ Eu não consigo ficar com a Gina sem me lembrar que estou escondendo dela a última descoberta sobre a horcrux.
_ Eu não queria estar na tua pele quando for contar. Sinceramente não sei como minha irmã vai agir.
_ E eu fico adiando o inevitável e…
_ E cada vez fica mais difícil! – o ruivo completou a fala do amigo que apenas concordou com a cabeça.
——
Rony e Harry estavam voltando para o salão comunal, quando ouviram Gui os chamando, interrompendo as estratégias que formulavam para que o ruivo fizesse as pazes com Hermione. Foram até ele que tinha uma expressão cansada no rosto.
_ Algum problema? – Harry perguntou assim que se aproximaram.
_ Não, Harry. É só pra avisar que vai ter uma reunião da Ordem às 20 horas.
_ Droga na hora da reunião de monitores. – Rony falou decepcionado.
_ Valeu o aviso, Gui. Nos vemos daqui a pouco então.
Harry ainda estava inquieto quando entraram pelo buraco do retrato e viram as garotas sentadas perto da janela. O ruivo engoliu em seco e se ajoelhou diante da namorada que o olhava ainda com raiva.
_ Me desculpe, Mione. Eu fui um estúpido. Não deveria ter dito aquelas coisas, tão particulares na sala de aula, mas perdi a cabeça quando vi aquele cara te secando. Eu quis deixar claro para ele como é a nossa relação… – ele a olhava nos olhos com a expressão demonstrando o quanto realmente estava arrependido. – E acabei metendo os pés pelas mãos de novo. Me perdoa!
_ Ah, Rony! – Hermione tinha os olhos rasos d’água. – É claro que eu te perdôo. Mas você parece que não confia em mim.
_ Eu sei, às vezes eu volto a ser aquele legume insensível, não é?
Hermione e Rony começaram a se beijar apaixonadamente, provocando risinhos nos amigos que estavam ao lado. Até que Gina resolveu se sentar junto com Harry, fazendo-o sentir um incômodo calor, partindo do local onde a perna da ruiva tinha encostado nele e percorrendo todas as células do seu corpo, acordando suas entranhas e causando mais uma crise de consciência no rapaz. De súbito Harry se levantou.
_ Eu… vou subir e me trocar.
_ Por que, Harry? Eu pensei que a gente podia aproveitar para passear lá fora…
_ Não vai dar, Gi. Daqui a pouco eu tenho uma reunião da Ordem e… não vai dar. – ele não conseguia encarar os olhos castanhos que demonstravam tanta insatisfação, ainda mais quando ela disse:
_ E é obvio que eu não posso ir com você, não é?
_ É… Gina. Me desculpe. – ele procurou encará-la, mas só havia frieza quando ela respondeu.
_ Tudo bem. Eu vou arrumar o que fazer. Quem sabe alguém se dispõe a dar uma volta comigo por aí… Alguém que confie em mim, ou precise de mim para alguma coisa, nem que seja apenas conversar. – a ruiva se encaminhou com raiva para fora do salão comunal.
_ Gi! – ele chamou-a, mas ela não se virou. – Droga! – levantou-se e foi para o dormitório, tomar um banho para esfriar o corpo e a mente que estavam em frangalhos ainda piores ao ter percebido que Dino Thomas tinha saído logo depois de Gina.
——-
Gina saiu do salão comunal fumegando. A vontade que tinha era de afogar Harry no lago. Nos últimos dias, ao mesmo tempo em que fugia dela como se foge de um agoureiro, a tratava com carinho. E ainda por cima não dizia o que tinha acontecido na última reunião da Ordem. Como ele se atrevia a esconder alguma coisa dela? Era como se ainda não confiasse nela, ou talvez… Talvez ele tivesse percebido que não a amava realmente. Talvez estivesse gostando de outra. Já estava quase chegando ao portão principal do castelo quando ouviu alguém a chamando e pondo fim ao seu devaneio.
_ Gina. – a garota virou-se e deu um sorriso cansado para o ex-namorado.
_ Oi, Dino. O que houve?
_ Nada. Eu vi que você estava andando por aí, sozinha e resolvi saber se não queria companhia. – era tudo que ela não precisava: um ex-namorado pegando no seu pé.
_ Dino, eu não…
_ Como amigos, Gi. – ela olhou para o rapaz a sua frente. – Eu só quero voltar a ser seu amigo.
