quinta-feira, 25 de outubro de 2012

1. Depois do Funeral



E agora? O que faço agora? Hermione sabia que, mais dia, menos dia, ia junto com Rony, enfrentar Voldemort e seus seguidores ao lado de Harry. Mas era uma certeza tão distante que agora, que a hora havia chegado, ela estava com medo. Também quem não estava com medo? Dumbledore estava morto! Se eles conseguiram matar Dumbledore, o que não fariam com ela?
_ Mione? – Rony chamou baixinho, junto ao ouvido da amiga, que estava chorando em seu ombro. – Vai ficar tudo bem. Fique calma. Eu estou com você.
Hermione aos poucos foi se acalmando novamente ao ouvir a voz suave de Rony. Uma voz que conseguia lhe transmitir segurança e paz, mesmo no meio daqueles momentos desesperadores. Ela estivera tão calma ao falar com Harry e depois pareceu que o mundo desabara sobre sua cabeça.
_ Rony você acha que nós vamos conseguir ajudar o Harry realmente? Eu estou com medo. Não sei se vou conseguir ser tão corajosa quanto você ou ele.
Rony aconchegou-a mais em seus braços e depois de beijar-lhe a testa disse baixinho: – Nós vamos tentar ajudá-lo, e quanto à coragem, bem…acho que todos nós precisaremos ter ao menos um pouco agora.
Hermione suspirou, tentando apreender melhor as palavras sussurradas pelo amigo. Tinha medo de perdê-lo. Ela compreendia claramente seus sentimentos agora. Talvez pela incerteza do amanhã, seu amor por Rony ficara escancarado em sua mente e em seu coração. Ela o amava, não só como amigo, mas principalmente como homem. Desde a noite em que Hogwarts fora atacada que não tentava mais esconder seus sentimentos e achava que não tinha mais capacidade de fazê-lo pois sabia que poderia não ter tempo depois para mostrá-los.
_ Eu não sei o que vou fazer quando voltar a Londres. Tenho medo de ficar sozinha, meus pais estão viajando a trabalho e me avisaram que só irão retornar daqui a dez dias. Não sei o que faço agora.
_ Calma, eu já não falei que estou com você? Nós vamos dar um jeito nisso. Vou falar com meus pais para você ficar lá em casa, eles não devem se importar. Eu não vou deixar você sozinha, Mione. Nunca! – falava olhando diretamente nos olhos castanhos da garota em seus braços. Ele também não tentava mais esconder seus sentimentos.
_ Rony. – a voz de Gina estava trêmula, como se ela fizesse um grande esforço para não chorar. – Vamos, o papai está nos chamando.
_ Pode ir. Eu vou terminar de arrumar minhas coisas. – disse Hermione se afastando dos dois irmãos e caminhando em direção ao salão comunal. Não que realmente precisasse arrumar alguma coisa. Não. Já estava tudo arrumado. Mas ela queria dar uma última olhada em tudo antes de partir. Se o plano de Harry se concretizasse eles não voltariam em setembro. Talvez nunca visse aqueles quadros, aquelas salas, os fantasmas, sua poltrona preferida perto da lareira…
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Ele tinha que encontrar Harry e Mione, mas onde estavam? Rony procurava pelos amigos para poder dar os recados de seu pai, mas não estava encontrando o amigo lá fora. Hermione provavelmente estava ainda no dormitório. Entrou no castelo e por fim encontrou-o no salão principal olhando para os rubis da Grifinória que estavam de volta à ampulheta já consertada.
_ Harry, eu estava procurando por você. Tenho um aviso de meu pai.
_ Pode dizer.
_ Meu pai irá buscá-lo para o casamento do Gui, mas depois você terá que retornar para a casa dos seus tios, por causa dos feitiços de proteção. Para que você não corra nenhum risco, a Ordem irá buscá-lo, um dia antes do seu aniversário e então nós poderemos partir…
_ Tudo bem, eu vou estar esperando. – Harry deu de ombros assentindo. Não estava querendo se preocupar com detalhes, não agora. Sua cabeça estava ocupada com outras dúvidas no momento. – Rony eu preciso pedir sua ajuda em outra coisa também.
