domingo, 21 de outubro de 2012

1. You Look So Fine


Harry nunca tinha ido a um casamento bruxo antes. Na verdade, não tinha muita familiaridade nem mesmo com os casamentos trouxas. Jamais sequer passou pela cabeça dos Dursley levá-lo a um evento deste tipo. Nunca correriam o risco de deixar o sobrinho em meio a uma festa de gente “decente” e “normal”, na visão deles. De qualquer forma, Harry achava que nunca tinha visto uma festa tão bonita em toda a sua vida. Talvez fosse a inegável felicidade dos noivos. Ou o fato de que todos se esforçavam muito para aquela ser realmente uma ocasião feliz num momento em que tantas coisas ruins estavam acontecendo. Talvez fosse porque aquele seria provavelmente o último momento de real alegria daquelas pessoas antes do acirramento inevitável de uma guerra que há poucas semanas perdera seu principal guerreiro. Harry não sabia, mas tinha certeza que tudo isso contribuíra para tornar a cerimônia emocionante.
Ele observava os casais e grupos de amigos dançando sobre o tablado montado nos jardins da Toca. Estava sentado sozinho em uma das inúmeras mesinhas distribuídas pelo jardim, agora iluminado por globos transparentes que flutuavam etéreos com o brilho azul daquele mesmo tipo de fogo que Hermione costumava conjurar. Sobre a sua mesa, como em todas as outras, havia um arranjo de diferentes tipos de flores brancas, as mesmas que se repetiam em cordões de folhas verdes que se estendiam entre postes de madeira. Embora Harry achasse a decoração um pouco excessiva, não podia negar que ela ficara mais interessante depois que tinha anoitecido, com centenas de fadinhas coloridas e luminosas circulando pelo ar e volta e meia soltando um pozinho de brilho dourado sobre os convidados*.
Tudo realmente bonito, pensou sem animação. Harry bebeu um gole da cerveja amanteigada que tinha nas mãos e lançou outro olhar para a pista de dança. Ele poderia até dizer que a noite estava ótima, exceto pelo fato que estava sendo uma tortura.
Como Dumbledore tinha desejado, para reforçar o feitiço de proteção feito através do sangue de sua mãe, Harry tinha passado as primeiras semanas de férias na Rua dos Alfeneiros. Ficara lá até o dia do seu aniversário de 17 anos aturando os Dursley e com o pensamento fixo em Voldemort, em Snape, nas Horcruxes e em tudo o que ele pretendia e tinha de fazer. Mas isso fora até ontem, quando ele juntara as suas coisas e viera para A Toca, até porque, antes do casamento, os Weasley não o deixariam ir para qualquer outro lugar. Durante todo esse tempo, tinha deixado que a sua outra preocupação fosse apaziguada pelas cartas de Rony.
“Por aqui tudo bem, Harry. Exceto, claro, a quantidade de coisas que estamos tendo de fazer por causa do casamento. Mamãe e Fleur estão se dando bem melhor, mas às vezes acho que as duas vão surtar se as coisas não saírem exatamente como elas querem. A Mione também já está conosco. De resto não se preocupe, a Gina está legal!”
“É… ela realmente parece estar bem”, pensou Harry olhando Gina dançar animada no meio de um grande grupo. “Muito bem!” Recriminou-se imediatamente pela amargura do pensamento. Afinal, não era o que ele queria? Que Gina estivesse bem. Que não sofresse. Que não se tornasse mais um motivo para ele se sentir culpado. Entornou o resto da bebida num único gole. Devia estar feliz por ela parecer tão bem. Por ela o estar tratando como se maio e junho não tivessem existido. Por ela agir como sua amiga que sempre fora. Por estar realmente bem. Bem demais!
Rony deixou o grupo que estava dançando no meio do tablado. É claro que ele mais tinha se sacudido do que dançado propriamente. Mas como Victor Krum tinha vindo à festa, como convidado da noiva, Rony não queria deixar Hermione sozinha nem por um segundo. Harry o tinha visto arrastá-la para fora da pista e Gina os tinha seguido. Depois, as duas tinham entrado n’A Toca dando risadinhas e agora Rony se jogava na cadeira ao lado dele.
– Beleza de festa, hein? – Perguntou Rony meio sem fôlego.
Harry sabia qual o motivo da festa estar tão boa para o amigo. E isso se devia sem dúvida ao fato dele e Hermione terem finalmente começado a namorar**.
– É… – concordou tão sem vontade que achou melhor dar um sorriso cúmplice para que Rony não o interpretasse mal.