_ Eu nunca deixei de ser sua amiga, Dino. Só de ser sua namorada.
_ Então, perfeito. Amigos podem dar um passeio juntos, não podem?
_ É claro.
Depois de caminharem um pouco, conversando sobre a fatalidade ocorrida com Percy e outros assuntos mais amenos, Gina resolveu que já estava na hora de voltarem. Não podia imaginar o que Harry faria se soubesse que estivera conversando com Dino. Talvez ele se sinta grato, pensou com tristeza. “Besteira” disse uma vozinha dentro da sua cabeça.
Quando retornaram ao salão comunal, resolveram jogar snap explosivo com Colin e depois, quando Neville, que tinha estado namorando Luna até àquela hora, se juntou a eles, começaram a conversar os mais diversos assuntos. Gina ria, vez ou outra, de algum comentário engraçado feito pelos amigos, mas não prestava atenção de verdade, um pouco antes de Rony e Hermione voltarem da reunião de monitores em que estavam e se juntarem a eles, pensou em subir para o seu dormitório, mas a morena convenceu-a a ficar.
No momento que percebeu Harry voltando ao salão, sentiu que ele a observava e juntando todo o orgulho que tinha dentro de si, sustentou o olhar quando os olhos verdes e castanhos se encontraram. Quando ele subiu sem nem ao menos falar com ela, foi como se uma garra apertasse seu coração. Mas não ia demonstrar fraqueza. Procurou participar da conversa durante um tempo, depois daria uma desculpa qualquer e então iria para seu quarto, para provavelmente chorar.
——
Quando entrou na sala da diretora, Harry procurou esconder ao máximo sua frustração. Cumprimentou a todos e foi se juntar a Sirius que estava sentado sozinho próximo à Tonks, já que era noite de lua cheia e logo lhe pôs a par do estado em que se encontravam o senhor e a senhora Weasley, que a princípio e em vista do ocorrido, havia melhorado. Logo teve início a reunião em que os aurores informaram os resultados dos interrogatórios dos comensais capturados no Beco Diagonal. Uma sombra de tristeza passou pelos olhos de Gui ao perguntar:
_ Vocês conseguiram descobrir que comensal matou meu irmão?
_ Sim, Gui. – Kingsley tomou a palavra. – Pelo que conseguimos descobrir o nome dela é Evelis Stranger e é uma espécie de pupila da Belatrix, o seu braço direito. Parece que também foi ela que matou a Trelawney… – os murmúrios dos demais integrantes puderam ser ouvidos. – … e que está responsável pela tortura de Draco.
_ Maldi̤̣o! Рpraguejou o ruivo.
_ O Malfoy está sendo torturado? – Harry perguntou sem perceber. Nunca havia gostado do sonserino, mas acreditava que ninguém merecia tal sorte
_ Voldemort… – muitos na sala ainda estremeciam ao ouvir o nome dito por Moody, mas não reclamavam. – … não costuma deixar passar desapercebido uma traição tão clara de suas ordens. Se tudo que você nos contou após a morte de Dumbledore, foi verdade, e nós temos certeza que foi, Draco está em maus lençóis.
_ Temos como resgatá-lo, Alastor? – a professora McGonagall perguntou aflita, apesar de tudo ele havia sido um de seus alunos.
_ Não acredito que seja assim tão simples, Minerva. Pelo que Severus nos contou, ele está sendo mantido na fortaleza de Voldemort, que é muito bem guardada, inclusive pelo feitiço Fidelius.
_ Então devemos deixá-lo à própria sorte? – a diretora estava pálida. – Merlin, ele é apenas um garoto que foi mal influenciado pelos pais!
_ Pelo que Snape nos informou, ele já está à beira da loucura, talvez não tenha nada que possamos fazer realmente por ele. – Kingsley falou baixo, mas audivelmente.
_ E o que mais os aurores conseguiram descobrir? – perguntou Harry.
_ Algumas coisas nós já tínhamos suspeitado: o ataque ao Beco foi uma retaliação pela busca feita na Travessa do Tranco. E Severus nos deu uma boa notícia, além das outras informações.
_ Qual? – perguntou Harry cético.
_ A de que Você-Sabe-Quem não faz idéia de que estamos atrás das horcruxes. – Tonks falou com um pequeno sorriso.