_ O que é? Você sabe que pode contar comigo. – pela cara do amigo, estava esperando ter de enfrentar dez comensais sozinho.
_ Cuida da Gina…pra mim…ela vai precisar.
_ Que é isso cara, você só estará longe por algumas semanas até o casamento do Gui. Ela não vai sofrer tanto assim, vai é fazer Pichí ficar voando pra lá e pra cá, escrevendo pra você. – disse com um sorriso aliviado.
_ Não, ela não vai. Eu terminei com ela, agora a pouco, antes de falar com você e Hermione.
_ VOCÊ FEZ O QUÊ ?!?
_ Ela meio que entendeu, eu não sei. Eu só não quero que ela sofra, e nem que corra perigo ficando comigo. Por isso queria que você desse uma força pra ela. – os olhos verdes involuntariamente se encheram de lágrimas.
_ Entendi. Só uma pergunta. E quem dá uma força pra você? – o ruivo via claramente o sofrimento de Harry ao pronunciar aquelas palavras – Olha, eu não sei se a decisão que você tomou está certa ou não. Mas eu vou tentar ajudar no que puder, tudo bem, apesar de não concordar e de não querer ver minha irmã e meu melhor amigo sofrendo.
_ Obrigado, eu vou pegar meu malão agora, já deve estar na hora de ir para a estação.
_ Eu também vou subir para pegar minhas coisas. Eu ainda tenho que falar com a Mione. Sabe ela vai lá pra Toca, ficar comigo…quer dizer, com a gente, eu e a Gina, e… todos. – as orelhas do ruivo ficavam cada vez mais vermelhas à medida que ia falando.
_ Isso é bom. Pelo menos ela fará companhia pra Gina.
Sem falar mais nenhuma palavra os dois chegaram à torre da Grifinória e pegaram suas coisas para partirem de Hogwarts.
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_ Nunca vi uma coisa igual! – Rony estava impressionado com a situação daquela viagem. Assim que entraram no trem que os levariam até a estação de King’s Cross, não encontraram nenhum traço da confusão habitual, e sim alunos desanimados e cabisbaixos já acomodados em suas cabines, e corredores vazios. Era realmente diferente.
_ Harry. Eu e Rony vamos para a cabine dos monitores e depois encontramos você, certo? – Hermione falou para um Harry tão calado e cabisbaixo como qualquer outro aluno daquele trem.
O moreno apenas assentiu e depois de percorrer dois vagões de corredores silenciosos e cabines lotadas, encontrou uma vazia, se acomodou e ficou olhando pela janela, tentando organizar sua mente e sua vida. Após alguns minutos a porta da cabine abriu para que Luna entrasse seguida de Neville e uma Gina bem séria.
_ Oi Harry! Nós estávamos mesmo procurando por você, mas a Gina não quis dizer onde você estava, pode?! – disse a loira assim que entrou, sentando em frente ao rapaz.
_ Se você quiser eu vou pra outra cabine. – Gina disse na voz mais segura que conseguiu.
_ Não. Tudo bem. Não precisa sair. Fica. – era um pedido. Harry falou aquilo olhando o chão, praticamente num sussurro. Ela podia até não acreditar, mas ele estava sofrendo muito em ter que deixá-la.
Ela ainda ponderou um pouco, mas não resistiu e acabou sentando ao lado de Luna. Se alguém naquela cabine tinha dúvidas quanto ao que estava acontecendo, essas pareceram ter sido eliminadas, pois até a avoada Luna ficou quieta, constrangida por seu comentário inicial.
Rony e Hermione estavam procurando a cabine de seus amigos, depois da reunião de monitores, conversando sobre o fim do namoro de Harry e Gina.