Mas Rony não pareceu ter percebido. Sacou a varinha e convocou 4 garrafas de cerveja amanteigada. Entregou uma a ele, pegou outra e deixou as outras duas nos lugares à frente.
– Por que não foi se juntar a gente?
– Eu não sei dançar. Lembra, Rony? – Respondeu com um sorrisinho cínico.
– Eu também não – falou o outro animado – mas é só se balançar e curtir.
– Desculpe Rony, mas acho que eu realmente não estou no clima – disse tentando dar um tom neutro a voz.
Rony tomou um gole de sua garrafa e se debruçou sobre a mesa encarando-o com uma ruga na testa.
– Cara, eu sei que tudo isso tem sido um barra. Ainda mais com o que vem pela frente. Tem sido difícil para todo mundo e eu sei que para você tem sido muito pior. Mas tenta esquecer nem que seja por uma noite. Você merece relaxar um pouco.
Harry levou uns segundos para entender do que Rony estava falando. “Uma barra para todo mundo”? Ah, a guerra! Ele estava falando da guerra.
– É… você tem razão – achou melhor concordar. Era melhor Rony pensar que ele estava longe da festa apenas porque estava preocupado com o seu destino. O que, aliás, devia de ser! Mas, no momento… Bem, ele não ia confessar para o amigo que estava achando a festa uma droga porque sua ex-namorada – com a qual ELE tinha terminado – parecia estar “muito bem”! – Mas não me chama para dançar, ok? – Acrescentou tentando parecer divertido.
Rony riu e pouco depois Hermione e Gina se juntaram aos dois na mesa. Estavam alegres, suadas e chegaram reclamando estarem morrendo de sede. Hermione se sentou ao lado de Rony, enlaçou os dedos nos dele e deu um selinho, agradecendo por ele estar esperando por elas com as bebidas.
– Quem diria que os amigos da Tonks tocariam tão bem, não é? – Disse Gina abrindo a sua garrafa.
– É mesmo – concordou Mione – mas o melhor da festa tem sido ver ela obrigar o Prof. Lupin a dançar.
Rony, Gina e Hermione desataram a rir e Harry os acompanhou.
– Você não quis ir dançar com a gente, Harry? – Perguntou Gina displicente.
Harry estreitou os olhos tentando ver algo a mais na frase, mas para a sua decepção não parecia ter.
– Não estava a fim – respondeu tentando sinceramente não parecer rude.
– Que pena. – Disse a garota com um sorriso e, em seguida, se virou para Hermione e puxou outro assunto. Algo sobre os vestidos das francesas e seu gosto esquisito de usar peles de animais falsas. As duas não paravam de rir.
Harry sentia seu mau humor aumentar na mesma proporção que a culpa por estar tão bravo. Era ótimo que ela estivesse bem. Que não estivesse sofrendo. Que não estivesse dando a mínima para o fato deles terem terminado! ERA TUDO O QUE ELE QUERIA, gritava uma vozinha grosseira dentro da sua cabeça!
Um garoto alto se aproximou da mesa e convidou Gina para dançar. Pelo sotaque era, provavelmente, um dos convidados da noiva. Harry não precisou apurar o ouvido para perceber que tocava uma música lenta. Achou que naquele instante entre o pedido e a resposta dela, se ele apertasse um pouquinho mais a garrafa em sua mão, ela provavelmente quebraria. Para piorar podia sentir os olhares de Rony e Mione queimando em cima dele. Gina não pareceu notar e respondeu com muita naturalidade.
– Ah, obrigada Gilles, mas eu ainda não me recuperei da última rodada. Quem sabe mais tarde? – Falou dirigindo ao rapaz um sorriso encantador. – Não quer se sentar conosco? – Harry arregalou os olhos. – Você não conhece os nossos amigos, não? Estes são Hermione Granger e Harry Potter.
O rapaz os cumprimentou, muito educado, mas algo o fez declinar do convite de se juntar a eles e se afastar. Harry tinha a impressão de que o motivo fora o seu olhar francamente homicida.
– Que cara folgado! – Comentou Rony. – Qual é a dele de vir aqui? Não sabe que a Gina está com voc… – Se calou diante de um cutucão nada discreto de Hermione.
– A Gina não está comigo Rony! – Antes da noite começar, Harry teria esperado que a frase saísse triste, mas agora ela saía num tom meio raivoso, meio indignado e ele olhou imediatamente para Gina para ver como ela iria reagir.