_ E isso nos leva até o outro assunto da reunião: a localização da horcrux escondida aqui na escola. – Harry sentiu seu sangue gelar e perguntou:
_ Conseguiram confirmar, então?
_ Mais ou menos, Potter. – o professor Flitwich respondeu. – Mas os indícios são cada vez maiores. Eu e o senhor Lupin, fomos até lá e verificamos que o desabamento era verdadeiro, então quando conseguimos remover todos os escombros, percorremos o túnel verificando qualquer tipo de magia que pudesse ser encontrada. Depois de cerca de trezentos metros havia uma pequena reentrância na parede de pedra, quase imperceptível, onde os níveis de magia eram bastante elevados e que escondia uma passagem para um túnel muito apertado, onde somente eu consegui entrar. O espaço é reduzido e uma pessoa adulta não conseguiria fazê-lo.
_ Mas uma criança conseguiria… – não era uma pergunta de Harry, era uma afirmação.
_ Sim, principalmente uma menina pequena como a senhorita Weasley.
Sentindo como se o ar ao seu redor não estivesse conseguindo penetrar em seus pulmões, Harry respirou fundo e com dificuldade. Engoliu o bolo que estava em sua garganta impedindo-o de falar e com os punhos cerrados de raiva por ter suas preocupações confirmadas, perguntou:
_ Quando o senhor irá retornar ao túnel?
_ Eu não acho seguro ir sozinho, não sabemos ao certo que tipos de feitiços foram lançados ali. Mas não vejo ninguém que consiga passar por um lugar tão apertado.
_ Eu vou. – disse o “Eleito”. – Ser magro deve servir para alguma coisa.
_ Nem pensar, Harry! – Sirius falava ríspido.
_ Não… – Harry ia iniciar uma discussão com o padrinho, mas foi interrompido pelo professor de feitiços.
_ Não será possível, senhor Potter. Mesmo sendo magro como diz, ainda é grande demais para passar por lá.
_ Inferno Sangrento! – Harry apoiou as mãos na cabeça, desconsolado, antes de ouvir a voz da diretora lhe chamando a atenção.
_ Harry!
_ Desculpa, diretora. É que nós temos que conseguir logo e…
_ Eu vou!
Todos os rostos da sala se viraram para admirar Sirius Black que falava de uma forma decidida, se levantando e se aproximando do professor que estava perto da mesa da diretora.
_ Mas o senhor é ainda maior que o Potter… – o pequenino professor parou a frase ao ver o homem se transformar em um cachorro negro à sua frente. – Surpreendentemente perfeito!
_ Então está resolvido. – falou Sirius deixando sua forma de cão. – Em forma de cão eu posso passar pelo túnel e posso assim, ajudar o professor.
Os membros da Ordem começaram imediatamente a traçar estratégias e preparar o apoio para a missão, quando Harry se aproximou de Sirius com um semblante carregado, puxando para um canto mais discreto.
_ Eu quero participar.
_ Mas não vai.
_ Mas…
_ Sem mas, Harry. Você já tem muito com que se preocupar, e além disso anda muito tenso, poderia acabar fazendo alguma besteira…
_ O quê?
_ Olha, a sua obrigação é se preparar para enfrentar Voldemort. Fique tranqüilo que a gente sabe o que está fazendo. – deu um abraço em seu afilhado. – Agora vai pra sala comunal e aproveita para namorar um pouquinho, que quando voltar eu te conto exatamente tudo que aconteceu. Ok?
_ Mas…
_ Agora, Harry. Vai relaxar um pouco, você parece que vai explodir…
Harry ia responder ao padrinho onde ele podia enfiar toda a tranqüilidade que desejasse, mas foi interrompido por Olho-Tonto que dava por encerrada a reunião, marcando outra para assim que conseguissem outra informação ou mesmo quando conseguissem apanhar a horcrux. Sirius logo foi chamado para se inteirar das medidas a serem tomadas e dos detalhes descobertos no túnel e Harry voltou para a Torre da Grifinória.
Quando entrou no salão comunal, os olhos verdes avistaram imediatamente Gina conversando animada com Neville, Colin, Rony, Hermione e para seu desprazer, Dino, que estava ao lado da ruiva e a olhava embevecido. Ela disse que ia encontrar o que fazer e conseguiu. Sentia tanta raiva de si mesmo por estar fazendo com que ela se afastasse dele. Sentiu seu mostro rugir e querer atacar o colega de dormitório quando ela riu de algo que ele falou. Sentiu-se ainda pior quando ela percebeu sua presença e fixou seus olhos nos dele desafiando-o a reclamar. Lutando contra suas emoções subiu rapidamente para o dormitório, com o intuito de por um fim naquele dia extenuante.