_ Eu estou com pena dela, Rony. Ela o ama tanto e há tanto tempo…, agora que eles estavam felizes, juntos, ele do nada termina tudo.
_ Ele também está sofrendo. Eu vi quando ele me pediu para tomar conta dela.
_ Acho que ele não conhece a sua irmã! Até parece que ela vai demonstrar alguma fraqueza, ainda mais perto de você que é amigo dele.
_ Também acho. Mas não posso impedi-lo de fazer isso, só ajudar os dois. Foi isso que eu falei pra ele. Olha, eles estão aqui.
_ Nossa que silêncio! – falou vendo o ânimo geral – A comida já passou? Meu estômago está roncando!
_ Você só pensa em comida, Ronald Weasley? – exclamou Hermione.
_ Não. Eu penso em coisas melhores também, mas agora não é hora para elas. – disse olhando diretamente para a morena e piscando, depois de se sentar ao lado de Harry.
Hermione ficou levemente ruborizada e sentou ao lado dele, inacreditavelmente sem achar nenhuma resposta. Como se tivesse sido ensaiado, o carrinho de comida parou no mesmo instante no corredor ao lado da cabine, e Neville e Rony compraram guloseimas para todos. Bom, quase todos, já que Harry e Gina não quiseram nada. Depois de comerem alguns bolos de caldeirão, sapos de chocolate e beberem suco de abóbora, Rony, Mione, Luna e Neville jogaram snap explosivo, mais para tentarem amenizar o ambiente do que realmente para se divertir.
Quando chegaram a Londres viram que a segurança havia sido reforçada, pois o grande número de aurores esperando o desembarque era evidente. Depois de descerem do trem os quatro se despediram dos outros amigos e foram até Lupin e o sr. Weasley que os aguardavam.
_ Ótimo, chegaram em segurança. Harry, Lupin vai acompanhá-lo até sua casa, pelo visto seus tios não receberam o aviso de que teriam que buscá-lo hoje.
_Tá bom. – Harry imaginava que o real motivo dos tios não terem ido a estação, era a esperança que assim ele não voltasse para a rua dos Alfeneiros, mas preferiu não contar ao sr. Weasley. – bem, então tchau! A gente se vê. – deu um abraço rápido em Rony e Hermione e um aperto de mão no sr. Weasley. Tentou olhar para Gina, mas não conseguiu, então se encaminhou para a saída, sendo alcançado em seguida por Lupin, que apesar da curiosidade evidente, não fez nenhuma pergunta naquele momento.
_ Bem, então vamos. Eu consegui um carro emprestado no ministério. Hermione, o Rony já combinou tudo com você? Você conseguiu avisar seus pais?
_ Eu mandei uma coruja pra eles antes de sairmos da escola, e muito obrigada, sr. Weasley, por me deixar ficar com vocês este tempo.
_ Não precisa agradecer. Você é praticamente da família. Todos gostamos muito de você. Agora vamos porque não é seguro ficarmos tanto tempo aqui.
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Quando chegaram na Toca, encontraram um delicioso lanche os esperando e uma sra. Weasley aliviada.
_ Meus queridos, vocês estão bem? – Molly abraçava cada um exageradamente.
_ Mãe! A gente se viu de manhã, não precisa esse desespero todo. – disse o ruivo encabulado.
_ Ronald Weasley, como você tem coragem de dizer isso depois de tudo que passaram nos últimos dias?
_ Desculpa mãe! Eu estava tentando descontrair um pouco. Só isso. – Rony exclamou, subindo rapidamente as escadas para guardar as coisas em seu quarto, sendo seguido por Gina e Hermione.
Depois de instalados os três retornaram à cozinha, lancharam e ficaram conversando um pouco. Quando a sra. Weasley achou que já era hora de dormirem, deu a cada um uma xícara de chá calmante para que pudessem descansar. Sem discutir eles tomaram a bebida e foram para seus quartos, ter o sono relativamente mais tranqüilo dos últimos dias.

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