A garota, no entanto, mantinha a mesma expressão calma, embora ele jurasse ter visto seus olhos turvarem por um momento, mas foi muito rápido.
– Não seja idiota, Rony! O garoto meramente me convidou para dançar. Isso aqui é uma festa, lembra. As pessoas costumam fazer isso em festas. – Levantou sorrindo – Vou lá dentro ver se mamãe precisa que eu faça alguma coisa. Já volto.
Harry a acompanhou com os olhos até ela sumir na porta da Toca. Parecia que ele realmente não a afetava mais, pensou infeliz. Talvez ela tivesse se desiludido depois dele ter terminado com ela. Talvez ela tivesse decidido esquecê-lo de vez e tivesse finalmente conseguido. Entornou outro gole da bebida. Seria bom se ela tivesse guardado a fórmula que tinha usado para isso. Ele ia pedir emprestado.
– Rony! – Hermione ralhou com o namorado. – Será que você não pode se controlar?
Rony pareceu se dar conta e não começou a discutir com Mione, pelo contrário, tinha o rosto vermelho e extremamente constrangido.
– Poxa, foi mal cara! Eu não quis…
– Deixa pra lá, Rony. Você não quis falar por mal. O garoto não quis convidar a Gina por mal. Está tudo certo. Tudo absolutamente…
Mas o que estava tudo absolutamente ele não chegou a dizer porque naquele instante Lupin chegou a mesa deles. Tinha um rosto cansado, mas com uma expressão entre divertida e constrangida e secava o abundante suor, conseguido na pista de dança, com um lenço.
– Olá garotos! Se divertindo?
Os três o cumprimentaram e Harry buscando desesperadamente mudar de assunto, agradeceu a providencial intromissão do amigo.
– Muito – falou num sorriso esforçado – mas não tanto quando o senhor. Bela performance, professor.
– Um comentário sobre isso e eu azaro vocês três – respondeu Lupin rindo com eles e lhes apontando o lenço. – Hã… Harry, posso falar com você um instante? À sós?
Harry consultou instintivamente Rony e Mione, que deram de ombros e se levantou para seguir Lupin até um lugar mais afastado da festa. Quando o burburinho pareceu um pouco mais distante o ex-professor voltou-se para ele.
– Harry, nos ainda não tivemos chance de conversar depois do que aconteceu em junho.
O garoto o encarou com tal seriedade no olhar, que naquele momento pareceu ser bem mais velho do que os seus dezessete anos recém feitos.
– Acha que agora é o momento para conversarmos, professor? No meio de uma festa?
– Pelo que pude descobrir parece que é o único momento que terei – respondeu Lupin calmamente. – Afinal, seus planos não incluem permanecer muito tempo aqui, não é?
– Como…? – Harry não tinha discutido isso com mais ninguém a não ser Rony e Hermio…
– Não fique bravo, Harry! Hermione só me falou quando contamos a ela que Hogwarts vai reabrir e ainda assim, me fez prometer que não ia tentar impedi-lo de nada. O que eu realmente não pretendo.
Harry demorou alguns segundos para assimilar as novas informações.
– Nem poderia, sou maior de idade agora. – A voz dele saía calma e segura. Era incrível como aprendera a lidar com isso sem se descontrolar. Era como se o descontrole tivesse se gastado e ele não tivesse mais forças para continuar berrando e lutando contra aquilo. Gostaria que fosse assim com outros assuntos também. – O que ela lhe contou exatamente?
– Não muito, apenas que vocês pretendiam começar uma viagem que seria muito importante para a destruição de Voldemort.
– E é. – Completou Harry com a mesma postura séria e firme. Os dois ficaram em silencio por alguns instantes. – Hogwarts vai reabrir, então?
– Vai – confirmou Lupin. – O Ministro acha que seria terrível fechar a escola, que aumentaria o pânico. O Ministério pretende aumentar de forma substancial a segurança de Hogwarts a partir de agora.
Harry fez um breve aceno com a cabeça, seus olhos fugindo em direção à festa e à mesa onde Rony e Hermione, novamente com a companhia de Gina, estavam sentados. Não estava concordando, apenas entendendo.
– Você tem que voltar, Harry!
Ele se voltou para encarar o amigo.
– Eu não vou voltar, Remo! – Afirmou categórico usando o primeiro nome do amigo pela primeira vez. – Eu não posso ficar em Hogwarts quieto, enquanto tudo isso acontece aqui fora!
Lupin deu um suspiro longo e as rugas precoces do seu rosto pareceram ainda mais pronunciadas com aquelas luzes distantes.