——-
Harry havia subido para o dormitório e estava deitado, não sabia bem há quanto tempo. Só tinha consciência das palavras de Sirius dizendo que ele estava tenso. Tenso, é claro que estava tenso. Ele tinha um bruxo poderoso e maligno querendo matá-lo desde sempre, seu mentor fora assassinado na sua frente e ele só pôde assistir. Como se isso não bastasse, sua namorada havia sido usada por esse mesmo bruxo maligno para esconder um dos pedaços de sua alma, e ele não conseguia contar isso a ela o que acabava por afastá-los. Ele bem que gostaria de relaxar um pouco, ficar com Gina, abraçá-la, beijá-la, quem sabe até conseguir por em prática tudo aquilo que seu monstro particular desejava. Só de pensar nela seu coração ficava mais leve, mas em compensação sua tensão aumentava consideravelmente. Pelo menos numa determinada parte de seu corpo que reagia com uma rapidez incrível somente com a possibilidade de tocar naquela pele macia, de aventurar a possibilidade de senti-la por inteiro. Testrálios Sangrentos! Ele precisava estar com ela, e que todas as outras pessoas fossem… beijar um dementador, ele não se importava.
Harry levantou-se, pegou sua capa de invisibilidade e sua varinha, nunca sabia quando poderiam ser úteis. A sua intenção principal era contar tudo que estava acontecendo, mas sabendo que talvez não conseguisse refrear suas vontades, bebeu a poção roxa que tinha aprendido na aula de poções e desceu as escadas em direção ao salão comunal onde a encontrou do mesmo jeito que deixara quando subiu para deitar: conversando com Neville, Colin e Dino, próximos a Rony e Hermione, que agora estavam mais preocupados em saber quanta saliva poderia ser trocada em um beijo. Aproximou-se e puxou-a pela mão, para que se levantasse.
_ Vem.
_ Pra onde? – ela fitou-o curiosa.
_ Vamos sair daqui. – completou sussurrando em seu ouvido. – Preciso de você.
_ Onde voc̻s ṿo a essa hora, posso saber? РRony perguntou antes que se afastassem.
_ Não, não pode. E se tentar me impedir, eu juro que azaro você! – Harry falou com uma expressão dura que o ruivo retribuiu com a mesma intensidade.
_ Deixa, Ron. – Hermione segurou o braço do namorado impedindo-o de fazer alguma besteira.
Harry e Gina saíram pelos corredores meio apressados. Ela sendo conduzida pelo namorado que ainda não dissera nenhuma palavra desde que desafiara o cunhado. Aproximaram-se da Sala Precisa e a ruiva aguardou enquanto o via andando de um lado para o outro até que a porta mágica enfim aparecesse.
Quando entraram Gina não pôde evitar engolir em seco. Sentiu seus olhos arregalarem levemente e sua face com certeza estava mais rosada. O cômodo se encontrava na penumbra graças às inúmeras velas acesas, o chão estava recoberto de pétalas vermelhas, iguais as que ele conjurara durante o aniversário e no meio do quarto uma enorme cama de dossel.
_ Ha… Harry!
_ Gina. – ele tomou-a nos braços beijando-a com ardor. – Merlin, eu te desejo tanto…
—–
Quando Gina abriu os olhos, a primeira coisa que viu foram duas esmeraldas muito próximas a si. Fechou os olhos e espreguiçou-se, lânguida, as memórias do que tinha acontecido algumas horas antes bastante frescas em sua mente e em seu corpo.
_ Você sabe o quanto fica linda dormindo?
_ Pro seu governo, Potter, eu não fico linda. Eu SOU linda! – ele puxou-a para mais perto, seus corpos colados, fazendo a paixão recomeçar a fluir.
Gina passava delicadamente a mão pela pele macia do rosto do rapaz, fazendo-o fechar os olhos, deliciado. Contornou os traços dos lábios com a ponta dos dedos, sentindo todo amor que reinava no ambiente e que emanava justamente de onde estavam. Sabia que tinham muitas coisas a resolver, principalmente o motivo dele ter estado evitando-a por mais de uma semana e de repente tudo ter escapado do controle.