– Harry… – começou Lupin com o mesmo tom calmo. – Eu sei que você tem um papel decisivo nesta guerra… Não é uma conclusão difícil de chegar. Você está metido nisso desde o início e, acredite, nada pesa mais no meu coração do que saber que no fim, também vai ser você que vai estar lá. E acho que agora que é maior de idade e que sabe coisas que provavelmente somente você e Dumbledore sabiam – o estômago de Harry revirou desconfortavelmente ao ouvir o nome do diretor – você deve receber o apoio total da Ordem para tudo o que necessitar.
– Obrigado – respondeu Harry baixinho.
– Mas como amigo de seus pais e do seu padrinho, como alguém que lhe quer tão bem quanto a um filho e como um bruxo que quer ver Voldemort derrotado de uma vez por todas, eu tenho que insistir: Você tem de voltar para Hogwarts! Tem de terminar sua educação! Qualquer vantagem que tenha sobre Voldemort agora ou depois vai depender igualmente do bruxo que você for.
– Dumbledore era o maior bruxo do mundo e isso não adiantou, não é? – Falou num tom tão cínico e amargo que sentiu a garganta queimar.
Lupin baixou os olhos por um instante.
– Harry, ele sabia, como você sabe, como eu sei, que é você que tem que ficar vivo para terminar isso. Ele acreditava no seu potencial mais do qualquer coisa, mais do que qualquer um. Seja o que for que o tenha colocado onde você está, só o colocou porque é você quem tem que estar aí. É você quem pode. Mais ninguém. Além disso, não deve desistir do seu sonho de ser Auror e para isso você vai precisar dos N.I.E.M.S.
– Se eu ficar vivo para isso… – retorquiu ainda mais amargo.
– Se ficar… e você vai ficar, é meu compromisso com seus pais e com Sirius que você não se arrependa de ter perdido esta oportunidade.
Harry tinha certeza de que Lupin, que lhe sorria pacientemente, não sabia da profecia, mas depois de tudo o que ele tinha dito, as palavras da Profa. Trelawney, que ele havia ouvido na penseira, ecoaram com tal força em sua cabeça que poderia jurar que elas tinham sido ditas em seu ouvido. “Aquele que terá o poder de vencer o Lorde das Trevas…” Durante muito tempo, ele apenas se fixara no fim da profecia, que falava que um dos dois ia morrer. Mas a resposta estava ali, clara, na própria profecia. Ele podia não saber qual exatamente como utilizaria esse poder, a capacidade de amar, como sugerira Dumbledore, mas de qualquer forma, ele tinha esse poder. E só ele tinha a chave para usá-lo, qualquer que fosse ela. Ele realmente poderia vencer. E ele poderia não morrer fazendo isso.
– Entendo o que diz, professor – recomeçou num tom mais calmo. – Mas tenho coisas para fazer fora da escola, coisas que a escola pode atrapalhar.
– Hogwarts atrapalhar, Harry? Não! Se alguma coisa pode ajudá-lo em sua missão é a escola, seus professores, seus estudos, sua biblioteca… – ele deu um olhar sugestivo. – Você vai estar sob o olhar de Minerva, vai estar seguro para pesquisar e planejar. Somente Hogwarts pode lhe dar esta estrutura Harry! Além do mais, terá contato permanente com a Ordem, vamos ajudá-lo no que precisar. Se precisar sair, terá permissão e terá auxílio. Você não está sozinho, garoto!
Harry reconhecia que tudo o que o amigo dizia fazia sentido, mas ainda não estava convencido.
– Mas e… e tudo o que vem acontecendo?
– Harry, nós adultos podemos ser um pouco trapalhões e errarmos feio muitas vezes, mas não somos completamente incompetentes – completou a frase com um sorriso. – Além do mais – ele jogou o corpo para trás analisando-o – não vai adiantar nada se você se machucar antes da hora de estar frente a frente com Voldemort, vai? Digo, antes da hora em que puder realmente derrotá-lo.
Harry tinha a impressão de que Hermione devia ter contado um pouco mais do que o professor estava admitindo, mas não sentiu raiva. O que Lupin falava fazia sentido. Mesmo que uma parte de sua cabeça negasse, instintivamente ele começava a afagar a idéia de voltar para a escola. Não era exatamente um pensamento feliz, não depois de tudo o que tinha acontecido, mas ainda assim, voltar para Hogwarts era sempre como voltar para casa. Além disso, ele ainda teria um mês, poderia ir até Godric’s Hollow antes disso.
– E outra coisa – a voz de Remo o despertou de seu devaneio – acho que deve voltar a estudar Oclumência também.
– Por quê? – A simples menção lhe dava náuseas. – Nunca demonstrei muita aptidão para isso mesmo.
– Bem, eu diria que você tem de voltar a estudar isso por diversos motivos. Ter a vantagem num duelo, por exemplo, do adversário não saber que feitiço você vai lançar. E também não acho que não tenha aptidão… isso pode ser bem relativo. Pelo que me contou no Natal passado, você conseguiu bloquear Snape uma vez. – De novo a contração desconfortável no estômago. – E, num ano em que estava sob menor pressão você conseguiu resistir a Maldição Imperius, não são coisas muito diferentes.
– Eu sei, ELE me disse – falou entre os dentes, pensando no que Snape lhe dissera em sua primeira malfadada aula de Oclumência.
– Além do mais – recomeçou Lupin – acho que na época uma parte de você queria realmente entender aqueles sonhos… Não o estou recriminando por isso, Harry. Seria anormal se você não ficasse curioso e uma parte do seu cérebro, provavelmente, a mesma que nunca confiou em Severo, quisesse ir até o fim. Mas agora… acho que você é que tem algo a esconder. E seria realmente bom se você tivesse isso como foco no seu aprendizado…
Harry o encarou atentamente.
– Eu não… – mas Lupin não o olhava, seus olhos estavam fixos na festa, mais exatamente em uma mesa em que estavam sentadas as três pessoas mais importantes da vida de Harry naquele momento.
– Eu vi você e Gina juntos depois da morte de Dumbledore – comentou Lupin com seriedade. – Artur e Molly ficaram realmente satisfeitos, sabe? E pelo jeito que ficou longe e olhou para ela hoje, deu para perceber que… bem, vocês estão separados, mas que também não é exatamente isso que você realmente quer, é? – Harry baixou a cabeça e negou levemente sem encarar o amigo. – O que posso lhe dizer Harry, é que ficar longe dela não vai adiantar nada se Voldemort puder alcançá-la dentro de você.
O estômago de Harry deu um enorme solavanco como se ele tivesse engolido algo muito pesado. Ele não poderia descrever o pânico que as palavras de Lupin realmente causaram nele. A imagem de Snape e Draco, ambos sabendo do seu envolvimento com Gina, ao lado de Voldemort, voltou a assombrá-lo, como havia sido em todo o mês que se passara desde o início das férias escolares, com mais força que nunca.
– Isso não… – a voz saiu baixa e desesperada – tudo menos isso… Ele não pode… de jeito nenhum…
– Tem razão – Lupin continuou. – O melhor é que ele pense que não passou de um namorico à toa. Mas se ele acessar seus pensamentos… convenhamos Harry, você não está sendo muito hábil em disfarçar o que sente, está?
– Quando e quem vai me ensinar? – A voz dele tinha urgência.
– Em Hogwarts. Vários membros da Ordem se dispuseram a ajudá-lo a treinar… e não apenas Oclumência. Vamos nos revezar e…
– Mas e antes? O que eu vou fazer antes disso?
– Você sabe a teoria, Harry – a voz de Lupin era encorajadora quando ele colocou a mão sobre o seu ombro. – Você é um bruxo muito hábil quando realmente quer, quando tem um foco – o olhar dele novamente se desviou para a mesa onde Gina estava. – Vai descobrir que isso pode ser muito incentivador… Então? Vai voltar para a escola?
Ele não podia negar que agora tinha mais motivos para voltar do que para não voltar.
– Vou. Vou sim.
Lupin deu um sorriso satisfeito e o convidou para voltarem à festa. Mesmo com tudo o que tinha acontecido, uma leve euforia foi tomando conta de Harry. Ele ia voltar para Hogwarts com Rony, Hermione e Gina. Se dedicaria de corpo e alma a conseguir todas as armas que pudesse contra Voldemort e iria destruí-lo, pedaço por pedaço de sua alma maldita. Sentou com os amigos e contou uma boa parte da conversa com Lupin, embora não a última. E pode, pelo resto da noite, aproveitar simplesmente o fato de estar com eles. Escondeu num lugar bem fundo de sua mente o ressentimento por ela parecer não ligar para o fim do namoro no momento em que seus olhos se cruzaram e ele confirmou que voltaria para a escola. Passou o resto da festa aproveitando o fato de que Gina não parava de sorrir ficando ainda mais bonita

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