Não tinha do que reclamar, fora magnífico, desde o momento em que entrara por aquela porta, até agora, onde se encontrava deitada ao lado de Harry, ainda sentindo os efeitos daquele momento mágico, mesmo após algumas horas de sono.
_ Já deve ser tarde. – era apenas uma constatação.
_ Depende do referencial. – ele a trouxe para mais perto fazendo com que apoiasse a cabeça em seu peito. – É cedo demais para irmos tomar café, por exemplo.
_ Ah, ̩? Рela sorriu ao perguntar.
_ É. Mas sabe hora do que é? – Harry perguntou com uma expressão marota.
_ Não sei, me diga.
_ Hora de fazer isso… e isso… e talvez, isso… – o moreno beijou seu rosto, depois sua boca e por fim começou a beijar seu pescoço e seu colo, fazendo-a arfar.
No instante seguinte deram vazão a nova onda de desejo em que mergulharam, fazendo novas descobertas sobre si mesmos e sobre o significado da palavra amor. Depois de um longo tempo, num momento em que apenas olhavam um ao outro, num entendimento mútuo, Gina achou que era hora de conseguir algumas respostas.
_ Agora você vai me contar o que está acontecendo, não vai?
_ Vou. – Harry enrolou algumas mechas vermelhas que estavam caídas sobre o travesseiro em seus dedos e completou. – Acharam outra horcrux.
_ Essa deveria ser uma boa notícia, então porque você está com essa cara?
_ É que ela foi escondida aqui em Hogwarts. – ele olhava para ela entristecido.
_ Sério? Mas como Voldemort conseguiu esconder aqui? Quem… espere…– Gina sentou-se na cama quando um raio de compreensão atravessou sua mente. Ele não queria lhe dizer porque devia estar lhe protegendo. – Fui eu? É isso que você está me escondendo? Que fui eu que escondi a horcrux quando estava sob o domínio de Tom Riddle?
_ É. – o moreno também sentou, encostando-se na cabeceira da cama.
_ E quando você pensou em me contar? – o rosto da ruiva começava a ganhar uma tonalidade avermelhada, fruto da raiva.
_ Eu ia contar semana passada depois dos NOM’s, mas com a morte do Percy… – ela olhou dentro dos olhos verdes e viu a sinceridade das palavras dele.
- Merlin! – jogou-se novamente na cama, afundando o rosto no travesseiro. – O que mais eu devo ter feito?
_ Gi… – ele acariciava gentilmente as costas da ruiva. – Não fica assim…
_ Como não, Harry? Daqui a pouco eu descubro que matei alguém!
_ O que é isso, Gina. É claro que você não matou ninguém.
_ Como você pode ter certeza? Eu estrangulei animais, abri a câmara secreta, libertei um basilisco, escondi uma horcrux… – ela virou a cabeça para olhar o namorado. – Eu não lembro de nada, Harry. Posso ter feito de tudo: matado, roubado… Se me dissessem que eu tinha dormido com o time de quadribol da Sonserina, eu não ia poder negar!
_ Bom, realmente o restante eu não posso afirmar. – Harry falava com um pequeno sorriso nos lábios. – Mas quanto a ter dormido com o time da Sonserina, você pode ter certeza que isso não aconteceu!
_ Harry! Eu estou falando sério.
_ Eu também. – ele se acomodou ao seu lado e beijou-a. – Olha, não adianta nada você ficar assim por algo que você não teve culpa.
_ As vezes eu tenho tanto medo.
_ Eu também, meu amor. Mas é isso que Tom Riddle quer. Que a gente tenha tanto medo, que fiquemos tão inseguros, que possamos ser dominados com facilidade.
_ Me beija? – ele aconchegou-a em seus braços, dando-lhe um beijo terno.
Ficaram alguns minutos em silêncio analisando a conversa que tiveram, até que Gina resolveu retomá-la.
_ Já conseguiram pegar?
_ Não sei. Eu queria ir, mas não pude.
_ Por quê?
_ Por que eu queria ir, ou por que eu não pude?
_ Os dois.
_ Eu queria ir porque ainda acho que isso tudo é meio que minha responsabilidade. – ele deitou-se olhando para o teto. – E não pude ir porque Sirius não deixou e também porque eu era muito grande.
_ Muito grande?
_ É. Parece que o túnel onde esconderam… – Gina resmungou audivelmente. – … onde você escondeu a horcrux é muito pequeno e apertado, só o Flitwich conseguiu passar e o Sirius vai tentar acompanhá-lo em forma de cachorro.
_ E eu consegui porque era pequena. – era uma afirmação.
_ Isso mesmo.
_ Eles vão te avisar assim que conseguirem algo?
_ O Sirius me garantiu que sim.
_ E você vai me contar?
_ Nunca mais eu quero esconder nada de você. – Harry voltou-se novamente para ela. – Você não tem idéia do que a minha consciência me massacrou nestes últimos dias.
_ Eu estava começando a achar que você não gostava mais de mim. – ele deu um grande sorriso. – Não ria. Você não me beijava, não me tocava, nem queria ficar sozinho comigo. Comecei a pensar que você queria terminar, mas não sabia como.
_ Bom, pelo menos agora você entendeu a minha aflição. – a ruiva olhou-o intrigada. – Olha o que acabou acontecendo quando finalmente eu toquei em você. Não consegui me segurar. E isso foi só porque eu finalmente decidi contar tudo para você.
_ Quer dizer que na verdade você me trouxe aqui para contar sobre a horcrux? – ele confirmou, o rosto começando a corar. – Então a sala entendeu errado?
_ Acho que ela entendeu exatamente quais eram as minhas prioridades!
_ Com certeza! – ela riu deliciada, sentindo sua alma leve.
——
Rony resolveu levantar de uma vez. Tivera um sono agitado, em parte pela demora de Harry em voltar para o salão comunal. Sabia que o amigo amava verdadeiramente sua irmã, mas isso não impedia que ele tivesse alguns pensamentos homicidas cada vez que imaginava o que os dois poderiam estar fazendo sozinhos, pelo castelo vazio. Tinha pensado em verificar o paradeiro de sua irmã e o amigo, no mapa do maroto, mas tinha prometido à Hermione que não ia interferir. Cumprira a promessa, mas isso não aliviava seu tormento de irmão mais velho.
Abriu o cortinado e ficou aliviado ao notar que Harry se encontrava sentado na cama, colocando a camisa. Ele devia ter chegado enquanto estivera dormindo e ele não percebera. Mas o sentimento de alívio fugiu, assim como a cor das suas faces, quando percebeu que o moreno não estava colocando a roupa e sim tirando, para em seguida se deitar. Ele havia acabado de chegar. E pelo ar avoado e o sorriso estampado nos lábios, Rony tinha uma boa idéia do que poderia ter acontecido. Tentou se controlar, mas as palavras saíram da sua boca mesmo antes dele perceber.
_ Onde vocês estavam?
Harry sentou-se na cama imediatamente e olhou o cunhado. Não ia esconder nada dele, mas também, contaria somente o necessário. Sentindo um pequeno constrangimento, que provavelmente estava deixando-o corado, respondeu após lançar um “mufliato” no quarto.
_ Eu contei toda a história pra ela. – Rony percebeu que havia mais coisa, mas resolveu se acalmar e ir aos poucos.
_ E ela, como reagiu?
_ Ficou chateada, à principio. Mas depois mostrou a garra de sempre.
_ Ótimo. – o ruivo observou o amigo por alguns instantes e depois perguntou:
_ Harry, ontem vocês…
_ Rony. Eu amo a sua irmã. – Harry interrompeu. – Não faria nada que pudesse magoá-la.
_ Eu sei. – ele olhava diretamente o moreno. – Sei também que ela te ama e que só faz aquilo que realmente quer. Eu só quero saber, bem… Só quero saber se no próximo treinamento de legilimência eu vou preferir fazer dupla com a Hermione, ou ainda pode ser com você?
Harry olhou o amigo e sentiu que este era verdadeiramente o irmão que nunca tivera. Sabia o quanto devia estar custando para Rony tomar aquela atitude compreensiva ao invés da costumeira super proteção. Procurou responder com o máximo de sinceridade que o ruivo merecia.
_ Acho que talvez você prefira treinar com a Hermione. – Rony abaixou o olhar e ponderou as implicações dessa afirmação por alguns segundos.
_ Certo. Eu só quero pedir uma coisa: cuida bem dela, ok?
_ Pode deixar, Rony. Eu vou cuidar.

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